Por quê? (191) Desilusão pessoal
Cláudio Amaral
Estou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Meu relógio de pulso – que Sueli me deu ao voltar da Itália, em fevereiro de 2009 – marca 10h53 do dia 29/1/2010.
Entro na loja da Laselva e busco jornais.
Vejo a capa do Valor Econômico e depois a da Folha de S. Paulo, que, curioso, pego para ver o nome da mulher que dialoga com o presidente Lula, enquanto a comitiva em torno dele caminha por algo que me parece a pista do mesmo aeroporto.
Após ver, uma a uma, as capas de todos os jornais disponíveis e de me deter por instantes n’O Globo, ainda hoje o melhor jornal do Brasil, parto para a bancada de livros.
Foi nesse momento que recebi a abordagem de uma loira de cabelos amarrados atrás, tipo rabo de cavalo.
Alguns poucos centímetros mais alta do que eu, ela me perguntou:
- Você conhece a promoção da loja?
E como eu disse que não, ela me passou uma ficha plastificada e acrescentou:
- Você escolhe duas revistas que costuma comprar na banca e elas serão entregues em sua residência com taxa reduzida.
Sem mais nem menos, neste exato instante eu respondi que há meses deixei de ler revistas.
E sem que a loira me perguntasse, emendei:
“Trata-se de uma desilusão pessoal, você me entende?”
Se ela entendeu ou não, fiquei sem saber.
Sei apenas que ela não aproveitou a deixa espontânea que lhe dei para seguir com a conversa.
No lugar dela eu teria indagado a respeito da minha tal “desilusão pessoal”.
Teria perguntado do que se trata essa “desilusão pessoal”.
Qual o tamanho e ou a profundidade dessa “desilusão pessoal”?
O que essa “desilusão pessoal” tem a ver com as revistas que ela queria mandar para a minha residência?
Agora, às 11h27, enquanto escrevo, fico a pensar:
“Será que ela, a loira, se sentiu constrangida diante da minha afirmação e resolveu recuar?”
“Ou será que para ela a minha tal ‘desilusão pessoal’ soou como algo muito íntimo, a ponto dela não querer se envolver nos meus problemas?”
Pelo sim, pelo não, aqui estou a meditar e a me questionar a respeito da falta de iniciativa da loira da loja.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, repórter, editor, professor e orientador de jovens jornalistas, palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação empresarial e institucional.
29/1/2010 11:32:09
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