Por quê? (450) – A Simplicidade que nos falta
Cláudio
Amaral(*)
Ontem à noite, sentado no banco da igreja, na Paróquia Santo Inácio de
Loyola e São Paulo Apostolo, na Vila Mariana, aqui em São Paulo, ouvi algo tão
simples quanto profundo.
Não era teologia complicada, nem metáfora difícil, nem revelação
inédita.
Era apenas aquilo que, de tão óbvio, a gente esquece: o Natal é
importante porque é o dia em que Cristo nasceu.
Pronto. Simples assim.
E, no entanto, o Natal é tão grande.
O sacerdote, um senhor de cabelos brancos, branquinhos, o Padre Marin (Pe.
Darci Luiz Marin, ssp), disse isso com uma calma que atravessou o templo
inteiro.
Ele não levantou a voz, nem fez malabarismos homiléticos.
Ele, com autoridade que Deus lhe deu, só lembrou, como quem chama de
volta uma criança distraída na rua, que toda a beleza deste tempo nasce de um
acontecimento único: Deus se fez um de nós.
E eu fiquei ali, ruminando a frase, percebendo que, no fundo, o Natal
só perdeu força porque nós o cobrimos de enfeites demais.
Cobrimos o Natal de laços, promoções, decorações, ceias, viagens,
barulho… e pouca manjedoura.
Muito cenário, pouca criança.
Muito corre-corre, pouco silêncio de Belém.
Quando foi que esquecemos que a festa de Natal é de um nascimento?
E não de qualquer nascimento.
É o nascimento Daquele que mudou o calendário, a História, a Humanidade,
os gestos, os perdões, os caminhos.
É o nascimento Daquele que passou pela Terra sem escrever uma única
linha e, mesmo assim, escreveu tudo dentro de nós.
Enquanto o sacerdote falava, me deu vontade de levantar e pedir licença
para ir embora para casa... não por desinteresse, mas para ir direto pra minha residência
e preparar meu coração.
Arrumar o presépio com mais cuidado. Muito mais cuidado do que a Sueli
teve ao montá-lo com todo carinho e Amor.
Acender uma vela.
Abaixar a pressa.
Abrandar a alma.
Porque o Natal não é data para vitrines.
O Natal é data para nos colocarmos de joelhos.
O Natal não é espetáculo.
O Natal é encontro.
É o dia em que Deus decidiu falar conosco na única língua que todos
entendem: a linguagem da fragilidade.
Das crianças.
Dos abraços.
Do Amor.
Por isso, talvez, a frase do sacerdote tenha me tocado tanto.
Porque lembrou a mim, e a todos que ali estavam, que Cristo nasce de
novo toda vez que o deixamos entrar.
No coração cansado.
Na casa apertada (ainda que uma seja quitinete, como ele, o Sacerdote,
bem nos lembrou).
Na vida simples.
No silêncio da Fé que ainda resiste.
E foi assim, saindo da igreja, que
percebi: não é o mundo que precisa do Natal.
Quem mais precisa do Natal somos nós. Todos nós.
Viva o Natal.
Viva o Natal de Jesus Cristo, nosso Senhor Todo Poderoso.
Amem!
(*) Cláudio Amaral (claudioamaral49@gmail.com) é
Católico. Patriota. Anticomunista. Autor do livro-biografia O Cabo e o
Jornalista (José Arnaldo 100 Anos) e do livro-autobiográfico Meus Escritos de
Memória. Jornalista desde 01/05/1968. Mestre em Jornalismo para Editores pelo
IICS/SP (2003). Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).
02/12/2025 11:54:13 (pelo horário de Brasília)
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