Por quê? (414) – Cinquenta anos de SP


Cláudio Amaral 

Vim para a Capital paulista em Maio de 1971 e cá estou vivendo há 50 anos. Estava noivo e me casei quatro meses depois com Sueli Teresinha Bravos em 5 de Setembro daquele ano.

Quando o Estadão, ou melhor, o jornal O Estado de S. Paulo, me transferiu da sucursal de Campinas para a Redação central, na maior e mais importante cidade do Brasil, tinha ieu apenas 21 anos de idade.

Era, na linguagem jornalística, um foca, a alcunha que se dava a um repórter em início de carreira, que mal sabia das coisas do dia a dia de um diário.

Escrever ieu sabia. Até porque os muitos professores de Português que tivera até então haviam me ensinado que escrever é fácil: basta iniciar a frase com uma letra maiúscula e terminar com um ponto final. E isso repito até hoje para quem me diz que escrever é difícil.

Sabia escrever também para jornal diário, porque bons professores de Jornalismo tivera. O primeiro foi Irigino Camargo, criador do Jornal do Comércio de Marília e o primeiro a acreditar em mim. Depois dele passaram pela minha vida de repórter os Jornalistas Raul Martins Bastos (chefe dos Correspondentes do Estadão) e Eduardo Martins (Editor de Interior do mesmo Estadão). E quando, caipira de tudo, cheguei ao quinto andar da Rua Major Quedinho, 28, tive no meu caminho gente da competência de Luiz Carlos Ramos, Ludenbergue Góes (Editor de Esportes), Ricardo Kotscho, Carlos Conde, Oswaldo Martins e Clóvis Rossi (com quem viria a trabalhar, anos depois, no Grupo Folha de S. Paulo).

O primeiro endereço, em São Paulo, quando aqui cheguei pela segunda vez e para trabalhar no Estadão, foi a casa da minha Avó Durvalina, mãe da minha mãe. E lá fiquei, na Rua Cisplatina, 784, no Ipiranga, até alugar o primeiro apartamento que tivemos, a Sueli e ieu, como casal. Morávamos na Rua Dr. Nicolau de Souza Queirós, na Aclimação, quando a primeira filha, Cláudia, veio ao mundo. Mas ela nasceu em Marília, na Maternidade e Gota de Leite, onde a Sueli havia trabalhado e tinha o apoio dos pais, Dona Cidinha e Seu Zéca.

O nosso terceiro endereço paulistano foi na Rua Machado de Assis, 165, também na Aclimação, divisa com a Vila Mariana. E quando lá morávamos nasceram os dois filhos que estão conosco até hoje: Mauro e Flávio. Entre a Cláudia e o Mauro tivemos, também em Marília, o saudoso Cássio Fernando, que Deus levou para junto Dele com 11 dias de vida.

O quarto endereço é o atual, na Rua Gregório Serrão, para onde nos mudamos da Rua Machado de Assis há cerca de 40 anos. Moramos, inicialmente, de aluguel. E alguns poucos anos depois compramos a nossa casa própria de uma dupla de irmãs que viviam em Santos e foram generosas para conosco: Nelly e Lenny Krug.

Daqui, em definitivo, não saímos mais. Apenas temporariamente, mas sem nos desfazer de um único bem. Em 2004 deixamos os três filhos aqui e fomos para Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, onde fui Diretor de Redação do segundo maior jornal diário do Estado. Seis meses depois, tive a minha primeira experiência como produtor de televisão no Jornalismo da TV Morena, afiliada da Rede Globo. De lá fui trabalhar por ano e meio na Redação do maior diário da região de Franca, o Comércio da Franca. E por último estive Editor-Executivo na Redação d’A Tribuna de Santos, onde trabalhei com o Editor-Chefe Wilson Marini e tive, lado a lado, nas mesmas funções, os Jornalistas Mário Evangelista e Arminda Augusto.

Tenho consciência de que viver em São Paulo, Capital, não é fácil. Mas sei, também, que 50 anos nesta metrópole é um privilégio.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral (clamaral@uol.com.bré Católico Apostólico Romano, Corinthiano e devoto de Santo Agostinho e Santa Rita de Cássia. É autor dos livros Um lenço, um folheto e a roupa do corpo (2016) Por quê? Crônicas de um questionador (2017). É Jornalista desde 01/05/1968, Mestre em Jornalismo para Editores pelo IICS/SP (2003) e Biógrafo pela FMU/Faculdade de História/SP (2013/2015).

11/07/2021 22:49:52 (pelo horário de Brasília)

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