Por quê? (301) – Desde 1971

Eu e minha Sueli estamos casados desde 5 de setembro de 1971

Cláudio Amaral

Cinco de setembro é uma data especial para minha Sueli e para mim também. Neste dia, em 1971, nos casamos na Capela do Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Rua Pernambuco, em Marília, Interior do Estado de São Paulo. Desde então nunca mais nos separamos. Brigas? Sim, tivemos poucas. Mas podes crer: foram bem poucas. E nada que nos obrigasse a dormir separado e a ficar sem nos falar.

Em 15 de julho de 1971, dia em que nos conhecemos, eu era – taxativamente – um caipira de Adamantina, também no Interior paulista. Filho de tintureiro e dona de casa, só não era mais xucro, rude, bronco, porque botara na cabeça que iria ser Jornalista. Sim, Jornalista com J (maiúsculo). E por conta disso lia muito: jornais (ainda que de dias passados), revistas e livros. Ouvia rádio o dia todo.

Sueli era moça esclarecida. Bem mais do que eu. Estudava no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em frente a casa dela, na Avenida Nelson Spiellman. Tinha uma educação rígida, por conta da formação militar do Jornalista José Arnaldo, pracinha na Segunda Guerra Mundial e que escrevia no Correio de Marília e, ao mesmo tempo, era funcionário público na Caixa Econômica Estadual.

Dois Amigos, muito Amigos, foram responsáveis por nosso encontro: Antonio Augusto Neto Filho e José Cláudio Bravos. Eu acabara de chegar a Marília, no dia 6 de janeiro de 1969, e Toninho, Relações Públicas da Prefeitura Municipal, promovia mensalmente uma rodada de pizza na casa dele e da esposa, Marilena. Fui convidado e compareci com o também Amigo Francisco Manuel Giaxa, repórter do Jornal do Comércio, diário mariliense que havia me levado de Adamantina para Marília.

Terminada a festança, e como éramos todos duros, prontos, sem dinheiro, Toninho nos ofereceu uma carona. Foi de casa em casa, deixando um aqui, outro alí. E quando parou para deixar o Zé Cláudio, que ainda era solteiro, virou para mim e disse: “É aqui que mora a grandona”.

Dias depois, exatamente a 15 de julho de 1971, eu vim a saber que a “grandona” não passava de uma baixinha, magrinha… e se chamava Sueli. Era a irmã do Zé Cláudio, na época repórter do Correio de Marília. Soube disso porque eu de um lado e o Zé do outro fomos à mesma sessão do mesmo cinema: às 20 horas, no Cine Pedutti.

Eu estava só, mas ele, não. Ele, acompanhado de uma…, não, de duas moças, que num determinado momento, antes que o filme começasse, sairam para… sei lá fazer o quê. E eu, embora tímido, respirei fundo e fui falar com o Zé.

Lembro-me até hoje o que disse a ele: “O Zé… você com duas e eu sem nenhuma?” Ele pediu que ficasse lá junto dele e prometeu-me apresentar a irmã, porque a outra era namorada do próprio.

Assim que elas voltaram… “Sueli, esse é o meu amigo Cláudio; Cláudio, essa é minha irmã Sueli. E essa é Lúcia, minha namorada”.

Encantado daqui, prazer dali… nos sentamos para assistir o filme, uma produção do Japão que estava para começar. E quem foi que assistiu a película? Eu e ela, não. Conversamos o tempo todo, a ponto de sermos chamados a atenção pelos vizinhos.

Saímos dali e fomos até a Avenida Nelson Spielmann, onde deixei Sueli no portão, a pedido dela, “porque meu pai é bravo até no nome”.

No dia seguinte, como manda o figurino, procurei na lista o número do telefone dela, pelo nome do pai, e liguei. Eu estava na Redação do JC. Nossa conversa foi rapidíssima e não chegou a ser concluída. Fiquei sabendo depois que ela havia passado mal enquanto falava comigo e desmaiado sobre uma travessa de bacalhoada. “Emoção”, perguntei a ela no próximo encontro. “Não, de jeito algum”, me garantiu.

Pelo sim, pelo não, nunca mais nos desgrudamos. Namoramos pessoalmente até o dia em que fui transferido pelo Estadão para a Sucursal de Campinas, em fins de 1970. A partir de então nossos contatos foram por carta. Os telefonemas eram raros e as visitas a Marília aconteciam apenas a cada duas semanas. Eu ia e voltava de trem.

Por isso, apressamos o casamento. Nossos padrinhos foram o Jornalista Irigino Camargo e Dona Zezé, Toninho Neto e Marilena, Flávio Adauto e Zenaide, Luiz Carlos Calegari e a esposa. Isso da minha parte. Ela escolheu os casais José Cláudio e Lúcia Helena, Regina e Marçal Bissolli, Alcindo Braos Padilha e Edwiges, Anselmo Scarano e esposa.

A festa, grande festa, foi no Clube dos Viajantes e às 16 horas já estávamos dentro do ônibus do Expresso de Prata que nos levou de volta a São Paulo.

Fomos morar num “apertamento” de apenas 40 metros quadrados na Rua Dr. Nicolau de Souza Queirós, na Aclimação. Era lá que nos encondíamos quando nasceu Cláudia Márcia do Amaral, hoje casada com Márcio Gouvêa, pais da princesa Beatriz e do pequeno príncipe Murilo. É na casa deles que estamos aqui em Ashburn, Virgínia, EUA, desde 8 de maio.

Quando vieram os meninos – Cássio, nascido a 19 de dezembro de 1974, falecido com 11 dias, em Marília, Mauro e Flávio – já estavamos em outros endereços.

Todos eles foram criados com dificuldades, mas sempre com muito amor. E nós, os pais, temos muito orgulho da educação que tivemos dos pais dela – o saudoso José Arnaldo e a querida Aparecida Grenci Bravos, hoje com 84 anos – e também dos meus: Lázaro Alves do Amaral e Wanda Guido do Amaral, ambos falecidos. Foram eles que nos fizeram pessoas corretas, honestas, respeitosas, carinhosas e cheias de Amor. Religiosas, também.  

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.

04/09/2012 18:30:19 (horário de Brasília)
04/09/2012 18:30:19  (horário de Ashburn Village, Virgínia, EUA)

Comentários

Cláudio Amaral disse…
DESDE 1971

Enviada: 05/09/2012 18:58

Parabéns pelo aniversário de casamento.

Deus vos abençoe sempre e abençoe a vossa família.

Abraços.

Chencho
chencho@osa.org.br

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