Por quê? (297) Cinco de agosto
Cláudio
Amaral
O dia cinco de agosto é
inesquecível para mim. Primeiro, porque nesta data lembro-me sempre do Grande
Amigo Meninão. Segundo, porque há um ano eu estava entre as 150 pessoas
reunidas no prédio do IICS. Terceiro, porque naquele encontro de Masterianos o
Amigo Eduardo Ribeiro me proporcionou uma alegria para sempre.
Meninão foi um Grande Amigo,
repito. Nasceu em Bruxelas, na Bélgica, porque o pai era decorador de fama internacional, conhecido como Luiz Europeu e autor da decoração do Jockey Club de São Paulo. Mas foi
registrado como brasileiro e com um nome tão enorme quanto ele viria a ser,
fisicamente: Álvaro Luiz Roberto de Assumpção. Ele tinha mais de dois metros de
altura, foi dono de boates e um conhecido homem da noite. Em São Paulo,
principalmente. Mas no Rio de Janeiro também.
Conheci Meninão por obra e
graça do Amigo Luiz Roberto de Souza Queiróz, o Bebeto, meu colega de
reportagens no Estadão. Na época, início dos anos 1970, o empresário Álvaro
Assumpção já era colunista social na hoje extinta Folha da Tarde e dono da A.
A. Comunicação, empresa de assessoria de imprensa. Às duas atividades ele fora levado
pelos conhecimentos e informações que possuia no meio empresarial e noturno.
Passei a trabalhar com
Meninão mesmo sendo repórter do Estadão. Em 1975, fui para a assessoria de
divulgão da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, onde fiquei por
18 meses. Ao sair, e não desejando voltar ao diário da Família Mesquita, do
qual estava licenciado, passei a visitar os Amigos. E fui bater na A. A., então
instalada na Rua Martinico Prado, nas proximidades da Santa Casa de
Miserircórdia.
Assim que soube que eu estava
por lá, Meninão mandou me chamar e logo me propos trabalhar novamente com ele.
Desta vez, entretanto, não mais como profissional de atendimento, como
anteriormente. Mas como gerente da equipe de Jornalistas. Diplomaticamente, me
recusei e fiz uma nova proposta: ser gerente geral e por consequência chefe dos
três gerentes da empresa.
Meninão parou, pensou e
aceito. E eu fui gerente geral na A. A. Comunicação por dois anos ao longo de
1976, 1977 e 1978. Até que um dia ele me chamou na casa que ocupava na Rua
Gironda, no Jardim América, para me soltar uma bomba no colo: estava de viagem
marcada para os EUA porque precisava se submeter a uma cirurgia no fígado, pois
sofria de cirrose epática.
Corri para casa, na Rua
Machado de Assis, na Aclimação, peguei um livro enorme sobre doenças e fui
pesquisar a tal. Quase cai duro e preto. Chamei minha Sueli e disse a ela que
só Deus manteria Meninão conosco.
Ele voltou ao Brasil um mês
depois, me chamou à residência novamente e me mostrou o resultado da cirurgia: “Abriram
uma avenida na minha barriga, de alto a baixo”, me disse com a blusa do pijama
aberta.
Fiquei horrorizado, pois
ainda não tinha maturidade suficiente para enfrentar algo do gênero.
Poucos dias se passaram até
quando Meninão foi novamente internado no Hospital Sírio Libanês, onde nem
tempo para os Amigos vê-lo ele nos deu. Eu estava tomando banho, em casa,
quando Sueli foi me avisar que a Amiga Leda Cavalcanti, que trabalhava conosco,
estava ao telefone. Eu nem precisei atendê-la para saber que havíamos perdido o
Grande Amigo Álvaro Luiz Roberto de Assumpção, o único Jornalista que conheci
que não sabia datilografar.
Foi triste, muito triste.
Feliz, entretanto, foi o
encontro de Masterianos no dia 5 de agosto de 2011, no Instituto Internacional
de Comunicação Social, na Bela Vista. O Master criado especialmente para
Jornalistas, e que eu havia cursado em 2003, estava completando 15 anos e os
Amigos Carlos Alberto Di Franco e Mônica Paula organizaram um grande evento.
Ainda convalecendo de uma
cirurgia na cabeça, detalhada na crônica anterior (http://www.blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2012/07/por-que-296-um-ano-de-vida-nova.html), fui à sede da Rua Maestro Cardim levado no meu
Honda Fit por minha filha querida. A meta era ficar algumas poucas horas,
apenas. E lá fiquei o dia todo, das 9h às 20h. Mantive a cabeça coberta pelo
chapéu que havia ganho dias antes do meu filho caçula. Era ordem médica.
Ao final do encontro, o
Jornalista e Amigo Eduardo Ribeiro, editor-responsável pelo semanário Jornalistas & Cia., me encomendou,
sem perguntar se eu tinha condições de escrever, um texto a respeito de tudo o
que se passara naquele evento. E acrescentou: “Um texto de 7.000 toques”.
Eduardo Ribeiro foi me levar
em casa e conversamos a respeito de tudo, menos sobre o texto. Ao chegar, rever
a esposa, a filha, os netinhos Beatriz e Murilo, os filhos e a nora, parei e
pensei: 7.000 toques!? Sueli ainda me perguntou: “Até quando?” Respondi: até
segunda-feira. Ela, otimista como sempre, me respondeu: “Senta e escreve”.
E foi o que fiz: sentei,
escrevi e mandei para o Edu. Fiz uma ressalva: ele deveria ler com lupa e
editar de acordo com as regras do J&Cia..
E com uma preocupação a mais, porque eu tinha receio de a memória ter falhado,
como falhava antes da cirurgia do dia 29 de julho de 2011.
Poucas horas se passaram até
que um novo correio eletrônico chegasse ao meu computador, assinado por Eduardo
Ribeiro. Ele me dizia que o texto estava perfeito (ou algo assim). E publicou
na edição seguinte, na quarta-feira daquela mesma semana.
Fiquei muito feliz. E mais
feliz ainda quando Mônica Paula me ligou para dizer que iria reeditar o meu
texto na revista especial que estava preparando para marcar os 15 anos de
Master.
Lembrei de tudo isso neste
domingo, 5 de agosto de 2012, enquanto orava, ajoelhado, dentro da St. Thereza
Catholic Church, aqui em Ashburn, Virgínia, EUA. Orei, agradeci a Deus, aos
Amigos Meninão, Edu e Mônica pelas alegrias que me proporcionaram. E também
para que Nosso Senhor cuide dos nossos destinos. Deles, meu, dos meus
familiares, das Amigas e dos Amigos.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
05/08/2012 13:53:03 (em
Ashburn Village, Virgínia, EUA)
05/08/2012 14:53:03 (horário
de Brasília)
Comentários
Primeiro: ele nasceu em Bruxelas, Bélgica. Quem nascei em Genebra, Suíça, foi minha mãe.
Segundo: meu avô era Decorador, conhecido como Luiz Europeu, autor da decoração do Jockey Club de São Paulo. Diplata era o pai de minha avó, sua esposa.
Obrigada pela lembrança e homenagem! Amo vocês! Beijo especial para Sueli.