Por quê? (310) – De pai para filho (e vice-versa)
Cláudio
Amaral
Filmes memoráveis e inesquecíveis. Filmes históricos. Filmes
que representam lições de vida. Assim costumam ser os filmes biográficos. Assim
são filmes como Dois Filhos de Francisco
e Gonzaga – De Pai para Filho.
Fiquei emocionado e chorei (e muito) ao ver essas duas
películas nacionais, ambas dirigidas por Breno Silveira: Dois Filhos de Francisco em Franca (SP), em fins de 2005, quando eu
trabalhava para o diário Comércio da Franca, e Gonzaga – De Pai para Filho no início da noite de quinta-feira (15
de novembro de 2012). Em ambos eu estava ao lado da minha Sueli Bravos do
Amaral, mas não posso falar por ela; só por mim.
Dois Filhos
de Francisco me emocionou muito
porque a história de Zezé Di Camargo e Luciano tem tudo a ver com a minha,
especialmente na chegada a São Paulo. Eles vindo de Goiás e eu de Adamantina,
no Interior paulista. Passamos, tanto eles quanto eu, por dificuldades que não esqueceremos
jamais e que passaram, passam e passarão milhões de brasileiros.
Gonzaga – De Pai
para Filho me tocou fundo pelas
marcantes divergências entre Gonzagão, o chamado Rei do Baião, com o filho
dele, Gonzaguinha. Eles passaram a maior parte da vida distantes, um longe do
outro e cada um tendo uma visão da vida. Tudo por conta da música e dos shows que
fizeram pelo País.
Luiz
Gonzaga do Nascimento, o Gonzagão, nasceu em Exu, no sertão pernambucano, a 13 de dezembro de 1912 e faleceu em Recife, a capital
daquele Estado, a 2 de agosto de 1989. Foi sanfoneiro, cantor e compositor dos
mais populares no Brasil e era conhecido
como o Rei do Baião. No Exército, que serviu por dez
anos, se destacou como corneteiro e se orgulhava de jamais ter dado um tiro
sequer.
Luiz
Gonzaga do Nascimento Junior , o Gonzaguinha, nasceu no Rio de
Janeiro a 22 de setembro de 1945 e faleceu em desastre de automóvel em Renascença,
no Paraná, a 29 de abril de 1991. Antes, se tornou “doutor” (em Economia), como
queria o pai, mas foi famoso como cantor e compositor. Idealizou e criou o Movimento Artístico Universitário (MAU).
Um, Gonzagão, foi obrigado a prestar serviços aos
militares de plantão após a ditadura de 1964. O outro, Gonzaguinha, fez tudo o
que lhe foi possível para combater e difamar o regime comandado por Castello
Branco, Costa e Silva, Médici, Figueiredo e outros tantos.
O mais marcante, entretanto, não foi isso. O que mais marcou
as vidas de Gonzagão e Gonzaguinha, como se viu na vida real e no filme Gonzaga – De Pai para Filho, foram as
desavenças e desencontros de ambos e entre os dois.
Vistos de fora, nas telas dos cinemas (como vimos na
sala 9 do Cinemark do Shopping Santa Cruz, em São Paulo), tais desavenças e
desencontros parecem absurdos, desnecessários, descabíveis. Mas foram reais. Tão
reais como as muitas histórias de vida que acontecem desde sempre em lares e em
ruas do Brasil todo.
Quantos mais famosos os personagens da vida pública,
no Brasil e no mundo, maiores os conflitos entre seres humanos, homens e
mulheres, pais (e mães) e filhos (e filhas), irmãos e irmãs, avôs e avós,
chefes e chefiados, professores e alunos, etc.
Aqui, entretanto, os alvos são os pais e filhos. Como Gonzagão
e Gonzaguinha. Pais (e mães) que geram filhos para dar-lhes amor, carinho,
ensinamentos, educação, proteção e principalmente bons exemplos. Jamais para
abandoná-los, mesmo que – como fez Luiz Gonzaga com Luiz Gonzaga Júnior –
dando-lhes todos os bens materiais possíveis e imagináveis.
O melhor seria que filmes como Gonzaga – De Pai para Filho não fossem necessários. Mas já que casos
como esse existem e são necessários, que eles sirvam de exemplo para nos
ensinar a ser pais (e mães) melhores, mais compreensivos, mais pacientes, mais
amorosos, mais didáticos, mais, mais e mais. Com mais diálogos e sem nunca,
entretanto, nos fazer capazes de criar e educar inadequadamente os nossos
filhos e filhas. Afinal, é conversando que a gente se entende. Gente de bem,
especialmente. Gente que ama e respeita os seus semelhantes acima de tudo e de
todos.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
16/11/2012 15:15:18 (horário de Brasília)
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