Por quê? (427) –Insatisfação eterna-1


 Querer eu queria muito, mas quem poderia prever que eu chegaria até aqui, em 2022?

Cláudio Amaral

 

Sou um eterno insatisfeito.

Sou, mas, quem não é?

Em férias de Verão nos Estados Unidos, nestes meses de Junho e Julho de 2022, tenho pensado e repensado muito nos meus 72 anos de vida.

E a primeira conclusão a que cheguei foi essa: sou um eterno insatisfeito.

Sou, reconheço, não nego, desde criança pequena lá na minha querida e amada Adamantina, no Interior paulista, onde nasci às 2h15 da madrugada de 1949

Lembro-me bem, por exemplo, que nos meus primeiros anos de vida eu desejava crescer logo.

Queria, porque queria, ser maior e mais alto, ter mais idade, barba no rosto, jogar fora minhas calças curtas e usar calças compridas.

Desejava, ardentemente, passar de ano. Na escola e na vida.

Ignorava que era preciso viver um dia após o outro com uma noite no meio.

Almejava também ter o meu próprio dinheiro e sonhava com minha independência total dos meus pais, Wanda e Lázaro Alves do Amaral.

Os anos se passaram e eu sempre insatisfeito, querendo mais, mais e mais.

A partir dos seis anos de idade eu passei a trabalhar com o meu pai na lavanderia em que ele era empregado. Já estávamos vivendo em São Paulo e o ano era 1958, o ano em que o Brasil ganhou a primeira Copa do Mundo de Futebol, na Suécia, com Gilmar dos Santos Neves, Bellini, Garrincha e Pelé, entre outros.

Havíamos deixado a pequena Adamantina porque lá não havia recurso para a cura da paralisia infantil que dominava o meu irmão Clówis.

Primeiro mudamos para Marília e depois, como meus pais não haviam encontrado a tão desejada cura, rumamos para a Capital paulista.

Anos depois, com a doença do meu irmão superada, voltamos para Adamantina e para uma das casas que meu pai havia comprado e deixara alugadas.

Imediatamente ele abriu a Lavanderia e Chapelaria Adamantina, onde buscaria o pão nosso de todo dia. E, claro, me levara para ajudá-lo.

Gostei das novidades: voltar para as origens, ter um novo local para trabalhar, novos amigos e amigas, uma nova escola para dar sequência aos estudos.

Mas logo voltei a ficar insatisfeito. Não me contentava mais com o dia a dia de atendente no balcão do estabelecimento, nem com as funções de coletor, lavador e passador de roupas.

Queria mais. Sempre mais.

Desejava sempre novidades.

Queria ter novos amigos e amigas.

E uma das buscas que eu fazia diuturnamente estava nos jornais que recebia quando os clientes levavam roupas para lavar e passar.

Esticava cada página e lia freneticamente.

Devorava cada notícia de jornal que encontrava nas páginas que recebia e que depois seriam aproveitadas de outra forma.

Era assim que eu me informava de tudo o que se passava em outras localidades do Estado, do Brasil e do Mundo.

Logo, entretanto, descobri uma nova fonte de informações: o rádio.

 

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.bré Católico Apostólico Romano, Corinthiano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor do livro-biografia O Cabo e o Jornalista (José Arnaldo 100 Anos). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

 

15/07/2022 18:12:09 (pelo horário de Brasília)

Comentários

Lya Galavote disse…
Parabéns pelo texto.
Cláudio Amaral disse…
Agradecido estou ao Amigo Mário Marinho, ex-Presidente da ACEESP e ex-Editor de Esportes do Jornal da Tarde, pela observação de que o zagueiro Brito não estava na Copa do Mundo de 1958, só na seguinte. Isso me levou a aceitar a sugestão dele, Marinho, e substituir Brito por Bellini, o Capitão do Selecionado Brasileiro da Capa da Suécia.

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