Por quê? (302) – De volta à realidade brasileira
Cláudio
Amaral
Jamais fiquei fora de casa
por tanto tempo. Nunca aproveitei tão bem uma viagem como esta que fizemos,
minha Sueli e eu, tanto a nível nacional quanto internacional. Até porque
Ashburn é uma localidade planejada, muito bem arborizada, bem administrada e
está numa região – London County – das mais agradáveis dos EUA e do mundo.
Saimos de casa, na Aclimação,
São Paulo, Brasil, na noite de sete de maio de 2012. E chegamos aos Estados
Unidos na manhã do dia seguinte. No Aeroporto Internacional de Washington
(Washington Dulles, que tem esse
nome em homenagem ao ex-secretário de Estado John Foster Dulles – 1888/1959), fomos recebidos por Márcio Gouvêa e pela
pequena Beatriz, que nos levaram para Ashburn Village, no mesmo Estado da
Virgínia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia), onde estamos até hoje na companhia também da filha
Cláudia e o pequeno Murilo.
A região nós já conheciamos
porque aqui estivemos por 58 dias em 2011, de 19 de setembro a 16 de novembro.
Desconheciamos,
porém, a disciplina do povo da Virgínia. Em geral, as pessoas se cumprimentam
sempre que se cruzam em público e não jogam lixo nas ruas, nem nas estradas. Os
motoristas dão a preferência aos pedestres e aos ciclistas. O tráfego de
veículos tem regras claras e as faixas de rodagens extras, tanto à esquerda
quanto à direita, facilitam o trânsito. Assim sendo, colisão é uma raridade em
Ashburn e nos demais municípios do condado de Loudoun entre os carros, quase
todos automáticos e bem conservados.
Tem
mais: as vias públicas são limpas e bem sinalizadas, tudo é muito bem planejado
e isso dispensa, por exemplo, varredores de rua. A coleta de lixo é feita
durante o dia, porque assim o barulho dos caminhões não atrapalha o nosso sono.
E os resíduos descartados pelos moradores são divididos em três tipos: orgânicos,
recicláveis e vegetais (grama cortada no quintal de casa, folhas e galhos que caem das árvores, por exemplo).
Os
funcionários públicos e os órgãos governamentais sabem bem quais são as suas
obrigações. E as cumprem corretamente.
Chama
a atenção de todos, na Virgínia, o fato de ninguém ter medo de violência. Nas grandes
cidades, como Nova Iorque e Washington DC, por exemplo, as coisas são diferentes
e todos nós precisamos ter mais cuidados com as nossas posses (dinheiro, cartão
de crédito, documentos, etc.) e propriedades. Mas por aqui ninguém pega e se
apossa daquilo que não é seu. Nem mesmo a correspondência e os pacotes que a
UPS, a FedEx e outros entregadores deixam nas portas das residências.
Biblioteca
pública na Virgínia é biblioteca pública mesmo. Tanto que jamais tive
restrições na Ashburn Library, mesmo não sendo cidadão dos Estados Unidos e não
tendo documento de identificação (Social Securit) emitido pelo poder público
local. Participei do ESOL Conversation Groups sem ter que pagar absolutamente
nada. Foram 20 participações inesquecíveis, com gente vinda do México, Irã,
Espanha, China, Japão, Coréia do Sul, Polônia, Argentina, Peru, Colômbia,
India, Bolívia, Rússia, Alemanha, Taiwan e até do Turquenistão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Turquemenistão). Além disso tive
direito de tomar emprestado e trazer para casa todos os livros, CDs e DVDs que
me interessaram. Sempre gratuitamente.
Andarilho sem límites, deitei e rolei em
Ashburn. Fui todo dia ao lago existente a menos de 100 metros de casa. Eu e
Sueli. E voltamos a pedalar, também, como não fazia desde a infância, quando
ajudava meu pai a coletar roupas para lavar na Lavanderia Adamantina, no
Interior de São Paulo. Pedalei pelo menos por 20 minutos por dia. E uma vez por
semana, nos últimos 40 dias, pedalamos por horas e ao longo de até 30
quilômetros por vez da W&OD (http://www.wodfriends.org/trail.html).
Chegamos – minha Sueli, Márcio Gouvêa e os dois netinhos – a cometer a ousadia
de ir até o centro de Reston (1833 Fountain Drive) e voltar após uma pausa rápida
para o almoço no agradabilíssimo La
Madeleine (http://www.lamadeleine.com/).
Com
a segurança que nos dá o povo, as autoridades, os veículos, as ruas e as
estradas da Virgínia fomos a praticamente todas as localidades da região:
Leesburg, Sterling, Herndon, Reston, Manassas, entre outras. Fomos também
conhecer as lindas praias de Virgínia Beach e os parques, museus e um dos
principais teatros de Washington DC.
Aqui
eu dirigi pela primeira vez no Exterior, no dia 9 de novembro de 2011. E muito
mais agora, em 2012, graças às gentilezas da filha e do genro. Até tirei uma
carteira internacional de motorista, via Internet, que eu havia tentado sem
sucesso junto ao Detran de São Paulo. Esse documento me custou algo em torno de
70 dólares, vale por três anos e me dá o direito de dirigir em quase todos os
países do mundo, ou seja, naquelas nações que estão ligadas à ONU.
Na
próxima vinda para cá, preferencialmente em 2013, queremos ir a Nova Iorque
(que conheci nos anos 1970) e às vinícolas da Virgínia. No mínimo. Quero ainda
comprar uma bicicleta bem equipada e um aparelho que me garanta acesso às
emissoras de televisão do Brasil, pois desta vez usei uma bike emprestada e a
sitonia das TVs foi bem limitada.
Enquanto
isso, a situação geral no nosso querido Brasil nos preocupa cada vez mais. Certamente,
chegando a São Paulo no próximo dia 25 vamos encontrar tráfego pesado e
congestionados, semanas e semanas sem chuva, motoristas sem disciplina alguma e
a maioria do povo querendo sempre tirar vantagens sobre os semelhantes.
Isso
tudo sem falarmos dos impostos e taxas elevados cobrados pelos governos da
União, dos Estados e dos municípios, dos políticos de Brasília – no Executivo e
no Legislativo – e dos índices sempre crescentes da criminalidade. E não adianta
reclamar. Temos que voltar e ponto final. Voltar e ser feliz. O mais feliz
possível.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
16/09/2012 21:54:51 (horário de Brasília)
16/09/2012 20:54:51 (horário de Ashburn Village, Virgínia, EUA)
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