Por quê? (441) – Cartas a Théo
Cláudio Amaral
Uma mulher simples é comum nas ruas de São Paulo.
Mas uma mulher simples e vestida com
elegância, nem tanto.
Agora, uma mulher simples, jovem, elegante
e com um livro nas mãos... isso, sim, é raridade em qualquer das ruas dessa
imensa cidade.
Pois foi isso que eu vi na tarde de
sexta-feira, dia 12 de Abril de 2024, ao meu lado, no Largo Ana Rosa.
Estava eu a caminho duma das maiores
agências bancárias da Vila Mariana.
Parei no farol vermelho e fiquei a
esperar a vez dos pedestres.
Ela também parou.
O farol fechou para os veículos e
abriu para nós, pedestres.
Atravessamos, mas paramos logo à
frente e ficamos a esperar, outra vez, porque o farol fechado, agora, era o da
Rua Domingos de Moraes.
Foi quando ela e eu ficamos lado a
lado.
Pude, então, ter clareza de que ela
estava com um livro na mão esquerda.
Tímido como sou, respirei fundo,
criei coragem e perguntei:
- Posso saber qual é o livro que você
está a ler?
Gentil, ela sorriu e virou para mim
a capa colorida da publicação: Cartas a Théo.
Eu desconhecia tanto o livro, quanto
o autor: Vincent van Gogh (1853-1890).
De imediato pensei: mas van Gogh era pintor,
não?
Fui em frente, fiz o que tinha me
proposto a fazer, voltei para casa e logo vim ao computador, acessei o Google e
busquei pelo livro e o autor.
Fiquei sabendo, então, que Cartas
a Théo
foi publicado pela primeira vez em 1914 e reúne as principais das mais de 750
cartas que Vincent escreveu ao longo da vida ao irmão Theodore (1857-1891).
Théo era quatro anos mais novo que Vincent,
a quem sustentou durante longos períodos.
Na sinopse que localizei no site https://www.disal.com.br/produto/4103590-Cartas-A-Theo-Biografia-DeVincent#
pude ler que o livro conta a saga de Vicent van Gogh e representa uma biografia
escrita por Jo van Gogh.
Li também, sem ter a obra em mãos:
Este livro reúne as principais
fontes primárias que são fundamentais para a compreensão e o estudo da vida e
da obra de Vincent van Gogh. 1853-1890.
O material emocionante e revelador,
tanto pela sua obsessiva convicção de que era realmente um artista, como também
pela paradoxal consciência da própria loucura.
A antologia das principais cartas de
Vincent ao irmão Theo é um impressionante depoimento autobiográfico,
praticamente um diário, onde se percebe claramente a evolução estética e a
degradação da saúde mental do pintor.
Segundo o editor, na sequência da
correspondência há o testemunho de Paul Gauguin sobre o célebre episódio do
corte da orelha, no Natal de 1888.
Mais uma informação importante do
editor: Incluímos também os fac-símiles dos desenhos que geralmente ilustram
as cartas e que representam esboços de futuros quadros.
Entretanto, quantas são as cartas
publicadas no livro? 250 ou 313? E quantas foram escritas? 652 ou 750?
Isso só será possível saber quando
eu tiver o livro em meu poder.
Ou, então, quando eu tiver a sorte
de reencontrar a mulher com quem estive por um raro momento, na sexta-feira, no
Largo Ana Rosa.
(*) Cláudio Amaral (claudioamaral49@gmail.com) é Católico.
Patriota. Anticomunista. Autor do livro-biografia O Cabo e o Jornalista (José Arnaldo 100 Anos).
Jornalista desde 01/05/1968. Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP
(2003). Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).
12/04/2024 23:15:29 (pelo horário de Brasília)
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