Por quê? (445) – Sêneca


Cláudio Amaral

O Metrô é uma boa fonte de inspiração para essas crônicas que eu amo escrever e que tenho produzido desde 2008.

É no Metrô, sem dúvida, onde mais encontro temas para criar e produzir textos como esse.

E foi no Metrô, na manhã fria e chuvosa dessa terça-feira, que saquei o assunto de hoje, 30 de Julho de 2024.

Estava indo para mais uma sessão de Reabilitação Ortopédica no Núcleo de Medicina Avançada da Prevent Senior, na Avenida Cruzeiro do Sul, 2463, junto à estação Carandiru.

E, ao entrar no vagão do trem que me levaria para o meu destino, dei de cara com um jovem que, ao invés de empunhar o celular, como a maioria, se dedicava a algo mais saudável e produtivo: um livro impresso, um dos muitos livros escritos por Sêneca.

De imediato me lembrei da ocasião em que fui chamado pelo Amigo Corrêa Neves Júnior para dar treinamento na redação do jornal diário Comércio da Franca, em Franca, em Abril de 2005.

Preparei-me para aquela missão lendo textos e mais textos, livros e mais livros, até chegar a Sêneca, como sempre foi conhecido o cidadão Lúcio Aneu Sêneca, filósofo do Império Romano no século I da Era Cristã.

Ele nasceu em Córdoba, na Espanha, no ano 4 antes de Cristo, e faleceu em 65 depois de Cristo, em Roma, na Itália.

Mas, foi em Franca, no Interior do Estado de São Paulo, que Sêneca me tocou fundo, no fundo do meu ser, numa tarde de domingo, quando eu dedicava o tempo que deveria ser de lazer, de descanso... a estudar o que diria aos jovens que desejavam ser Jornalistas naquele que era o maior e mais importante diário daquela rica região.

E essa foi a frase que julguei ideal para começar a falar no dia seguinte, no jornal, diante do Júnior (o diretor), da Joelma Ospedal (a chefe da Redação) e de 25 jovens cheios de sonhos e de vontade de vencer na vida:

- Se um homem não sabe para que porto embarca, nenhum vento é favorável.

Foi exatamente com essa afirmação histórica de Sêneca que comecei a minha fala e o meu trabalho naquele que era o 37º ano da carreira profissional que abraçara com Amor desde 1º de Maio de 1968, em Adamantina, a cidade que me viu vir ao mundo.

Expliquei a todos, numa conversa geral, que precisava saber de cada um, individualmente, quais eram as respectivas metas. Pessoais e profissionais. E depois, ao longo de pelo menos cinco dias, nos falamos cara a cara, um a um.

Aquelas conversas foram resumidas num relatório confidencial que entreguei à direção do jornal e serviu de base para os meus 18 meses seguintes.

Foi o melhor trabalho que consegui fazer até então, ou seja, até Julho de 2006, quando, de comum acordo, voltei para casa e para a minha família.

E Sêneca nunca mais saiu da minha memória. Especialmente as frases mais marcantes que ele nos deixou:

  1. Toda crueldade surge de uma fraqueza.
  2. Muitas vezes, até mesmo viver pode ser um ato de coragem.
  3. Sofremos mais na imaginação do que na realidade.
  4. Sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade.
  5. As dificuldades fortalecem a mente, assim como o trabalho fortalece o corpo.
  6. Aquele que é corajoso, é livre.
  7. Ninguém se torna sábio por apenas uma ocasião.
  8. Só o tempo pode curar aquilo que a razão não pode.
  9. Se um homem não sabe para que porto embarca, nenhum vento é favorável.
  10. A riqueza é escrava de um homem sábio e mestre de um homem tolo.
  11. O mais poderoso é aquele que tem a si mesmo em seu próprio poder.
  12. Aquele que poupa os ímpios prejudica os bons.
  13. Desfrute dos prazeres presentes de forma a não prejudicar os futuros.
  14. Não é o homem que tem muito pouco, mas sim o homem que anseia por mais, que é pobre.
  15. Uma espada nunca matou ninguém; é apenas uma ferramenta nas mãos do assassino.

Importante: detalhes da vida, da obra e da morte de Sêneca estão em https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9neca#:~:text=Conhecido%20tamb%C3%A9m%20como%20S%C3%A9neca%20(ou,trag%C3%A9dia%20na%20dramaturgia%20europeia%20renascentista.

(*) Cláudio Amaral (claudioamaral49@gmail.comé Católico. Patriota. Anticomunista. Autor do livro-biografia O Cabo e o Jornalista (José Arnaldo 100 Anos). Jornalista desde 01/05/1968. Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003). Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

30/07/2024 18:15:32 (pelo horário de Brasília)

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