Por quê? (318) – O Papa Francisco
Cláudio
Amaral
Resisti o quanto pude a
escrever a respeito do Papa Francisco ou o “papa argentino”, como disseram de
cara os brasileiros que não gostam de – ou que têm resistência a – cidadãos
nascidos e criados na Argentina. Mas agora não posso deixar de registrar a
escolha de Dom Jorge Mario Bergoglio como o sucessor de Bento XVI.
Não há mais como negar que o Arcebispo de Buenos Aires até o dia 13
de março de 2013 tem qualidades para ser Papa. É simples no trato (embora eu nunca
tenha estado com ele), demonstra simpatia (atributo que o anterior não demonstrava),
despojamento, simplicidade e despreendimento.
Sim, está claro que Bento XVI não era nada disso. Eu mesmo
torci clara e abertamente pela escolha de Dom Cláudio Hummes em 2005, quando
balhava na Redação do Comércio da Franca, naquela cidade do Interior paulista.
Mas, uma virtude ninguém pode negar a Bento XVI: ele
teve a grandeza, a humildade e a coragem de reconhecer que não tinha mais
forças, nem disposição para continuar Papa. E disse com todas as letras e
palavras que havia chegado a hora de dar vez a alguém mais jovem e mais disposto
a comandar a Igreja Católica Apostólica Romana. E renunciou. E deixou o cargo
no dia 28 de fevereiro de 2013.
Hoje, domingo, 17.3.2013, ainda de pijama, postado à
frente da televisão e a assistir o Angelus,
fiquei a pensar em silêncio e com emoção, tendo a minha Sueli ao lado, no sofá
da sala da nossa residência: como seria se o escolhido não tivesse sido ele, o
Cardeal Jorge Mario Bergoglio?
Se não, vejamos: como Papa, ele é o primeiro jesuita,
o primeiro sul-americano, o primeiro representante de todas as Américas e o
primeiro pontífice não-europeu em 1.200 anos.
E mais: Dom Jorge Mario Bergoglio ficou famoso na
Argentina por dar a atenção prioritariamente aos pobres e aos mais humildes dos
seres humanos, católicos ou não; por dar preferência ao transporte público; por
morar com simplicidade e por nunca se curvar e ou se aliar aos poderosos de
plantão, especialmente os comandantes dos tempos da ditadura e os anti-democratas
de agora.
Fico aqui a imaginar com que cara e estômago a
presidente Cristina Kirchner assinou a carta enviada ao Papa Francisco logo
após a escolha dele, em Roma. E com que disposição ela irá encará-lo na
cerimonia de posse nesta terça-feira (19.3.2013), no Vaticano. Vai precisar de
muita coragem.
Isto, entretanto, são coisas menores para as
circunstâncias atuais. O que importa, de verdade, é que acredito piamente que
somos todos uns privilegiado – Sueli e eu, inclusive – por podermos viver esses
momentos e ver como os meios de comunicação de massa estão a tratar esses
primeiros dias de papado de Francisco: com respeito, primeiramente.
Seria melhor, ou pelo menos diferente, se o escolhido
tivesse sido o meu preferido, o Cardeal-Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro
Scherer? E se, ao invés de Ratzinger,
o eleito, em 2005, fosse Dom Cláudio Hummes?
Ninguém sabe e jamais saberá.
O importante, hoje, domingo,
Dia do Senhor, é que estamos avistando um futuro promissor para a nossa Igreja
Católica Apostólica Romana. E creio, sem medo de errar, que a partir de agora
as nossas paróquias receberão cada vez mais fiéis. A Santa Rita de Cássia da
Vila Mariana, aqui na Capital paulista, por exemplo, que há um ano vem sendo
revigorada pela equipe do Frei Cristiano Zeferino de Faria.
Tenho certeza, ainda, que por
conta da escolha e do comportamento do Papa Francisco muitos católicos
adormecidos se verão motivados a despertar e a voltar à ativa. Muitos. Muitos e
muitos. Não estou seguro de que a multidão de católicos crescerá – tal qual
cresceu a torcida do meu Corinthians após as conquistas mais recentes –, mas é
certo, para mim, que os católicos ativos estarão visíveis a partir de hoje em
todas as paróquias do mundo.
E agradeço a Deus, nosso
Divino Pai Eterno, a graça de nos permitir – a mim e à minha Sueli, inclusive –
o privilégio de estarmos aqui, são e salvos, para ver o papado de Francisco.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968 e estudante de História na FMU/Liberdade/SP desde 1º. de fevereiro de 2013.
17/03/2013 12:53:56
Comentários
Um beijo fraterno, amigo!