Por quê? (140) A figura voltou


Cláudio Amaral


Imagine, caro e-leitor, qual foi a primeira pessoa que encontrei ao chegar a São Paulo para as festas de Natal 2008?

Sim... você acertou: aquela figura no mínimo inusitada, à qual me referi pela primeira vez no dia 9 de janeiro de 2008, uma quarta-feira.

Até parece que ela estava a me esperar.

E... olhe que eu fiquei três meses vivendo em Santos, mais precisamente na “Capital da Baixada Santista”.

Pois ela, a figura, me esperou, pacientemente.

Sem dizer “alô”, nem “bom dia”, muito menos “feliz Natal”, ela, a figura, grudou em mim e me seguiu durante os dias 25 e 26 de dezembro de 2008.

No dia do Natal ela não teve chance porque eu fiquei em família de sol a sol.

Mas... hoje, sexta-feira, 26, não teve jeito: ela se escorou em mim novamente e não me largou enquanto eu fiquei perambulando pelas ruas paulistanas.

Acompanhou-me ao Banco Itaú, onde fui pagar uma conta.

Foi e voltou ao meu lado.

Depois do almoço, grudada, foi comigo a três locais onde trabalhei ao longo dos primeiros oito, quase nove meses do ano.

Na Rua Dr. Diogo de Faria, quase esquina da Rua Marselhesa, na Vila Clementino, ela, a figura, entrou comigo na lojinha do Jai, com quem fui me atualizar a respeito dos negócios da região.

- Nada mudou por aqui, Amaral, me disse o companheiro de muitas e muitas conversas.

Na Rua Indiana, no Brooklin, fui rever e abraçar meu amigo Francisco, corretor de imóveis dos bons, e lá estava ela, mais uma vez.

Perguntou mais do que eu.

Parecia conhecer o bom Chico há anos.

Pediu para conhecer o apartamento “descolado”, recém inaugurado.

E eu fui obrigado a intervir e explicar:

- Não é “descolado”. É apartamento decorado.

Viu e gostou, deslumbrada, a figura.

Claro. Ela deve morar numa quitinete no centro velho ou numa casinha da periferia.

- Olha o preconceito, Cláudião, me cobrou minha consciência.

- Perdão, perdão, perdão..., Senhor, pensei comigo mesmo, imaginando estar falando com Deus.

Na Rua Michigan, também no Brooklin, ela, a figura, foi mais discreta perante meu amigo Aramis.

Sentou-se a meu lado e ficou calada.

Ouviu sem intervir na conversa de quem está contando os dias para sair em férias com a mulher, professora municipal, mais os filhos adolescentes.

Terminado o giro, ela, a figura, seguiu comigo até o Largo Anna Rosa, na Vila Mariana, e... sumiu.

Sumiu sem dizer “até logo”, nem “adeus”, muito menos “feliz Ano-Novo”.

Estranha essa “figura no mínimo inusitada”, não?

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, professor e orientador de jovens jornalistas, palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional até o dia 1º/10/2008, quando entrou na Redação d’A Tribuna de Santos como Editor-Executivo.

26/12/2008 23:24:10

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