Por quê? (103) De volta à terrinha



Cláudio Amaral

Uma mensagem simples, mas singela, me colocou no túnel do tempo e me levou de volta à terrinha nesta manhã agradável de 8 de julho de 2008.

O tempo: 50 anos.

A terrinha: Adamantina (foto), no interior paulista, onde nasci às 2h15 da madrugada do dia 3 de dezembro de 1949, como fruto do amor do casal Wanda e Lázaro Alves do Amaral.

A mensagem me foi gentilmente enviada pelo Professor Celso Lima, que escreve a respeito dos pioneiros da terrinha no http://www.jornaldacidade.jor.br/.

Confesso que eu não me lembro da figura do Professor Celso Lima, mas fiquei feliz. Muito feliz.

Por quê?

Porque ele me fez lembrar, por exemplo, que nos anos 1960 meu pai teve um Kombi.

Ele me fez lembrar e me emocionar ao escrever, às 21h56 da noite anterior, 7/7/2008:

- Eu lecionei e fui diretor do Grupo Escolar do Bairro Monte Alegre, na Estrada 14, e viajamos, 4 professores e eu, na perua do Sr. Lazinho, seu pai.

Bons tempos, Professor Celso Lima. Bons tempos.

Tempos difíceis, reconheço. Mas, bons tempos.

Bons tempos porque eu era criança, ainda, embora já estivesse dedicado ao trabalho e aos estudos.

Mas, como criança, eu não tinha consciência das dificuldades e responsabilidades que adquiri ao longo dos 50 anos que se passaram desde então.

Recordo-me, e escrevi isso na mensagem que enviei hoje ao Professor Celso Lima, que a Kombi do meu pai era velha, surrada, e a Estrada 14 não tinha calçamento, ou seja, era de terra, torrões e areia.

Enquanto meu pai fazia as viagens de ida e de volta, nós – minha mãe e minha irmã Cleide, a primeira filha – ficávamos apreensivos, preocupados, rezando para que acidente algum acontecesse com ele, a Kombi e os professores.

A remuneração por esse serviço era pequena e o lucro irrisório, mas meu pai e a nossa família precisavam daquele dinheiro, que complementava a renda que tínhamos na Lavanderia e Tinturaria Adamantina, onde meu pai e eu lavávamos e passávamos roupas.

A Kombi foi o primeiro veículo da família Amaral, em Adamantina. E meu pai cuidava dela como se fosse mais um filho.

Além de professores, como o Professor Celso Lima, naquela Kombi meu pai transportava também jogadores profissionais que defendiam o Guarani Futebol Clube – e depois o Adamantina Futebol Clube – durante o Campeonato Paulista da 3ª Divisão.

Bons tempos.

Tempos em que o Professor Celso Lima chegou a Adamantina e...

- Dei aula 3 dias e já assumi a direção da escola, permanecendo até 1965, quando me efetivei como diretor no Bairro do Morão, em Mariápolis. Em 1966/67, dirigi o Grupo Escolar Navarro de Andrade, em substituição ao Professor Sidnei Maria de Andrade e em 1958, com a morte de Durvalino Gruion, então diretor do 4º Grupo Escolar (hoje EEPG Professor Durvalino Grion), fui removido para lá, onde permaneci até 1984, quando me aposentei.

No ano seguinte, 1985, meu pai nos deixou. Foi vítima de um ataque cardíaco e desde então está sepultado no Cemitério Municipal de Marília, onde ele morava com minha mãe.

Hoje, passados 23 anos, sou grato ao Professor Celso Lima por ter me feito recordar meu saudoso pai e a velha e brava Kombi da família.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

8/7/2008 14:06:16

Comentários

Emerson Araujo disse…
Olá Cláudio,

Foi muito bom relembrar Adamantina neste texto. Cidade de velhas recordações, muitas histórias e grandes jornalistas. Conheci esta cidade desde muito novo, quando eu e minha família viajávamos para lá pelo menos uma vez por ano. Meu pai nasceu em Tupã e viveu a infância e adolescência em Adamantina. Conheci várias famílias e amigos do meu pai, em especial a família Azedo que nos hospedava sempre que íamos para Adamantina. Realmente é uma cidade que não esquecemos.

Um abraço
Prof. Emerson

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