Por quê? (187) Um plano de defesa antiaérea, por favor


Cláudio Amaral

A área brasileira de Pré-Sal só não colocará em funcionamento um plano de defesa antiaérea se não quiser.

O plano está feito e foi apresentado na manhã desta terça-feira, dia 20/10/2009, no auditório da Codesp, a Companhia Docas do Estado de São Paulo, na região portuária de Santos, a Capital da Baixada Santista.

O autor intelectual e apresentador do plano é o general de brigada Nelson Santini Júnior, paulista de Campinas, há 30 anos no Exercito brasileiro e atual comandante da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, sediada no Forte dos Andradas, na Praia do Monduba, no Guarujá, na margem esquerda do Porto de Santos.

O general Santini falou em detalhes sobre o plano que idealizou. E usou o máximo de detalhes possíveis.

Falou das 9h17 às 11h02 para um auditório totalmente lotado, e atento.

Santini elogiou o presidente Lula e o ministro da Defesa, Nelson Jobim: “Estamos caminhando em 5 anos os 50 que caminhamos para trás”. Mas também não deixou de dar alfinetada em ambos: “O plano está pronto. Só falta a vontade e a decisão políticas”.

A vontade política, no caso, será necessária para decidir pela implantação do plano e fazer um investimento de 620 milhões de dólares exatamente na defesa antiaérea idealizada por Santini: 500 milhões de dólares na compra de 5 baterias antiaéreas de médio alcance; 60 milhões de dólares em 12 baterias de baixo alcance e 36 radares da marca Saber.

Com esse investimento, o comandante da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea acredita que o Brasil terá logística para defender o Pré-Sal por dez anos.

Ao longo desse tempo, diz Santini, será preciso fazer apenas a manutenção de homens, sistemas e equipamentos.

Teremos, assim, uma área protegida de 160 mil quilômetros quadrados – a área da Bacia de Santos –, ou seja, 200 quilômetros de largura por 800 quilômetros de comprimento, de Santa Catarina ao Espírito Santo.

Essa área incluirá, por exemplo, os dois maiores poços de extração de petróleo da Bacia de Santos: Tupi e Iara.

O general Santini espera ser autorizado a instalar em cada plataforma, em Tupi e em Iara, quatro soldados munidos de lançadores de mísseis.

O esquema se repetiria em cada uma das 11 refinarias da Petrobras em funcionamento em território nacional, onde também seriam implantados quatro soldados com lançadores de mísseis e radares suficientes para cobrir 36 quilômetros quadrados (de cada refinaria).

Usando como outro exemplo a cidade de Santos, Santini garantiu ao público que foi ouvi-lo na sede administrativa do Porto de Santos que seis soldados e as respectivas baterias antiaéreas defendem o município.

Reconheceu que isso ainda não é tudo o que o Brasil precisa e defendeu a necessidade de uma união: “Sem as forças do Exercito, da Marinha, da Aeronáutica não faremos defesa antiaérea”.

Nem assim, entretanto, as forças armadas estarão completas, na opinião do general Santini: “Precisamos sempre da Polícia Militar, por exemplo, porque a PM tem efetivos treinados e armados para o combate, como tem acontecido no Rio de Janeiro”.

Santini usou o caso recente do Rio de Janeiro, onde um helicóptero foi abatido por milícia de traficantes, para mostrar o clima que imagina ser possível em torno do Pré-Sal.

Ele lembrou que o Brasil caminha firme para um lugar de destaque entre os maiores produtores de petróleo e gás do mundo. Disse também que a água é cada vez mais escassa no nosso planeta. E que, paralelamente, o governo brasileiro luta por um posto definitivo no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Diante de tudo isso, alguém acredita que o Brasil ficará livre de ataques terroristas internacionais?”, indagou Santini. E acrescentou: “Por que ficaríamos, se todos os países com lugares garantidos no Conselho de Segurança da ONU sofrem ataques terroristas?”

Antes mesmo que alguém dissesse que 620 milhões de dólares é muito dinheiro e que o plano antiaéreo do Pré-Sal não será necessário, Santini se adiantou: “Estou pedindo apenas 0,4% do valor agregado dos dólares investidos na exploração do petróleo do Brasil” e “cumprindo com a minha obrigação de comandante da Brigada Antiaérea: mostrar o que é defesa antiaérea”.

Usando uma frase de efeito que tem repetido seguidamente entre amigos, Santini disse: “Santos não será a primeira área do Brasil a ser destruída; será a primeira a ser defendida”.

E por fim lançou mão da Bíblia, como também faz sempre que pode: “Se você quer a paz, prepare-se para a guerra”.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, repórter, editor, professor e orientador de jovens jornalistas, palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação empresarial e institucional.

20/10/2009 15:15:58

Comentários

Luiz Otero disse…
Só uma reflexão sobre a fala do graduado oficial militar: a PM encontrou munição em Santos, em poder de marginais, suficiente para abater um avião. É, parece que a tal guerra já começou faz tempo
Gabriel disse…
Olá, achei muito interessante sua matéria. É de grande importancia não só para moradores da baixada santista, mas como para todo Brasil. O Brasil necessita de capital para investir na defesa anti-aérea. Concordo plenamente com o General Santini.

Gostaria de pedir uma coisa para você, que informaçe no seu blog ou por e-mail se o acordo já foi aceito e se o governo já está tomando medidas para melhoria da defesa anti-aérea da 1ª Brigada de Artilharia Anti-Aérea.

Caso necessite, meu e-mail é:
fegz@terra.com.br

Obrigado.
Cláudio Amaral disse…
Prezado Gabriel, bom dia.

Até onde estou informado, o plano ainda aguarda análise dos superiores do general Santini.

Abraços e disponha sempre.

Cláudio Amaral

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