Por quê? (448) – O Amigo Bebeto

Luiz Roberto de Souza Queiroz (1942-2025)


Cláudio Amaral

Muitos Amigos e Amigas me fazem falta.

Os vivos e os que já foram chamados para a Casa do Pai.

Muitos.

Mas tem um em especial que me faz uma falta enorme, muito grande: é Luiz Roberto de Souza Queiroz (1942-2025).

Bebeto, como era mais conhecido, foi dos primeiros profissionais do Jornalismo que conheci ao chegar à Redação de O Estado de S. Paulo, em 1970.

E a nossa empatia aconteceu de imediato.

Ele era cobra criada e eu um mero candidato a repórter.

Acabara de ser admitido como correspondente do Estadão em Marília, por obra e graça de pessoas do bem como Stipp Jr. e Raul Martins Bastos.

Stipp era correspondente no Vale do Paraíba (SP) e Raul Bastos o todo-poderoso chefe de todos os Jornalistas que a serviço do Estadão atuavam fora da sede, ou seja, pelo Brasil todo.

A mando de Raul, Stipp havia viajado a Marília em Junho de 1969 com duas missões: fazer reportagens especiais e encontrar um correspondente.

E graças à indicação do meu primeiro Professor de Jornalismo, Irigino Camargo, meu chefe do Jornal do Comércio de Marília, o escolhido fui eu.

Apresentado a Stipp por Irigino, atravessamos a Rua 9 de Julho e fomos tomar minha bebida preferida na época (Fanta laranja) no bar que havia exatamente em frente à entrada principal do JC.

Saimos de lá apalavrados para um período de testes sob a supervisão de Raul Bastos.

Essa fase foi fácil, tal era a minha determinação de aproveitar aquela oportunidade rara.

E logo Raul me mandou a mensagem de aprovação, que ia e vinha sempre via outra figura inesquecível: Adhemar Ourichio.

Meses depois eu era promovido a Correspondente Regional, um ano e meio se passou até minha transferência para a Sucursal de Campinas e em Maio de 1971 estava eu desembarcando na sede central do Estadão como Repórter da Editoria de Esportes.

Bebeto era Repórter da Geral e não raro sentávamos lado a lado, até porque nenhum de nós tínhamos lugar fixo na Redação do 5º andar do edifício de número 28 da Rua Major Quedinho, no centro velho da Capital paulista.

Ficamos Amigos e Bebeto era o profissional em quem eu mais me inspirava.

Logo eu fui transferido para a equipe do Mestre Eduardo Lopes Martins Filho, que, como Chefe de Reportagem, passou a ser o meu segundo Professor de Jornalismo.

Eduardo Martins era um profundo conhecedor da Língua Portuguesa e um Professor sem igual.

Bebeto, por sua vez, conhecia a tudo e a todos, dentro e fora do Estadão.

Ele era um lorde e integrava a melhor linhagem de quatrocentões paulistas.

Foi ele quem me apresentou, por exemplo, ao também aristocrata Álvaro Luiz Roberto de Assumpção, o Meninão.

Enfim, nossa Amizade era tão forte que seguiu inabalável e ininterrupta até ele ser chamado à Casa do Pai, no dia 17 de Julho de 2024.

Há anos Bebeto e a esposa, a também Jornalista Táta Gago Coutinho, viviam num condomínio do município de Itu, no Interior do Estado de São Paulo.

Ambos eram Católicos praticantes e como tal atuavam como Ministros Extraordinários da Eucaristia numa paróquia local.

Bebeto nos deixou aos 83 anos em consequência de um infarto fulminante.

E se foi sem que pudéssemos ter realizado uma das mais brilhantes ideias que ele teve ainda nos nossos tempos de reportagem no Estadão: editar um livro, mais um dos muitos que ele produziu, reunindo as principais coberturas da turminha que atuava no Estadão a partir das 8 horas da manhã. Como ele, eu e outros bons Jornalistas.

O lado bom da história que eu tive oportunidade de homenagear a todos, vivos e não mais, nas páginas do meu quinto livro: Meus Escritos de Memória, editado pela www.editorapatriani.com.br e publicado em meados de 2025 graças à iniciativa e a coragem do Editor Adriano Patriani.

  

(*) Cláudio Amaral (claudioamaral49@gmail.comé Católico. Patriota. Anticomunista. Autor do livro-biografia O Cabo e o Jornalista (José Arnaldo 100 Anos) e do livro-autobiográfico Meus Escritos de Memória. Jornalista desde 01/05/1968. Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003). Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

22/11/2025 12:09:05 (pelo horário de Brasília)

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