Por quê? (316) Sangue nos olhos
Cláudio
Amaral
Acordei com sangue nos olhos.
E isso não aconteceu apenas hoje, não. Senti que antes de deitar, na noite de
quinta-feira, já estava com sangue nos olhos. A mesma sensação – ou seria
certeza? – tive ao acordar na sexta-feira (22.2.2013). Foi assim ao longo de
todo aquele dia.
Acordar com sangue nos olhos
não é bom, de acordo com o que ouvi na quarta-feira pela manhã da boca da
Professora Yara Cristina Gabriel. Ela é a única mestra do sexo feminino que
temos na turma de 75 alunos da sala 12-B do Complexo Educacional FMU, no Campus
Liberdade, em São Paulo.
Yara disputa nossa atenção
com outros cinco professores: André Oliva Teixeira (História Antiga Oriental),
Edson Violin Júnior (História do Brasil – Séculos XVI e XVII), Leandro de
Proença Lopes (Práticas Pedagógicas: Escola e Currículo), Flávio Luís Rodrigues
(História da Alta Idade Média) e Osvaldo Cleber Cecheti (Sociologia e Educação).
Ela é titular da cadeira de Teoria da História e nos disse na aula do dia
21.2.2013: quando se acorda com sangue nos olhos, tem-se a tendência de tratar
mal as pessoas o dia todo. E – por mais estranho que possa parecer,
especialmente para quem me conhece bem – foi o que aconteceu comigo por cerca
de 20 horas, a partir da noite da mesma data.
Para começar, fiquei
revoltado com os gastos que se somaram na conta do meu cartão de crédito. Perdi
o controle, confesso. Agora, vou ter que arcar com as consequências.
Dormi mal a partir do momento
em que verifiquei, pela Internet, que a United e a Decolar.com lançaram no meu
Itaú Gold a primeira parcela da viagem que farei aos EUA e que terei de pagar
no dia 15.3.2013. A culpa foi minha. Toda minha.
Fiquei contrariado na manhã
seguinte ao ter que acordar uma hora mais cedo – às 6h da madrugada – por conta
de uma consulta com a nutricionista do plano de saúde Prevent Senior. Pobre
Solange Valio Camargo. A poverella
pagou o pato por conta do sangue que eu levava nos olhos. Perdão, cariño. Quando você me conhecer melhor,
verá que sou um homem educado, gentil e cortês. Especialmente com jovens como
você.
Mais do que contrariado, me
senti revoltado com o volume de pessoas que caminhavam pelos subterrâneos que
ligam as linhas Amarela (Estação Paulista) e Verde (Estação Consolação). Pretendo
nunca mais passar por lá. Tanto pela quantidade de usuário quanto pelas escadas
que tive que subir e descer. Fui da Consolação até a Estação Paraíso e de lá a
Estação São Joaquim, pela Linha Azul. Conclusão: cheguei com uma hora de atraso
à aula do Professor Cleber. Entrei na classe quando ele estava na metade das
explicações a respeito do Positivismo de Augusto Comte. Meu relógio marcava 9h
e eu estava cansado e com sono.
Fiquei surpreso – eu e todos
os colegas do curso de Licenciatura em História – quando o Professor Cleber nos
pediu uma dissertação sobre a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Quase
cai da carteira. Confesso, mais uma vez, que sabia muito pouco – ou quase nada –
dos dois acontecimentos. E tive que improvisar no momento em que os meus cinco
colegas de grupo me escalaram para ser o primeiro a falar. Perdão,
companheiros. Prometo que vou me empenhar mais – bem mais – a partir de agora. E
me esforçar para sempre ter as leituras em dia. E com isso nunca mais ter
motivo para sentir vergonha dos trabalhos que viermos a produzir.
Depois da aula do Professor
Cleber fui buscar alguns textos na copiadora vizinha à FMU e… nada feito. Só na
segunda-feira, dia 25.2.2013, me informou a atendente, visivelmente decepcionada. No final da tarde ela me
ligou, pediu mil desculpas e disse que as cópias estavam prontas. Ainda bem.
Imaginem vocês, caros
e-leitores, o bagaço que eu estava ao chegar em casa, por volta do meio-dia e
meia. Sentia-me tão cansado que nem percebi as grosserias que falei para o
técnico da Claro TV que tocou a campanhia de casa justo na hora em que eu e minha
Sueli Bravos do Amaral estávamos sentando à mesa do almoço. Fui tão grosso,
segundo ela, que cheguei a magoá-la. Perdão, cariño. Você não merece, jamais
mereceu e nunca merecerá minhas grosserias. Só o meu Amor, reconhecimento,
amizade, companheirismo e solidariedade.
Sangue nos olhos? Jamais!
Prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para que isso não se repita!
Juro de dedos cruzados!
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
23/02/2013 15:48:37
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