Por quê? (359) – Volta às aulas?


Cláudio Amaral

Foi como voltar aos bancos escolares que frequentei em 2013, 2014 e 2015 na FMU/Liberdade.

Mais que isso: foi como voltar às aulas de História desse mesmo período, as quais frequentei para aprender a interpretar e a escrever com o rigor e a linguagem dos historiadores.

Muito mais: foi como voltar às aulas de História do Brasil e da África. Do Brasil, com os Professores Edson Violim Júnior (Séculos XVI e XVII), Silvia Cristina Lambert Siriani (Século XVIII e I Reinado e Regência) e Flávio Luís Rodrigues (Da República Velha ao Estado Novo e Brasil Contemporâneo). Da África, com Maria Cecília Martinez.

Tudo isso eu senti na manhã desta quinta-feira (19/5/2016), no auditório da Editora Unesp, na Praça da Sé, em São Paulo.

Foi lá que se deu o Simpósio História Viva do Brasil: 50 anos de contribuições de Emília Viotti da Costa à historiografia brasileira.

Tratou-se de um evento científico aberto ao público em geral, gratuito, com inscrições prévias.

Um evento que – como o próprio nome indicou – marcou uma homenagem especial à Historiadora Emília Viotti da Costa.

Apesar das limitações físicas, uma vez que ela se locomove em cadeira de rodas, a Professora e Historiadora Emília se fez presente, ouviu palavras elogiosas pronunciadas pelo Professor Jézio Gutierre, presidente da Fundação Editora Unesp, e dele recebeu uma placa comemorativa aos 50 anos que ela dedicou à historiografia brasileira tanto aqui (como Professora na USP) quanto nos Estados Unidos, onde viveu, lecionou e se aposentou pela Universidade de Yale depois de ter sido cassada pelo regime cívico-militar de 1964.

Senti-me de volta aos bancos escolares e às aulas de História do Brasil e da África por conta das exposições que fizeram os Professores Ana Maria Camargo (USP), Leila Mezan Algranti (Unicamp), Manolo Garcia Florentino (UFRJ) e Vagner Gonçalves da Silva (USP).

O tema da manhã foi Abolição e relações raciais na atualidade. E por conta disso foi nos dito, por exemplo, que cerca de 12 milhões de escravos foram exportados para o mundo a partir do território africano, de 1800 a 1850.

Entre eles estavam principalmente adultos do sexo masculino. Mas não só, porque havia – ainda que em menor número – também mulheres, idosos e crianças.

Para tanto foram necessárias mais de 35.000 viagens de navios negreiros.

Quantos vieram para o Brasil? Calcula-se algo em torno de 5 milhões de negros (que também eram humanos, embora, lamentavelmente, não fossem reconhecidos como tal pelos traficantes e senhores de escravos).

E a escravidão acabou após a insistência e as punições imposta pela Inglaterra a Portugal e ao Brasil, no século XIX? Não, porque – segundo Zilda Iokoi – esse tema está presente ainda hoje, em São Paulo, por exemplo, por conta dos milhares de bolivianos que vivem escondidos nas oficinas de costura da Capital paulista.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.br) é jornalista desde 1º de maio de 1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (Turma de 2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (Turma de 2013/2015).


19/05/2016 19:29:52

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