Por quê? (417) – Sobre o Caminhar





Cláudio Amaral

À primeira vista, o livro Sobre o Caminhar é modesto, humilde.

A capa é chamativa, sim.

Mas, como volume, tem aparência de um livreto.

Tem gente que o chamaria de “livrinho”, mas não eu, porque, para mim, esse é um termo de conotação menor. Até porque nunca gostei de quem chamou meu primeiro jornal de “jornalzinho”.

Sabe você como é: o primeiro jornal de todo Jornalista é inesquecível, é o melhor e, como não, é o maior de todos os jornais do mundo.

No universo dos livros é igual.

Jamais gostaria de ouvir de um leitor que o meu primeiro livro é “um livrinho”.

No caso de Sobre o Caminhar, então, darei razão, toda razão, para a autora, ficar aborrecida, contrariada, quando alguém disser, por exemplo, “o seu livrinho...”.

E a razão é simples: como conteúdo, Sobre o Caminhar é o que eu chamaria de “um livro de respeito”. Especialmente em respeito a minha Amiga (nova Amiga, melhor dizendo) Juliana Ester Lunnes.

Uli, como ela é carinhosamente chamada, passou os primeiros anos em Quatro Pontes, no interior do Paraná, se graduou em Biologia em 2001, foi Professora, estudou e trabalhou no campo das artes, das terapias e do yoga. É, como ela mesma diz “uma caminhante”. Tanto que peregrinou dois caminhos importantes: o de Santiago de Compostela na França e em Portugal, um em 2012 e o outro em 2014, além de outros caminhos e trilhas no Brasil, na Europa e no Peru.

Foi, portanto, ao longo desses caminhos que surgiram as ideias que Uli reuniu em Sobre o Caminhar. E que em 2019 veio a publicar pelo Clube de Autores. Trata-se de uma plataforma criada exatamente dez anos antes, em 2009, como “fruto da união dos sócios Indio Brasileiro Guerra Neto, Ricardo Almeida e Anderson de Andrade” para permitir a autores independentes, como Juliana, publicarem as respectivas obras sem tiragem mínima, sob demanda, e sem nenhum custo.

E o que nos oferece o livro Sobre o Caminhar? Com a palavra a autora: “Esse livro é um convite para caminharmos pelas sendas secretas de nossa existência”. Como? “Durante a travessia entraremos em contato com tudo aquilo que vive em nós: o medo e a coragem, a tristeza e a alegria, a dor e o amor”.

“A estrada – acrescenta Juliana – pode se apresentar como um labirinto, como uma trilha estreita ou nos levar a um passeio pelo vale entre as montanhas”.

E o que é caminhar, Uli? “Caminhar é o dom, é estar vivo e viver é estar em movimento”, porque “somos feitos de amor infinito, de energia da alma, de essência, de faíscas de luz”, porque “somos eternos” e “estamos ligados a tudo aquilo que foi, que é e que será”, uma vez que “por nossa própria força e luz somos capazes de seguir o caminho do amor e abençoados somos quando caminhamos com o coração”.

Nas quase 70 páginas de Sobre o Caminhar encontrei nos dias 9 e 16 de Setembro de 2021 ideias, pensamentos, palavras e frases que jamais eu seria capaz de criar, pensar e escrever. Como, por exemplo:

- Quem és tu, pobre homem? Que buscas promover? A cura?

- Segue tua própria bússola e lembra que caminhar traz a inconstância do próprio passo.

- ...enquanto olhares para frente terás um caminho para trilhar.

- Deixa que o amor te guie entre as montanhas e, por favor, não pares.

- Segue, andarilho, a vida é uma inconstância e no fundo de teu ser reside aquilo que é eterno.

- Que o zumbido que teus ouvidos ouvem te traga a consciência da imensidão do espaço.

- Amor não acaba, não dorme, apenas ama.

- Amor não dói, enobrece.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.bré Católico Apostólico Romano, Corinthiano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

19/09/2021 15:16:14 (pelo horário de Brasília)

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