Por quê? (353) – Sérgio Barreira Leitão


Cláudio Amaral

Sinto-me profundamente triste. Mas, sinceramente, deveria estar era muito feliz. Triste porque perdi um grande Amigo. Um dos melhores Amigos que tive nestes meus 65, quase 66 anos de vida. Mas deveria estar feliz porque ele foi chamado para um descanso eterno.

Agora, mesmo que eu não queira, tenho que admitir que Deus deu o devido e merecido descanso a um dos maiores e mais bem sucedidos Jornalistas que conheci e que este Brasil já teve.

Sérgio Leitão, o cearense mais carioca que conheci, era uma pessoa inigualável. Um ser humano como poucos. Um pai aplicado, dedicado e amado por Leslie, Cassius e James.

Conheci Sérgio Leitão aqui em São Paulo. Precisamente, na sala de imprensa que montei no Esporte Clube Pinheiros por ocasião da Federation Cup no Brasil.

Ele foi o único a me pedir licença para instalação de um terminal de telex no local para ter plenas condições de produzir e transmitir, diariamente, durante duas semanas, as notícias e reportagens que fazia a respeito da chamada “Copa Davis das mulheres”.

Leitão trabalhava tanto, mas tanto, que eu dia, ingenuamente, disse a ele: Você é o único carioca que se dedica tanto ao trabalho. E ele me respondeu: Claudinho, eu não sou carioca. Sou cearense.

Além do Português, ele falava, lia e escrevia também em Espanhol e Inglês, ainda que trabalhando para um único canal noticioso: a Reuters, uma das maiores agências de notícias do mundo.

A partir daquele grande evento esportivo, realizado em meados de 1980, nossa amizade só cresceu. E nossos contatos foram cada vez mais frequentes, pessoalmente e por telefone.

Tanto que um dia, depois dele tanto insistir, mandei meus dois filhos, Mauro e Flávio, passar férias junto à família Leitão, no Rio de Janeiro.

Voltamos a nos encontrar no Rio de Janeiro por ocasião de uma das muitas competições de velocidade lá disputada. Inclusive num Grande Prêmio de Fórmula 1 em que, por indicação minha, ele foi contratado pela Marlboro para servir de intérprete numa conferência de imprensa.

Noutras ocasiões Sérgio Leitão me ajudou a atender a conta do Banerj como patrocinador da equipe brasileira que iria – como foi – aos Jogos Olímpicos. E eu o ajudei a divulgar as atividades profissionais de pelo menos três competidores brasileiros de atletismo de alto rendimento.

Certa vez fui chamado a trabalhar para uma editora de jornais dirigidos a estrangeiros que vinham passar curtos períodos no Brasil. Eram publicações em Inglês, Espanhol, Francês, Italiano, Alemão... E como Leitão me dissera que o sonho dele era morar e trabalhar em São Paulo, repassei a responsabilidade a ele. Feliz ou infelizmente, o negócio não deu certo e ele seguiu vivendo no Rio e a curtir as alegrias que só lá ele tinha: as praias e o Flamengo.

Filho de diplomata, Sérgio viveu no exterior quando jovem. E também depois de casado e pai dos três filhos que ele teve e criou com a mulher, Sylvia. Fez da minha residência um porto seguro quando veio a São Paulo para entrevistas no consulado do Canadá, para onde a família se mudou em seguida.

Pouco nos vimos nos últimos anos, mas jamais perdemos o contato. Tanto que sofri muito quando tive notícia de um enorme temporal no Rio de Janeiro, nos anos 1990. Eu estava trabalhando no Tênis Clube de Santos e de lá liguei para ter notícias dele e da família. Soube, então, que ele estava ilhado na sede da Reuters, no centro da capital cariosa, fazendo uma das coisas que ele mais gostava: Jornalismo. Estava ilhado mas bem. Como espero que ele esteja agora, ou seja, desde a noite desta segunda-feira (20/7/2015), descansando junto a Deus, nosso Pai Eterno.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (Turma de 2003) e estudante de História na FMU/Liberdade/SP desde 1º. de fevereiro de 2013.


20/07/2015 23:22:45

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