Por quê? (276) Se Prefeito de São Paulo eu fosse...




Cláudio Amaral

Passava um minuto das dez horas da manhã deste sábado nublado na Capital paulista.

Eu descia a Rua Joaquim Távora e estava a chegar na esquina com a Rua Humberto I (Primo ou Primeiro, como você quiser), na Vila Mariana.

Ia a caminho da feira livre instalada junto ao Instituto Biológico.

E naquele local (Joaquim Távora proximidades da Humberto I), ouvi dois garis conversando a respeito da limpeza que faziam nas sarjetas em frente ao prédio de luxo.

Eram uma mulher e um homem.

E a mulher disse ao homem, enquanto ambos lutavam contra a sujeira que teimava em não sair debaixo das rodas dos automóveis ali estacionados:

- Se prefeito eu fosse, pagava para os motoristas desses carros pararem longe das calçadas.

Certamente ela e seu parceiro de varrição queriam ter mais liberdade para ir e vir com as respectivas vassouras. E isso os automóveis não permitiam.

Ato continuo eu me lembrei – e quase falei aos dois – que a Prefeitura, seja de onde for, não tem obrigação alguma de custear estacionamento para quem quer que seja.

E mais: se assim fosse, quem pagaria pelo privilégio dado pela Prefeitura de São Paulo seria ela e ele, os garis. Nós também e todos os demais contribuintes.

O Prefeito, também, porque ele tão contribuinte quanto cada um de nós, embora seja um dos principais privilegiados entre todos os habitantes paulistanos, paulistas e brasileiros.

O ideal, prezados garis, seria que no Brasil a população – incluindo motoristas, transeuntes e habitantes locais – fosse um pouquinho, só um pouquinho mais educados.

Até onde sei e vi em minhas muitas viagens pelo mundo afora, o Brasil é um dos poucos e raros países em que a população joga lixo nas ruas.

Lixo e muito mais.

Imagino que outros países sul-americanos que visitei nos meus 62 anos de vida também sejam assim, também, mas garanto que não vi lixo nas ruas da Argentina (onde conheci Buenos Aires e Baia Blanca), Paraguai e Uruguai.

Uma coisa, entretanto, eu posso garantir: São Paulo, onde vivo há mais de 40 anos, é a cidade que mais tem lixo nas ruas. Muito mais do que todas as outras zonas urbanas que tive como conhecer.

São Paulo, caros garis, tem mais lixo do que eu vi nos meus 18 meses em Santos. E o povo que aqui vive é tão indisciplinado quanto os santistas.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.


3/3/2012 14:33:33

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