Por quê? (292) Profissão: injustiçado
Cláudio
Amaral
Fiquei a me perguntar, de
ontem para hoje, aqui no Verão de Ashburn Village, na Virgínia, EUA: se não
fosse Jornalista, qual a profissão gostaria de ter? E você, caro e-leitor, está
satisfeito com sua ocupação profissional ou preferia de ter escolhido outra?
Tenho um grande Amigo, dos
tempos de juventude, recuperado recentemente, graças a Internet, que me dizia,
lá pelos lados de Adamantina, na segunda metade dos anos 1960: “Precisamos nos
definir, profissionalmente, até os 30 anos de idade”.
Ademar Shigueto Hayashi, esse
meu Amigo, dificilmente vai se lembrar disso, mas eu não esqueço. Ao contrário:
lembro-me dele sempre que o assunto profissão vem à minha mente ou que o tema
surge numa conversa. E agradeço a Deus por ter colocado no meu caminho um
sujeito tão inteligente como ele, que atualmente é empresário bem-sucedido, com
atuação no Brasil e no Japão, a partir de Barra do Piraí, no Estado do Rio de
Janeiro.
Antes que alguém me pergunte,
deixo claro que estou feliz como Jornalista e não trocaria de profissão nunca,
aconteça o que acontecer.
Mesmo assim, é imperioso
lembrar – ou revelar? – que durante meus quatro anos de estudos de Espanhol, no
Instituto Cervantes, em São Paulo, me peguei dizendo para a classe de 22 alunos
que gostaria de ter sido músico e que meu instrumento preferido seria o Violão.
Seria, porque tentei por vezes e nunca consegui aprender a manipular o objeto
dominado com maestria por gente como Dilermando Reis (Ele nasceu em Guaratinguetá,
Estado de São Paulo, em 22 de Setembro
de 1916 e faleceu no Rio de Janeiro
em 2 de Janeiro de 1977.
Foi violonista e compositor, professor de música do então
presidente Juscelino
Kubitschek. Gravou discos de sucesso, sendo o chorinho o seu estilo musical. Trabalhou na
Rádio Clube do Brasil e na Rádio Nacional do Rio de Janeiro).
Lembro-me também que já fui
aprendiz de sapateiro, no Sacomã, em São Paulo. Tentei ser, igualmente, tintureiro
– a profissão de meu saudoso pai, Lázaro Alves do Amaral – lá mesmo e em
Adamantina. Depois fiz uma tentativa frustrada de ser vendedor ao lado do mesmo
Hayashi e na sequência enveredei pela fotografia, no Foto Linense, onde conheci
o Jornal do Comércio de Marília.
Antes de assumir a
responsabilidade de escrever para o JC, a convite do Jornalista Irigino Camargo,
meu primeiro Mestre no Jornalismo, e seguir para sempre esta profissão, passei
pela Rádio Brasil de Adamantina, hoje comandada com competência pelo Amigo
Sabiá.
Isto posto, fico a imaginar que
você, caro e-leitor, deva estar se perguntando: por que cargas d’água este
sujeito – ou seja, eu – está a tratar desse assunto? E explico: estou revoltado
com o tratamento que está sendo dado aos goleiros do futebol brasileiro. Principalmente ao
Júlio César, arqueiro do meu Corinthians, clube que acaba de conquistar a Copa
Libertadores das Américas.
Gosto de futebol como poucos.
E desde menino pequeno lá em Adamantina, onde nasci. Torço pelo Timão desde não
sei quando e não foi por influência de meu pai, que era mais novohorizontino do
que ninguém, exatamente por ter nascido em Novo Horizonte, no Interior paulista. E tenho
uma especial predileção pelos goleiros, talvez por ter sido um deles quando
pequeno, defendendo equipes de futebol de salão em Adamantina e em Marília.
Acompanhei e torci por quase
todos os melhores goleiros que passaram pelo futebol brasileiro nos últimos 50
anos, pelo menos. A começar do inesquecível Zé Pintor, do Guarani da minha
cidade, passando por Gilmar dos Santos Neves, Cabeção, Picasso, Waldir Joaquim
de Moraes, Wilson e Valdir Perez (ambos da Ponte Preta de Campinas), Zetti,
Leão, Ronaldo (do meu Corinthians), pelo baiano Dida (que brilhou no Cruzeiro,
no Timão, no Milan e hoje brilha na Portuguesa de Desportos, em São Paulo),
Cláudio Taffarel, Felipe (do Corinthians e do Flamengo), o inigualavél ‘são’
Marcos (do Palmeiras) e também Rogério Ceni (do SPFC).
Perdoem-me se esqueci alguém. Meu Compadre e Amigo Carlos Conde, Editor-chefe n’A Tribuna de Santos e torcedor fanático do SantosFC, incluiria Rodolfo Rodriguez, argentino que jogou no Peixe por anos. Mas quero deixar claro que sempre fui fã da ideia de ter Júlio César no gol do Corinthians. Primeiro porque ele surgiu na base do Timão. Depois, porque tem estatura e invergadura de goleiro. Fui contra a substituição dele por Cássio, que nos primeiros jogos provou que eu estava sendo irracional e agora me convence mais ainda, porque ele foi um dos principais responsáveis pela conquista da Libertadores de 2012.
Mesmo assim, sigo torcendo
por Júlio César. Como torci nos jogos com o Palmeiras (2 a 1 para o Corinthians,
no Brasileirão de 2012) e com o Sport (1 a 1, na Ilha do Retiro, domingo
passado, no Recife). Tenho esperança de que ele ainda vá voltar a ser titular
do meu Timão, porque imagino que em breve aparecerão propostas do exterior por
Cássio, tal é o sucesso dele com o uniforme amarelo que vem usando.
Nem assim, entretanto, tenho
esperança de que Júlio César se livrará dos “corneteiros” que o criticam após
supostas falhas como a de domingo, no Recife. Ele sofre e continuará sofrendo
com as más línguas que também não pouparam goleiros do porte dos inesquecíveis
Manga (que defendeu o Botafogo e a seleção brasileira) e Raul Plasman (ex-Cruzeiro,
Flamengo e Brasil). Afinal, ele escolheu essa profissão e certamente não
quererá trocá-la.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.
09/07/2012 20:08:44 (horário de Ashburn Village, Virgínia, EUA)
09/07/2012 20:08:44
(horário de Brasília)
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