Por quê? (348) – Vem, vamos embora...
Cláudio
Amaral
A aula desta manhã com a
Professora Silvia Cristina Lambert Siriani me levou de volta aos anos 1960. À minha
infância e parte da juventude que vivi em Adamantina, no Interior paulista. E
espero jamais esquecer da primeira vez que fui até o auditório do Prédio 7 da
FMU, no quinto andar do edifício de número 97 da Rua Fagundes, na Liberdade, em
São Paulo.
Estamos começando a II Semana
de História de 2014 no curso de licenciatura, aquele que nos habilitará a ser
Professor de História e Historiador, ao mesmo tempo. No meu caso,
especificamente, Historiador, pois pretendo continuar a pesquisar e a produzir
biografias, como tenho feito há anos.
Pois bem. Nesta primeira aula
– mais palestra do que aula –, a Professora Silvia, que nos ministra a
disciplina de História do Brasil desde o segundo semestre, nos falou a respeito
de um tema que me diz bem de perto e cujo tema foi “Cale-se”! A música, o protesto e a censura durante o regime militar
brasileiro.
O público era formado por
alunos dos seis semestres de Licenciatura em História da FMU, entre os quais os
da minha turma do quarto semestre. O auditório não estava cheio, mas a platéia
ouviu atentamente as explicações da nossa Maestra. Até porque a maioria era
formada por jovens que não viveram os tempos difíceis da ditadura
cívico-militar que começou a 1º. de abril de 1964 e que administrou o Brasil
até 1985.
Silvia nos lembrou que as
músicas de protestos não foram inventadas pelos compositores e cantores dos
tempos posteriores à derrubada de Jango Goulart, pois antes o mesmo havia
acontecido nos tempos do barroco por Gregório Matos Guerra, do Império de D.
Pedro e da Era Vargas com Alvarenga e Ranchinho, por exemplo.
Segundo ela, em 1964 o Brasil
tinha movimentos ativos, que ou foram extintos ou entraram para a
clandestinidade. E que em 1968 os festivais usaram a música para dizer o que não
era permitido ou do gosto dos militares que ocuparam a Presidência da República
e outros postos importantes da Administração Pública Federal. As músicas da época foram mutiladas pela
censura e algumas totalmente proibidas, nos disse a Professora Silvia.
Silvia nos falou ainda de
gente como Nara Leão, Jair Rodrigues, o grupo Tropicália, Gilberto Gil, Caetano
Veloso, Simone, Maria Bethania, Gal Costa, Tom Jobim, Chico Buarque, Roberto
Carlos, Erasmo Carlos, Vanderléia, Taiguara, Milton Nascimento, Elis Regina,
Raul Seixas (o mais censurado de todos) e o maior ídolo que tive desde os anos
1960: Geraldo Vandré.
Com a Professora Silvia nós
pudemos rememorar, entre outros, os festivais musicais promovidos pelas
emissoras de televisão Excelsior, Record e Globo, assim como a música que
consagrou Vandré: Pra não dizer que não falei
das flores (http://www.letras.com.br/#!geraldo-vandre/pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-flores).
Segundo ela, essa canção pode ter sido o principal ou um dos princiais motivos da
edição do Ato Institucional número 5, o famigerado AI-5, de 13/12/1968.
Não vão chorar,
recomendou a todos nós a Professora Silvia Siriani segundos antes de pedir para
que o maridão e também Professor André Oliva Teixeira Mendes apertasse o botão “play”
da música de Vandré que o imortalizou e quase o levou à morte sob tortura. Mas não
teve jeito: chorei, relembrando os meus tempos de locutor da Rádio Brasil de
Adamantina, quando me juntava a outros colegas e nos trancávamos na discoteca
para ouvir Geraldo cantar:
Vem, vamos embora que esperar não é saber/quem sabe
faz a hora não espera acontecer…
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (Turma de 2003) e estudante de História na FMU/Liberdade/SP desde 1º. de fevereiro de 2013.
08/09/2014 19:45:25
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