Por quê? (70) Geografia da América

Cláudio Amaral

Os tempos eram outros quando os exploradores e os colonizadores chegaram às terras do nosso continente.

A mentalidade, os conceitos e os padrões também eram bem diferentes.

Os nossos tempos são outros, assim como a nossa mentalidade, os nossos conceitos e padrões.

Nós, que vivemos os dias atuais, temos certeza de que a Humanidade evoluiu e acreditamos que os nossos tempos são bem melhores do que aqueles em que os europeus começaram a chegar aqui pela América do Sul.

Hoje, apesar das barbaridades que vemos diariamente nas tevês e nas páginas impressas e eletrônicas, relatando mortes e desrespeitos aos direitos humanos aqui e no exterior, temos certeza de que a maioria dos habitantes do nosso planeta é civilizada. Ou, pelo menos, cada vez mais civilizada.

Bush, Bin Laden, Saddam, Fidel, Chaves e outros ditadores, extremistas e antidemocratas à parte, sabemos que as minorias são cada vez mais aceitas e respeitadas. Seja pela negociação ou pela força (física ou da opinião pública).

Tanto que o racismo e outras tantas manifestações de discriminação estão cada vez mais fora de moda no nosso dia-a-dia.

Os ataques – impensados ou bem planejados – ao meio ambiente também.

É por isso – por tudo isso – que fico cada dia mais chocado e revoltado em relação aos acontecimentos relatados em Geografia da América por Melhem Adas (“geógrafo e escritor brasileiro” que, segundo a ‘A enciclopédia livre Wikipédia’, é “formado na PUC de São Paulo, é um dos mais renomados professores de geografia brasileiro” e “escreve livros para o ensino médio e fundamental”).

Comecei a ler Geografia da América, de Melhem Adas, porque encontrei entre os livros que guardo em casa um exemplar usado por minha filha há quase 20 anos.

A obra que tenho lido foi editada pela Moderna em 1989, quando a geografia do nosso planeta era bem diferente. Tanto que ainda existia a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), por exemplo.

Li a apresentação, me interessei e fui em frente.

Interessei-me principalmente porque o livro é muito bem escrito. Mais que isso, as idéias do autor são interessantes, se não porque ele acredita “que não é possível estudar geografia, e principalmente Geografia Humana ou Social, sem uma base histórica”, mas, também, porque, na opinião de Melhem Adas, “não existem fronteiras entre as ciências humanas”.

Hoje, no quarto dia de leitura, devoradas 128 das 332 páginas do livro, custo a acreditar no que os europeus – mas principalmente os espanhóis – fizeram com as populações, as cidades, as florestas e outros recursos naturais preciosos que encontraram em terras outrora ocupadas por incas, maias, astecas, ou seja, com as chamadas “sociedades pré-colombianas avançadas”.

Custo a acreditar e para mim é difícil imaginar o quanto os conquistadores eram animalescos, ignorantes, brutais, desumanos, gananciosos, inconseqüentes e materialistas.

E me pergunto: eles ou os monarcas que financiavam as viagens e expedições que os conquistadores fizeram por terras americanas até então desconhecidas na Europa?

Para complicar o meu entendimento dos acontecimentos relatados em Geografia da América, lá está escrito, e repetido por vezes incontáveis, que ao lado – ou por trás? – deles estava a Igreja com a qual eu me alinho e por intermédio da qual procuro me manter fiel e temente a Deus.

Se você, caro e-leitor, ainda não tem, e quiser ter idéia das dimensões do que estou a me referir, leia Geografia da América, de Melhem Adas.

Antes, entretanto, de dar início à leitura dessa obra, tenha certeza de que está preparado para tal.

Por quê?

Ah... e você ainda me pergunta por que?

4/4/2008 17:33:47

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