Por quê? (189) Papai Noel


Cláudio Amaral

Estávamos numa quinta-feira, dia 17/12/2009.

Sueli e eu havíamos subido a Serra do Mar para passar em São Paulo as festas de fim de ano.

Como quinta-feira é dia do rodízio do nosso FIT Honda, embarcamos no Metrô na Ana Rosa e desembarcamos no Alto do Ipiranga, a última (ou seria a primeira?) estação da linha verde.

Ao chegar ao Condomínio Chácara Santa Cruz, na esquina da Rua Assunguí com a Santa Cruz, fomos abordados por um conhecido que havia se vestido de Papai Noel em 2008.

Ele foi direto ao assunto: disse que estava à procura de alguém que quisesse ser o Papai Noel da garotada em 2009.

Disse mais: que eu tinha “o perfil físico ideal”, ou, como diria meu diretor de interpretação Nill de Pádua, nos bons tempos de Oficina de Atores Nilton Travesso, lá pelos idos de 2004, o “physique du rôle” de Papai Noel.

Mesmo sem saber se Gilberto, que se vestira de Papai Noel em 2008, estava a me elogiar ou me depreciar, continuei a ouvi-lo atentamente.

Ele contou que havia tido a ideia no momento exato em que nos viu, a mim e a Sueli, ultrapassar a portaria do condomínio onde vivem minha filha Cláudia, meu genro Márcio Gouvêa e minha netinha Beatriz.

Qual ideia?

A ideia de me convidar para que eu me vestisse de Papai Noel.

Gilberto explicou que gostara da experiência, ano passado, mas estava com um “pequeno problema”: a maioria da garotada já sabia que seria ele o Papai Noel.

Isso quebraria o encanto, segundo ele.

Topei no ato.

Topei sem pensar.

Foi tão rápido, que Gilberto nem acreditou e me perguntou:

- Você topa? Topa mesmo?

Aceitei a missão e daí em diante foi só alegria e diversão.

Com base na experiência do ano passado, Gilberto me deu todas as dicas: me levou para trocar de roupa na sauna (que felizmente não estava funcionando naquele dia), fixou um travesseiro na barriga, ajeitou a barba branca e o chapéu vermelho, me explicou o que fazer com as calças e como manipular o saco de presentes (balas e pirulitos).

Gilberto me orientou inclusive como tratar a garotada quando eu chegasse ao salão da juventude.

- Você pega a criança e coloca no colo, pergunta o nome e o presente que ela pediu ao Papai Noel. Pergunta também se ela se comportou ao longo do ano e se acredita que mereça o que pediu. No fim, enfia a mão direita no saco de balas e pirulitos.

Foi moleza.

O duro foi aguentar o calor que sentia dentro daquela roupa de Papai Noel.

Mas isso não foi o mais difícil.

O mais difícil foi disfarçar o suficiente para que a pequena Beatriz do Amaral Gouvêa, de dois anos e meio completados no dia 12, não descobrisse quem era o Papai Noel.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, repórter, editor, professor e orientador de jovens jornalistas, palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação empresarial e institucional.

21/12/2009 13:12:32

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