Por quê? (377) – Diálogo no lago: sumiu? Sumiu por quê?

No Verão, o lago de Ashburn Village é muito liiiiindo...

Cláudio Amaral

Mais um dia se passou sem qu’eu conseguisse reencontrar minha interlocutora. Aquela com quem dialoguei ao longo das caminhadas em torno do lago (um dos muitos, diga-se) de Ashburn Village, na Virgínia, aqui nos EUA. O primeiro diálogo foi no dia 12 e o segundo no dia 13/6/2018. Depois, nunca mais.

Mas porque gostaria de revê-la? É o que me pergunto, sem ter resposta. Sem ter certeza. Imagino, entretanto, que o motivo seja a sequência dos meus relatos a respeito da classe política brasileira.

Classe é bondade minha, seguramente. Até porque o nome que gostaria de usar para definir os liderados de todos os políticos do Brasil, sem exceção alguma, não é bem esse. Ainda que escrevesse “classe” assim, entre aspas.

Qual seria, então, o nome que daria, se no lugar de “classe” usasse outra classificação ou qualificação ou identificação? Sei, muito bem, mas não quero correr o risco de ser cruel e desencorajar alguém que tenha desejo de entrar na vida política a partir das próximas eleições.

O certo, creio, é que gostaria de reencontrar com a mulher que tem um namorado que não contou a ela tudo o que deverei, na minha opinião, a respeito dos políticos do Brasil. Todos. Desde o início da República.

Tentei. Tentei mesmo. Confesso. Garanto. Juro. Mas não hoje (22/6/2018). Afinal, nesta sexta-feira, a quarta do mês de junho, nem consegui colocar o nariz fora da porta da casa em que estou.

Por quê? Porque dormi pouco e aos pedaços. Por dois motivos: o primeiro foi o jogo, o segundo, do Brasil na Copa do Mundo da Rússia; depois porque choveu o dia todo aqui por esses lados da Costa Leste dos EUA. E a saída foi ficar de olhos bem abertos à frente da televisão, torcendo desesperadamente pelos comandados do treinador Tite.

Não só isso, é bom que se diga. Sim, porque após ver e sofrer com as dificuldades que o selecionado brasileiro teve para vencer a representação da Costa Rica por 2 a 0, com golos de Philippe Coutinho aos 27 segundo após os 45 minutos do segundo tempo e Neymar aos 52, no último ataque do Brasil, e sem alternativa de ir caminhar em torno do lago, meti a cara nos livros.

Por falar em livros... é bom que diga que separei três para os 63 dias que deverei ficar por aqui: um de Santo Agostinho (Confissões), outro de Laurentino Gomes (1889) e um terceiro de Umberto Eco (o Cemitério de Praga). Tenho, ainda, aqui comigo, os dois que escrevi e publiquei recentemente: Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) e Por quê? Crônicas de um questionador (2017).

É com esses livros, as caminhadas diárias em torno do lago, algumas poucas visitas a centros comerciais, uma ou outra olhada na televisão, um ou outro jogo da Copa da Rússia e a companhia de familiares qu’eu vou levando a vida desde que saímos de São Paulo, no dia 7.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.br) é autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) e Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É jornalista desde 1º de maio de 1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (Turma de 2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (Turma de 2013/2015).

22/06/2018 23:13:34 (pelo horário da Costa Leste dos EUA)

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