Por quê? (401) – O que será de nós?(5)


Alô meus netinhos queridos... Vovô quer ver vocês, mas bem de perto...

Cláudio Amaral

Está cada vez mais difícil saber o que será de nós ao final dessa pandemia.

Cada um faz uma previsão. E cada previsão tem sua motivação. Ora política, ora econômica, ora racional, ora irracional, ora positiva, ora das mais pessimistas, ora... ora... oras bolas.

Já ouvi falar e li que essa pandemia não terá mais fim. Nem mesmo que uma vacina seja descoberta sabe-se lá onde.

Mas, felizmente, tem aqueles que acreditam e até juram de pés juntos e mãos postas que o fim da pandemia está próximo. E pedem pelo Amor de Deus, e por todos os santos, que não se pronuncie o nome do causador desta pandemia. Nem da pandemia devemos falar.

Ah! Tem gente também que não gosta e não quer que falemos ou escrevamos vírus chinês ou corona vírus. Acreditam, mas não provam, que isso dá azar.

Com sorte ou com azar, a verdade (se é que a Verdade existe) é que a tal da pandemia está aqui e por aí a infectar, a levar para a cama (de casa ou do hospital) e a matar milhões de seres humanos em todos os cantos do mundo.

No dia a dia das nossas cidades e das nossas vidas a situação segue a mesma: confusa, agitada, modorrenta, insegura, tensa, imprevista e chata, muito chata.

Todo dia alguém me pergunta se estamos bem, em casa, em isolamento social, sem ir às compras.

Cuide-se e fique em casa é o que mais ouço.

E ieu respondo: cuidando-me estou; em casa, igualmente.

O que mais tenho feito? Tenho estudado sem parar. Tenho lido como um louco. Escrever é o que mais faço. Mandar mensagens aos Amigos e às Amigas estou direto.

E o que mais?

E ieu sei lá.

Ah, sei sim. Sei bem o que não estou a fazer, como gostam de dizer meus amigos de Portugal.

Sei, por exemplo, que não estou tendo contatos físicos com as pessoas que mais amo: meus filhos (Cláudia, Mauro e Flávio) e meus netinhos queridos (Beatriz, Murilo e Mariana). Quase todo dia falo com eles pelos meios eletrônicos, mas o qu’eu queria era vê-los de perto, abraçá-los, apertá-los, beijá-los. Mas, como dizem, é preciso ter paciência e dar tempo ao tempo.

Sei, também, que há semanas evito ver e ler notícias. Especialmente pelos meios impressos e eletrônicos. Não tenho saco suficiente para encarar as chatices e as maldades que os colegas jornalistas tentam nos impor sob a argumentação de que estão nos prestando serviços de utilidade pública. Afinal, a quem interessa saber quantos foram infectados, quantos estão internados, quantos morreram, onde os corpos foram enterrados? A quem interessa saber o que os nobres deputados e senadores disseram disso e daquilo? A quem é importante conhecer as opiniões dos políticos que elegemos ou deixamos de eleger?

A mim, não, cara pálida.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.bré Católico Apostólico Romano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

07/05/2020 13:30:03 (pelo horário de Brasília)

Comentários

Gostei desse seu texto, dá para refletir bastante. Eu acho que a ciência irá vencer o coronavírus com vacinas daqui a um ano.
Só me preocupo com você questionando se a verdade existe. Somos jornalistas e nosso ofício exige perguntar sempre para com isso se buscar o mais próximo da verdade. A verdade não é inatingível porque que é científica. 2+2=4. Cristo nos disse: Conheça a verdade e a verdade te libertará. Ou seja, conhecendo a verdade nos livramos das dúvidas, de antigos conceitos e dos preconceitos.

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