Por quê? (387) – Incompetência funcional
Conhecemos a Torre de Pisa no dia 01 de Outubro de 2019
Cláudio
Amaral
A
viagem à Itália me deu a certeza de que sofro de incompetência funcional em pelo menos duas áreas.
Estivemos,
Sueli e ieu, em Milão, Roma, Lago di
Gardia, Verona, Veneza, Pádua, Pisa (onde conhecemos de perto a Torre inclinada), Firenze (onde tivemos
certeza do que é um Museu a Céu aberto),
Siena (onde Sueli completou 70 anos de vida), Napoli (Nápoles), Capri (uma das
ilhas mais famosas do mundo), Cava di Tirreni, Costa Amalfitana, Salerno, Pompei
(Pompéia para nós, brasileiros).
Foram
12 dias de descobertas e mais descobertas: de locais que ieu ainda não conhecia e de novos Amigos de São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul.
No
fim fiquei com a certeza de que não poderia ter exercido pelo menos duas funções
profissionais: guia turístico e comissário de bordo.
Jamais
poderia exercer as atividades de guia turístico porque vi de perto o quanto
sofrem esses valorosos profissionais no comando e na orientação de grupos de
pessoas como o nosso, de 27 de Setembro a 9 de Outubro de 2019.
Em
Veneza, por exemplo, o nosso guia, o espanhol Alberto, teve que nos deixar no
hotel porque perdemos a hora da saída do ônibus que nos levaria a conhecer
aquela localidade à noite. No dia seguinte, ele, todo gentil, nos explicou que
ainda havia esperado ao longo de 15 minutos. E não mais porque puniria todo o
grupo de 42 pessoas por conta de apenas um único casal. Mesmo assim, ele teve a
dignidade de nos devolver o dinheiro daquele passeio, especificamente, ainda
que a culpa tenha sido nossa.
Num
outro dia, Alberto deixou para trás uma turista do mesmo grupo que não chegou a
tempo de voltar para o hotel após um passeio por Verona e que por isso foi
obrigada a retornar de trem para Veneza.
Em
Pompei, um outro guia, o italiano Alfredo, foi obrigado a deixar para trás uma
argentina que havia se perdido nas ruinas do vulcão Vesúvio (onde tivemos a orientação
do guia Lucio, outro italiano) e que por isso teve voltar de táxi até Napoli.
O exemplo
mais sofrido tivemos dentro do avião da Alitalia, ainda antes de levantarmos
voo de Roma, na noite de terça-feira, 8 de Outubro, com destino ao Brasil: uma
idosa, que não falava uma única palavra em idiomas latinos, sentou-se num banco
ao lado do dela, porque tinha dificuldades para dobrar os joelhos. E como o
lugar havia sido reservado por um cidadão de pernas compridas, exatamente
porque tinha espaço livre à frente, três comissários de bordo, um homem e duas
mulheres, advertiram rispidamente a senhora que havia estado em um país do
Oriente Médio e também vinha, como nós para o Brasil.
Tenho
certeza de que jamais teria coragem de fazer o que fizeram os nossos guias e os
comissários da companhia área que nos levou para a Itália e nos trouxe de volta
ao Brasil.
Meu
coração mole teria me feito sofrer muito, tanto diante dos turistas do nosso
grupo, quanto da idosa com problemas nas pernas. Gente que não foi capaz de
cumprir os horários apertados de quem, como nós, percorremos pelo menos 20
localidades da Itália. E da senhora que se sentiu obrigada a cometer a
indisciplina de ocupar um lugar que não era o seu, porque precisava de mais
espaço para as pernas.
Por
tudo isso prefiro me ocupar das pessoas que entrevistei ao longo dos meus 51
anos de Jornalismo, profissão que escolhi ainda na adolescência e que nunca me
exigiu decisões tão difíceis como as que vi e presenciei nesta inesquecível viagem
à Itália.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.br) é autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) e Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015). É também voluntário da Pastoral da Comunicação Social da Paróquia Santa Rita de Cássia de Vila Mariana.
09/10/2019 20:13:47 (pelo horário de Brasília)
Comentários
E.t: viagem linda! Parabéns