Por quê? (211) Silêncio mortal (2)
Cláudio Amaral
Jamais um texto meu causou tanta polêmica como o anterior, intitulado “Silêncio mortal”.
Nele eu contava três casos e me referia às mortes de um Amigo residente em Curitiba e de um colega morador em São Paulo.
Relatava, também, que está doente uma vizinha aqui da Aclimação, na Capital paulista, que prefere o anonimato.
Referia-me, sobretudo, à reportagem de capa da revista Veja da última semana de abril de 2010, cujo título é “Ajuda para morrer”.
Escrevi sobre o chocante texto de Adriana Dias Lopes, que entrevistou médicos e pacientes.
E terminei com o seguinte parágrafo:
“Cada vez mais eu concordo com os médicos que agem assim, ainda que eu não me sinta encorajado a me isolar, mesmo sabendo que esteja condenado a conviver com uma doença incurável”.
Foi o suficiente para que no mesmo dia eu recebesse telefonemas de amigos e conhecidos me perguntando: qual é a “doença incurável” que me afeta?
Nenhuma!
Felizmente, nenhuma!
Pelo menos que eu saiba.
Depois do segundo telefonema eu resolvi reler meu texto do dia 12/10/2010 e cheguei à conclusão que eles, os meus amigos, têm razão.
Eles têm razão porque o texto dá margem a esse tipo de interpretação.
Eu deveria ter tomado o cuidado de escrever “ainda que não esteja (eu, no caso) sofrendo de uma doença incurável”.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.
14/10/2010 19:36:22
Comentários
Báh, também tomei um susto quando lí o primeiro texto. Realmente deixa o significado preocupante nas linhas finais. Felizmente está tudo perfeito e fico feliz por isso. Concordo, da mesma forma contigo, com os médicos e a decisão terminal. Não sei também se me isolaria, mas fico desejando nunca precisar decidir isso. Mas essa vida é uma caixinha de surpresas...
Até lá, vida longa à todos nós!
Grande abraço!