Por quê? (323) Aposentadoria ou não?



Cláudio Amaral

“A aposentadoria pode gerar prejuízos para a saúde física e mental”, anunciou Sandra Annenberg, apresentadora do Jornal Hoje da TV Globo, no início da tarde desta sexta-feira. E acrescentou: é o que “revelou uma nova pesquisa”.

Imediatamente parei o que estava fazendo no computador e virei-me para a televisão que tenho aqui no meu “Escriptório” residencial ou home office, como dizem os chiques. Afinal, tudo o que se refere a aposentadoria e aposentados me interessa, desde que me aposentei, em 2005.

Estava com 55 anos quando consegui minha aposentadoria. Era novo? Sim e não. Sim porque passei anos e anos dizendo que jamais me aposentaria. E mais: dizia que iria morrer trabalhando, e sem me aposentar. Não, porque comecei a trabalhar aos seis anos de idade, em 1955, quando meu pai passou a me levar com ele para a lavanderia em que era empregado, aqui em São Paulo.

Trabalhei, portanto, dos seis aos 60 anos. Sim porque após obter a aposentadoria junto ao INSS, continuei a prestar serviços regularmente na Redação do jornal diário Comércio da Franca, em Franca, no Interior paulista.

Só me aposentei, de fato e de direito, após a cirurgia do dia 29 de julho de 2011, quando o neuro-cirurgião Diogo Lins extraiu um tumor benigno que havia crescido na minha cabeça, logo abaixo do couro cabeludo.

Uma vez recuperado, decidi que não teria mais emprego formal. O último havia sido na Redação d’A Tribuna, em Santos, onde havia conseguido atingir o ápice da carreira jornalística.

A partir de então só aceitei, eventualmente, algumas missões especiais. Tais como dar conselhos e consultorias. Vez ou outra, escrever um ou outro texto para publicações de Amigas e Amigos.

Até o final do ano passado eu dividi meu tempo de aposentado entre o Brasil e os Estados Unidos, onde passei cinco meses em 2012. E também entre serviços domésticos a pedido da minha Sueli Bravos do Amaral e da nossa filha, que foi morar em Ashburn duas semanas após minha cirurgia.

Ocupei-me da forma que mais me deu prazeres. Arrumei camas, lavei banheiros, varri, tirei pó, cortei grama, dirigi para meu genro, minha filha, meus netinhos queridos e também para Sueli e minha sogra.

Fiz mais: li e escrevi muito. Li jornais, revistas e livros, muitos livros. Escrevi crônicas (como esta), recados e comentários publicados na Internet. Ouvi rádio e vi TV. Visitei Amigas e Amigos. Assisti palestras e conferências.

Até que no final do ano passado cheguei à conclusão de que precisava fazer algo a mais. E fiz vestibular, passei e me matriculei no curso de Licenciatura em Historia, na FMU. É lá que estou assistindo aulas desde o dia 1º. de fevereiro de 2013. De segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 11h30.

Ou seja: não é por falta do que fazer que vou figurar nas estatísticas do centro de estudos do Institute of Economics Affairs (IEA) de Londres, que descobriu e anunciou nesta semana que “a aposentadoria leva a um drástico declínio da saúde no médio e longo prazos”.

De acordo com o que ouvi da boca de Sandra Annemberg no Jornal Hoje, “segundo a IEA, a pesquisa sugere que as pessoas devem trabalhar por mais tempo por razões de saúde e também financeiras”.

Concordo com o que diz respeito à questão financeira. Até porque o aposentado brasileiro vive na penúria. E o meu caso não seria excessão. Mas vou insistir até quando for possível e tocar em frente todas as minhas atuais atividades. Meus planos e sonhos, igualmente.

Quero viver muito, ainda, e sem estresse, sem compromissos desnecessários. Desejo me divertir ao máximo com minhas atividades – intelectuais ou não –, minha família, meus netinhos, meus livros, meus estudos, minhas viagens nacionais e internacionais. Ah!: com Amigas e Amigos, também.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968 e estudante de História na FMU/Liberdade/SP desde 1º. de fevereiro de 2013.

17/05/2013 14:40:44

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