Por quê? (399) – O que será de nós?(3)

O fim da pandemia de 2020 é importante para voltarmos a nos reunir


Cláudio Amaral

Grande abraço, siga no retiro e na fé. É isso aí queridão!?

Foi essa a mensagem que recebi, na última semana de Março, de um ex-colega de Redação, na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, onde estive gerente por 5 anos e 45 dias, entre 1998 e 2003.

Éramos comandados na época com a competência e eficiência dos Jornalistas Sérgio Kobayashi (o nosso Diretor-Presidente) e Carlos Conde (o nosso Vice-Presidente). Dois profissionais que somavam oito décadas de experiência como chefes e administradores em jornais de primeira linha na Imprensa brasileira e em órgãos públicos do governo paulista.

Deixei a Imprensa Oficial em Abril de 2003, mas até hoje, 17 anos depois, ainda tenho bons Amigos e Amigas lá pelos lados da Mooca, um dos bairros mais antigos de São Paulo.

Com eles divido detalhes do meu dia a dia. Inclusive durante esse período incômodo de pandemia do corona vírus.

E foi por conta de uma indisposição que tive logo que o “vírus chinês” chegou ao Brasil que o Amigo da IO, meu vizinho aqui pelos lados da Vila Mariana e do Paraíso, mostrou-se preocupado comigo.

Felizmente meus sintomas logo passaram e ele se disse feliz por mim. Ele e outros. Como outro Amigo, que me ligou tão logo leu meu texto de 13/04/2020, para me mandar mais uma pergunta, além das 13 que elenquei no Por quê? (398) – O que será de nós?(1).

E, na lata, me questionou, dizendo: Você me pareceu com medo? É isso mesmo? Eu entendi direito: você está com medo?

Fiquei sem saída. Pedi um tempo e fui reler minhas 13 dúvidas do texto anterior.

Li e reli uma a uma.

Ao final, não tive alternativa: liguei de volta e admite que sim, estou com medo. E o Amigo veio com uma outra questão: Qual é o tipo de medo que você está a sentir?

Como se essa pergunta não fosse suficiente, ele mandou mais uma: Você está com qual tipo de medo? Foi mais específico ainda: Você está com medo de perder o emprego? É isso?

Dei uma sonora gargalhada e respondi, com toda sinceridade do mundo: Não. Medo de perder emprego não tenho mais. Até porque o último emprego que tive eu perdi há mais de dez anos.

Relatei a ele que em 2008 e 2009, no meu último emprego, trabalhava eu na Redação do jornal A Tribuna, em Santos, como Editor-Executivo, ao lado dos Amigos Wilson Marini (o Editor-Chefe), Mário Evangelista e Arminda Augusto (os outros dois Editores-Executivos). Por conta disso, Sueli e eu morávamos num belíssimo, amplo e agradável apartamento dum edifício da Avenida Epitácio Pessoa, junto ao Canal 5 e à Praia da Aparecidinha.

Meu Amigo lembra bem daqueles anos. Disse ter registrado que foi depois daquele emprego que publiquei meus dois livros, passei a curtir os netos e a viajar todo ano para o Exterior.

Deixou claro que não via razão para meu medo.

Acrescentou que os meus rendimentos estão garantidos pelo resto da minha vida. E disse mais: como você não tem, nem nunca teve, pretensões políticas, está com os filhos criados e bem formados, tem só é que curtir os netos.

Sem mais argumentos, fiquei calado e dei chance para o meu Amigo se despedir e desligar o telefone. O silêncio tomou conta do meu ser e do ambiente em que trabalhava naquele momento. E a partir de então a cabeça voltou a fervilhar e a me ocupar com cada uma das outras perguntas que registrei no texto de 13/04/2020.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.br) é Católico Apostólico Romano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) e Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

20/04/2020 22:28:33 (pelo horário de Brasília)

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