Por quê? (186) Um novo livro, por favor


Cláudio Amaral

Há quatro dias, muito a contragosto, conclui a leitura do livro de Ruy Castro, organizado por Heloisa Seixas e chamado O Leitor Apaixonado – prazeres à luz do abajur.

Era sábado, dia 3 de outubro de 2009, exatamente a data de mais um aniversario de Sueli, a primeira e única.

Foram, contados, um a um, exatos 30 dias de “prazeres à luz”, 30 dias em que me senti exatamente como o título da obra: um “leitor apaixonado”.

Por vezes, à luz do dia, embora os dias de Inverno, aqui em Santos, tenham sido pouco claros e os dias de Primavera menos ainda.

Por vezes, à luz elétrica, no escritório, na sala, no quarto e, na maior parte do tempo, no banheiro, onde a leitura corre solta e o tempo parece não passar.

Foi um dos raros livros em que eu avançava na leitura pedindo para recuar.

Um livro que Ruy Castro e Heloisa Seixas, ambos jornalistas e escritores, marido e mulher, deveriam tomar como exemplo de obra obrigatória.

Heloisa nos disse durante a “Tarrafa Literária”, no dia 4 de setembro de 2009, no Theatro Guarany, um dos templos da história cultural de Santos, que Ruy foi contra a publicação de O Leitor Apaixonado.

Mas, como sempre acontece com os homens diante da insistência das mulheres, ela acabou vencendo a batalha e o livro está aí, à disposição de todos os leitores apaixonados do Brasil e demais paises de língua portuguesa.

Comecei a leitura no mesmo dia em que ele, o autor, me fez uma dedicatória que lembra nossos sofrimentos durante a série de espetáculos batizados de “Chega de Saudade” e que rodou, pela ordem, o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Brasília.

Sofremos com a escassez de dinheiro e a abundância de desorganização, mas nos alegramos com a oportunidade rara de ver nos palcos tanta gente boa e talentosa: Zimbo Trio, Pery Ribeiro, Carlinhos Lyra, Claudette Soares, Luiz Eça..., sempre sob o comando da dupla Ronaldo Bôscoli e Luiz Carlos Miéli.

Pelas páginas de O Leitor Apaixonado – prazeres à luz do abajur me foi possível conhecer mais detalhes a respeito da Semana de Arte Moderna de 1922, a Ipanema de 1920, as noites da Lapa, como aprender “ingrês” com Millôr Fernandes e Pedro Carolino, três brasileiros (Nelson Rodrigues, Carlos Heitor Cony e Paulo Francis) e um jornal (o Correio da Manhã), a turma do Algonquin, as capas das revistas New Yorker e Esquire e muito, muito mais.

Em O Leitor Apaixonado – prazeres à luz do abajur tem até aula para “aspirante a biografo”, posição em que me coloco há anos, muitos anos.

Agora, terminada a leitura desta obra de Ruy Castro, me vejo numa situação incômoda e inédita: apegado a esse volume de papel impresso em formato de livro; apegado de tal forma que não quero, de jeito algum, dispor dele em favor de amigos e colegas que o desejam tanto ou mais do que eu.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, repórter, editor, professor e orientador de jovens jornalistas, palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação empresarial e institucional.

7/10/2009 10:35:35

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