Por quê? (436) – A Vida por Escrito
Se você, como eu, gosta de Biografia, levante-se, faça o sinal que Deus nos ensinou (Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo) e diga em voz alta: Amém!
Por quê?
Porque tem livro novo na praça: A Vida por Escrito
– Ciência e arte da biografia, escrito por um dos maiores mestres no
assunto, Ruy Castro.
Biografia por Biografia eu tenho muitas: Mauá, o
Empresário do Império, de Jorge Caldeira; Elis Regina – Nada será como
antes, de Julio Maria; Desvirando a página – A vida de Olavo Setubal,
de Ignácio de Loyola Brandão e Jorge J. Okubaro; Roberto Civita – O dono da
banca – A vida e as ideias do editor da Veja e da Abril, de Carlos Maranhão;
Fio de Esperança – Biografia de Telê Santana, de André Ribeiro; Entre
a Lagoa e o Mar – Reminiscências, de Fernando Pedreira, a respeito da vida e
das andanças do próprio; Narrativas Radiofônicas – A Trajetória do Repórter
Wilson Matos em Marília, de Wilza Aurora Matos Teixeira e Ana Maria Rubira;
Amor entre guerras, de Marianne Nishihata; O Rio é assim: a crônica
de uma cidade (1953-1984), a respeito da vida de José Carlos Oliveira, o
Carlinhos (1934-1986), organizado por Jason Tércio; Dorina Nowill: Um relato
da luta pela inclusão social dos cegos, de Luiz Roberto de Souza Queiroz; Machado
de Assis – Um gênio brasileiro, de Daniel Piza; Charles Miller – O pai
do futebol brasileiro, de John Mills; Eu sou uma pergunta – Uma biografia
de Clarice Lispector, de Teresa Cristina Montero Ferreira.
Além dessas Biografias, gosto especialmente de duas
das muitas que escrevi neste século: Julia e Affonso: Uma vida de amor,
respeito mútuo e exemplar para todos nós (sobre as vidas e os feitos do
casal Julia Marques Lins e Affonso Chaves) e O Cabo e o Jornalista (José
Arnaldo 100 Anos), onde relatei a trajetória e as conquistas do Cidadão
José Padilla Bravos (1922-1999), que, tal qual o personagem de Marianne
Nishihata, lutou pelo Brasil na Segunda Guerra Mundial e nos deixou um valioso
e histórico Diário de um Combatente da FEB.
Como há anos deixei de ler jornais e revistas, assim como
diminui quase a zero minha atenção para com a mídia televisiva e radiofônica, desconheci
a reportagem que saíram em diários de São Paulo e do Rio de Janeiro a respeito
de A Vida por Escrito.
Só vim a ter conhecimento do novo livro de Ruy Castro
graças ao Amigo Arnon Gomes, com quem trabalhei no diário Comércio da Franca.
Ele fez um registro a respeito na página própria do Facebook. E imediatamente
fui à loja da Livraria da Vila no Shopping Paulista e lá comprei A Vida por
Escrito por exatos R$ 64,90.
Valeu a pena, garanto, ainda que esteja lendo as
primeiras páginas. E tenho certeza do valor dessa obra porque conheço boa parte
das obras de Ruy Castro, porque trabalhei com ele na montagem da série de espetáculos
baseados no livro Chega de Saudade e porque tive a felicidade de ouvir
pelo menos uma palestra dele a respeito da produção de Biografias. Em Santos,
por exemplo, em 2009, quando eu trabalhava na Redação do jornal A Tribuna.
De acordo com o que pude ler na última capa, por
exemplo, Ruy Castro expõe e nos questiona em A Vida por Escrito a respeito
de questões como: Qual é o biografado ideal? Toda vida dá um livro? Quando
procurar as fontes? Como se portar numa entrevista? Como lidar com as fontes relutantes?
Como selecionar as informações? Quando começar a escrever? Como apresentar sua
ideia a uma editora? O que fazer depois do fim (no caso, acrescento: o que
fazer depois de finalizada a produção de uma Biografia)? E (por fim), publicado
o livro, como viver sem o seu personagem?
Para cada uma dessas perguntas Ruy Castro nos faz
colocações e revelações valiosas e importantes. E revela o método, os segredos,
as técnicas e os truques de como escrever biografias, concedendo livre acesso
aos bastidores de obras icônicas como O anjo pornográfico, Estrela
solitária, Carmen: Uma biografia, Chega de saudade (no qual
ele revela detalhes a respeito da Bossa Nova) e Ela é carioca.
A Vida por Escrito foi editado pela Companhia das Letras, teve a capa e
o projeto gráfico produzidos por Alceu Chiesorin Nunes, a preparação de Isabel Cury
e a revisão da dupla Bonie Santos e Camila Saraiva.
Disse e repito: vale a pena ler essa nova obra de Ruy
Castro, que, do alto da sua autoridade, mas, ao mesmo tempo, com humildade,
escreveu na página 7: Há muitos brasileiros à espera de uma biografia – que eu
gostaria de escrever. Como nunca haverá tempo para tanto, o jeito é formar biógrafos
para que eles escrevam – e eu as possa ler. A eles, biógrafos presentes e
futuros, é dedicado este livro.
Obrigado, Ruy Castro. Muito obrigado.
(*) Cláudio Amaral (claudioamaral49@gmail.com) é Católico Apostólico Romano. Patriota. Autor do livro-biografia O Cabo e o Jornalista (José Arnaldo 100 Anos). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).
13/01/2023 17:53:15 (pelo horário de Brasília)
Comentários