Por quê? (272) Tempos difíceis



Cláudio Amaral

Quem me conhece só pelo que sou hoje, desconhece os tempos difíceis que vivi no passado.

Fui criança pobre quando nasci, conquistei tudo o que tenho com muita dificuldade e graças ao apoio que sempre tive dos meus pais (os saudosos Lázaro Alves do Amaral e Wanda Guido do Amaral), da minha mulher Sueli (na foto, acima, ao meu lado), dos meus filhos Cláudia, Mauro e Flávio, assim como dos muitos Amigos e Amigas que conquistei ao longo dos meus 62 anos de vida.

Lembrei-me de tudo isso às 7h da manhã deste sábado, dia 14/1/2012, quando acordei e identifiquei que hoje era (no passado, era) dia do pagamento da prestação do apartamento que eu e Sueli compramos na Rua Machado de Assis, 165, aqui na Aclimação, em São Paulo.

Aquela fase, há quase 40 anos, foi uma das mais difíceis que enfrentamos. Nunca tínhamos dinheiro suficiente para pagar as prestações em dia. Daí o fato de o dia 14 ser marcante e inesquecível. Fazíamos das tripas coração para evitar que a terceira prestação vencesse na sequência, porque aí a situação ficaria preta.

Na época eu era repórter do Estadão e ainda fazia bicos (ou seria biscates?) diversos para completar o orçamento. Revisava textos de livros, escrevia para o saudoso Amigo Meninão, o Álvaro Assumpção, e para a Agência Estado dos Amigos Luiz Salgado Ribeiro, Daniel Pereira e Sircarlos Parra Cruz e também para a Associação Paulista de Município, entre outros.

Quando deixei o Estadão e fui para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo a situação piorou ao invés de melhorar. O secretário Pedro Tassinari Filho encontrava dificuldades para me contratar e o salário não saia, por mais boa vontade que ele tivesse.

Foi em 1974/75 e me lembro bem, como se fosse hoje, o dia em que apelei para o Amigo Klaus Trench de Freitas, falecido no dia 27/11/2005. Eu o encontrei no estacionamento da Secretaria da Agricultura. Ambos estávamos saindo do trabalho e eu disse a ele:

- Klaus me empresta algum porque não tenho dinheiro para comprar o leite da minha filha Cláudia amanhã cedo.

No ato, o “alemão” enfiou a mão no bolso e me passou uma nota de 50.000 cruzeiros, o dinheiro da época.

Emprestei dinheiro de outros colegas, até o dia em que fui contratado pela Ceagesp, empresa ligada à Secretaria da Agricultura, e paguei a todos, um por um, graças a Deus.

Na época eu já estava morando na Rua Machado de Assis e tinha as prestações do apartamento em dia. Absolutamente em dia.

Sueli sempre completou o nosso minguado orçamento, até que foi trabalhar comigo na COMUNIC, empresa que criei a 21 de agosto de 1978.

Em 1980 ficamos só nós dois como sócios e, salvo um ou outro sufoco passageiro, nunca mais tivemos problemas financeiros sérios.

Graças a Deus!!!

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.

14/1/2012 12:15:06

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