Por quê? (321) – Uma decisão feliz



Cláudio Amaral

Bendita a hora em que decidi ocupar meu tempo livre com o curso de Licenciatura em História na FMU. Sim, está sendo difícil, muito difícil, mas a culpa é minha. Apenas e tão somente minha. E tem um motivo especial e pessoal: levo a sério, muito a sério, tudo aquilo que decido fazer. Por consequência, sofro. Sofro mais do que qualquer outro ser humano. Antes, durante e, não raro, depois, também.

Mas está valendo a pena? Sim, está. E está por um motivo claro, lógico, palpável, simples e evidente: estudar História me faz feliz e me ajuda a superar os eventuais sofrimentos.

Na verdade, dormir cedo, levantar cedinho – ou seja, por volta das 6h30 – e sair de casa às 7h30 para estar na 12B da FMI, na Liberdade, em São Paulo, antes das 8h, me motiva. Até mesmo quando não posso ir cedo para a cama, como nas quartas-feiras de jogos do meu Corinthians, que invariavelmente terminam por volta da meia-noite.

Quase sempre volto para casa cansado. E os motivos são vários: o mais evidente de todos é que meus professores – cinco homens e uma mulher, a querida Yara Cristina Gabriel, que nos ensina Teoria da História – são loucos acima da média. Cada um tem um estilo, mas todos são agitados, veementes, irônicos e, ao que me parece, masoquistas o sufiente para gostarem de dar aulas.

Sim, eu sei que devo ser quase tão masoquista quanto eles. E por uma razão muito simples: ter coragem de escrever tudo isso dos meus professores não é normal. Até porque dependo de cada um deles nas notas que precisarei tirar para passar deste primeiro para o segundo semestre.

Entretanto, nada disso é motivo para estar aqui a escrever essas mal traçadas linhas. O que me levou a tomar a iniciativa de redigir essa crônica foi a alegria que senti hoje (sábado, 13.4.2013) e exatamente em função do curso de História que estou a frequentar desde o dia 1º. de fevereiro.

Acordei e me levantei um pouco mais tarde do que o normal. Afinal, hoje estou “de folga” da FMU e dos loucos dos meus mestres. No entanto, estava decidido a enfrentar a Avenida Paulista em busca de pelo menos um livro que conheci esta semana, exatamente na FMU: Ferramentas para o pesquisador iniciante, de autoria de Jocelyn Létourneau, professor de História na Universidade Laval, no Canadá.

Inicialmente, pensava em ir até a Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, na esquina da Paulista com a Rua Augusta. Uma consulta ao site da loja me deixou assustado com o preço do livro. Por consequência, resolvi pesquisar nos sites de sebos, aquelas maravilhosas lojas que vendem objetos usados: de livros a gibis, incluindo CDs, LPs, DVDs e vídeos.

Feito isso, encomendei o livro de Ferramentas no www.sebodomessias.com.br, tido como o “melhor site da América Latina”. E lá fui para retirar o meu objeto de desejo na Praça João Mendes, entre as estações Liberdade e Praça da Sé. E qual não foi minha satisfação ao constatar que a obra de Jocelyn Létourneau estava novinha em folha. Tão nova, acredito, quando o exemplar usado nas nossas aulas pelo Professor Flávio Luís Rodrigues, que nos ensina Leitura e Produção de Textos (neste caso, especificamente, porque no mesmo dia, às quintas-feiras, ele nos dá aula de Alta Idade Média).

Antes e depois dessa maravilhosa aquisição livristica, pratiquei minha curiosidade junto às muitas prateleiras do Messias. E não é que acabei encontrando uma outra preciosidade? Sim, encontrei – e comprei, meio que no impulso – uma coleção rara de três volumes da História da vida privada, “dirigida por Philippe Ariès e Georges Duby”. O volume I cobre “Do Império Romano ao ano mil”, o 2 vai “Da Europa feudal à Renascença” e o 3 nos conta a história “Da Renascença ao Século das Luzes”.

Voltei para casa carregado e feliz. Mas agora, enquanto escrevo, descobri que mais alegre ficarei quando conseguir a coleção completa, que inclui mais dois volumes: o 4, “Da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial” e o 5, “Da Primeira Guerra Mundial aos nossos dias”.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968 e estudante de História na FMU/Liberdade/SP desde 1º. de fevereiro de 2013.

13/04/2013 19:03:53

Comentários

Blog do Tiné disse…
Chamaria isso de tara. Tarado por escrever. É também um ato de coragem, pois publicar imediatamente o que se escreve é um risco incomensurável.
O amigo está de parabéns. Terá um leitor atento e invejoso.

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