Por quê? (398) – O que será de nós?(2)


Quantos de nós conseguiremos sobreviver a esta pandemia?

Cláudio Amaral

Infelizmente minhas preocupações têm fundamento. Infelizmente.

Faço essa afirmação com dor no coração e com base em pelo menos dez respostas que tive de segunda-feira (13/04/2020) para terça-feira (14) em função do meu texto escrito e publicado no primeiro dia desta semana.

Numa dessas respostas, a Amiga Adriana do Amaral Souto, Esteticista de mão cheia, gravou e me mandou cinco áudios. No total, foram cerca de 12 minutos de observações e depoimentos.

A água ferveu, falou Adriana num desses áudios, referindo-se aos maus tratos que nós, como seres humanos, temos praticado contra o Planeta Terra.

A pipoca estourou, acrescentou a seguir, na mesma gravação, para enfatizar que temos sido os piores inquilinos possíveis dos espaços que ocupamos em nossas urbes.

Adriana usou o filme O Sobrevivente (https://www.guiadasemana.com.br/cinema/sinopse/o-sobrevivente) para mostrar que o que estamos vivendo agora, desde o surgimento da pandemia do coronavírus, é um outro lado da vida. Uma vida que de uma hora para outra, sem aviso prévio, tornou-se incomoda, desagradável.

Para quê? Por quê?

Apenas para mostrar a todos nós, humanos, que é possível e necessário ser mais solidário, mais parceiro, mais amoroso, mais amigo e mais amigável. Mais dedicado ao próximo. Menos ganancioso. Mais humano, enfim.

Nesses dias de isolamento quase total é que nós vemos quanta falta faz aqueles contatos dos quais todos nós gostávamos. Querendo ou não, sabendo ou não, consciente ou inconscientemente.

Tudo faz falta hoje em dia.

Fazem-nos falta as trocas de abraços dos pais com os filhos. Igualmente os beijinhos dos netinhos nos avós e vice-versa. Os bons dias, boas tardes, boas noites que sempre trocamos (ou deveríamos trocar) com os vizinhos, por exemplo.

E os sorrisos, então, que trocamos (ou deveríamos trocar) com quem varre as nossas calçadas, os nossos quintais e as nossas sarjetas, no caso de nós, que moramos em casas amplas e agradáveis.

Atualmente, temos sentido o quanto valem os profissionais da área da saúde, os coletores de nossos resíduos, os entregadores de comida, as pessoas que se dispõem a nos fazer compras de itens básicos em farmácias, padarias e supermercados.

Mas, até quando? Até quando será assim?

Essas foram algumas das perguntas que mais me fizeram os meus interlocutores nesses tristes dias de isolamento quase total. E ieu fui obrigado a me questionar, aqui no interior do meu home office ao qual estou confinado há quase um mês: até quando, cara pálida?

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.br) é Católico Apostólico Romano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) e Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

14/04/2020 22:45:00 (pelo horário de Brasília)

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