Por quê? (334) – O erro de Lobato


Cláudio Amaral

Está equivocado quem entendeu pelo título desse texto que Monteiro Lobato (1882-1948) errou. Sim, ele pode ter errado. E deve ter errado muito e muitas vezes. Mas nada que tenha-me afetado, nem me incomodado.

O erro, no caso, está num texto que acabei de recuperar dos meus guardados históricos. Entre eles, no porão da minha casa, aqui na Aclimação, em São Paulo, estava arquivado um quadro que ganhei do Amigo Carlos Haddad.

Trabalhei com Haddad na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, entre 1998 e 2003. Ambos estávamos sob o comando dos Jornalistas Sérgio Kobayashi (Diretor-Presidente) e Carlos Conde (Diretor Vice-Presidente e por consequência o chefe direto de nós dois, ou seja, de Haddad e meu). Haddad era Coordenador Editorial e eu, gerente de Redação e editor responsável pelo Diário Oficial do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) e pela revista mensal D. O. Leitura (comandada pelo Jornalista e Amigo Almyr Gajardoni).

Ao ser demitido da Imprensa Oficial, em abril de 2003, ganhei de Haddad uma gravura em que havia sido impressa a mensagem de Monteiro Lobato: “A luta contra o erro tipográfico tem algo de homérico. Durante a revisão os erros se escondem, fazem-se positivamente invisíveis. Mas assim que o livro sai, tornam-se visibilíssimos, verdadeiros sacis a nos botar a língua em todas as páginas. Trata-se de um mistério que a ciência ainda não conseguiu decifrar…”

Jamais me esqueci do presente de Haddad e da mensagem de Monteiro Lobato, tido como “um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX”.

Costumo repetir sempre e insistentemente essa ideia – a ideia do erro que se esconde – em conversas com interlocutores das mesmas áreas em que atuo. Falo do tal pensamento de Monteiro Lobato a jornalistas e estudantes de Jornalismo, escritores, historiadores e até para quem não labuta diariamente com as letras, as palavras, as ideias e os pensamentos.

Mas, sabe-se lá por qual razão e em qual momento, o quadro em questão foi parar numa gaveta de um baú que minha Sueli trouxe de Marília, quando nos casamos e mudamos para São Paulo, em setembro de 1971. O presente, neste caso, foi do avô mais querido dela, Nicola Grenci. Ele era italiano da Província de Catanzaro (http://www.provincia.catanzaro.it) e no Brasil teve uma filha, a nossa amada Bisa Cida (Aparecida Grenci Bravos), mãe de Sueli, Salete, Sérgio, Mário, José Cláudio e do saudoso Paulo César.

A família toda sempre gostou muito do Vô Nicola, pela figura bondosa e correta que ele era.

Enfim, estou feliz pelo reencontro com o quadro de Monteiro Lobato, por me lembrar dos Amigos da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Haddad, Kobayashi e Conde, hoje Editor-Chefe n’A Tribuna de Santos), do Vô Nicola, da Bisa Cida…

Só espero que esse texto esteja isento dos sacis a que se refere o autor de obras como O Saci (1921), Fábulas (1922), As aventuras de Hans Staden (1927), Peter Pan (1930), Reinações de Narizinho (1931), Viagem ao céu (1932), Caçadas de Pedrinho e História do mundo para as crianças (1933), Emília no país da gramática (1934), Aritmética da Emília, Geografia de Dona Benta e História das invenções (1935), Dom Quixote das crianças e Memórias de Emília (1936), Serões de Dona Benta, O poço do Visconde e Histórias de Tia Nastácia (1937), O Picapau Amarelo e O minotauro (1939), A reforma da natureza (1941), A chave do tamanho (1942), Os doze trabalhos de Hércules (1944) e Histórias diversas (1947).

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968 e estudante de História na FMU/Liberdade/SP desde 1º. de fevereiro de 2013.


09/11/2013 17:30:31 (pelo horário de Verão de Brasília)

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