Por quê? (428) –Insatisfação eterna-2

Quando, nos anos 1950/1960, lá em Adamantina, eu poderia imaginar que um dia, em 2022, iria com a Sueli Bravos conhecer o Museu da Bíblia, em Washington DC, nos EUA?

Cláudio Amaral

Disse e repito: sou um eterno insatisfeito.

E em assim sendo, claro, lógico, evidente, não poderia me contentar com as informações que encontrava em jornais. Ainda mais sabendo que eles (os jornais) haviam sido publicados dias antes.

Eu queria informações novas, instantâneas.

Quais?

Era o que eu me perguntava quando lia a respeito das confusões que se passavam no Brasil e no mundo, nos anos finais de 1950 e nos primeiros anos de 1960.

Estava sempre querendo mais informações a respeito do que acontecia na minha cidade (a pequena, pacata e querida Adamantina, no Interior paulista), nas cidades da região (como Lucélia, Flórida Paulista, Mariápolis, Junqueirópolis, Tupi Paulista e Dracena, por exemplo), na capital do Estado de São Paulo, no Brasil e nos Estados Unidos.

Eu queria saber o que acontecia com os meus times de futebol, como o Guarani FC e o Adamantina FC, com os times de Oswaldo Cruz, de Garça e de Bauru, entre outros. E principalmente com o meu Sport Club Corinthians Paulista, por quem, segundo meu pai, comecei a torcer e a acompanhar desde 1954, ano em que ele, o SCCP, fora Campeão dos Campeões na competição relativa ao IV Centenário de São Paulo, a cidade.

Foi aí que eu descobri o rádio.

E com o aparelho de rádio que o meu pai compara e instalara bem ao lado da bancada em que eu trabalhava, passando calças, paletós e camisas dos clientes, eu iniciei a ouvir instantaneamente as notícias de futebol e outros esportes, assim como as políticas e as policiais.

Ouvia, alternadamente, a Rádio Brasil de Adamantina e duas emissoras da Capital: a Bandeirantes (minha preferida até hoje) e a Piratininga.

Foi ouvindo rádio que eu fiquei sabendo de duas mortes marcantes nos anos 1960: a de John Fitzgerald Kennedy (a 22 de Novembro de 1963) e de Martin Luther King Júnior (a 4 de Abril de 1968).

Pelas ondas do rádio tomei conhecimento igualmente do movimento revolucionário de 31 de Abril de 1964, quando eu perguntei a meu pai: O que fazem esses homens com revolveres em punho andando para cima e para baixo?

Eram os conhecidos do meu pai que haviam se armado para garantir o funcionamento da central telefônica de nossa cidade e, se preciso, impedir que os meios de comunicação física caíssem em mãos indevidas.

Quando eu ouvi no rádio que o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco fora escolhido para assumir a Presidência da República, de imediato perguntei a meu pai: Quem é ele?

E assim fui em frente. Sempre insatisfeito. Sempre curioso. Sempre querendo saber mais e mais.

Paralelamente, eu procurava novos conhecimentos na escola. Inicialmente no I Grupo Escolar, uma escola pública onde completei os quatro anos do Primário. Depois em duas escolas particulares: o Ateneu Bento da Silva e o Instituto Educacional. Por fim voltei à escola pública, cursando os últimos anos do Ginasial no Instituto Helen Keller.

Procurei evoluir no trabalho, onde, depois da Lavanderia e Chapelaria Adamantina, fui me aventurar na loja de máquinas de costura e aparelhos de rádio da família do meu Amigo (até hoje) e leitor Ademar Shigueto Hayashi. De lá passei para o Foto Adamantina (onde aprendi a fotografar e a revelar filmes fotográficos) e finalmente para a Rádio Brasil de Adamantina, onde conheci o rádio por dentro e aprendi a fazer rádio.

De lá para o Jornalismo impresso foi um passo.

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.bré Católico Apostólico Romano, Corinthiano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor do livro-biografia O Cabo e o Jornalista (José Arnaldo 100 Anos). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).


21/07/2022 10:57:55 (pelo horário de Brasília)

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