Por quê? (213) O prazer de usar gravata


Cláudio Amaral

Você conhece alguém que tem prazer de usar gravata?

Gravata, camisa (branca, de preferência), um terno bem cortado e costurado, um par de meias e outro de sapatos?

Pergunto porque – sempre que pude – trabalhei assim.

E hoje, voltando da padaria Recanto Doce, aqui do bairro da Aclimação, na zona sul de São Paulo, onde moro, meu olhar foi atraído por um senhor da minha idade (algo em torno de 60 anos).

Ele caminhava em sentido contrário ao meu, na Rua Paula Ney, logo após a feira de terça-feira frequentada por Sueli, minha mulher.

E com isso me fez lembrar dos meus bons tempos de terno e gravata, mais camisa branca, meias e sapatos pretos (ou marrom, sabe-se lá).

Gostava tanto de usar gravata que até quando não era obrigado eu usava.

Na minha primeira apresentação pública, em Bastos, no Interior paulista, por exemplo, quando me coloquei a defender uma tese perante os olhares de centenas de olhinhos puxados de seguidores da Seicho-No-Iê.

A gravata era fininha, de duas tiras, tal qual eu vim a usar na apresentação seguinte, em São Paulo, antes de voltar a me mudar para cá.

Era uma gravata bem diferente das que eu viria a adotar no meu casamento com Sueli, por exemplo.

Na época eu gostava tanto de usar gravata que aproveitava todas as oportunidades que me apareciam.

Só evitava ir aos estádios de futebol de gravata, tal qual faz hoje em dia o treinador Wanderley Luxemburgo.

Assim que troquei a reportagem do Estadão pelo meu primeiro cargo de chefia, na Assessoria de Divulgação do Gabinete do Secretário da Agricultura, passei a usar gravata todo dia útil.

E assim foi ao longo de todos os meus anos até recentemente.

Foram quase 40 anos de trabalho.

Fiquei receoso apenas quando o primeiro-irmão de um presidente da República me encarou julgando que eu era o diretor da sucursal de São Paulo do Correio Braziliense.

Como eu não era o diretor mas apenas o chefe de redação, aquilo me fez repensar o meu traje – aí incluindo a tão comentada gravata.

Mas a dúvida foi passageira.

Logo eu voltei a usar gravata sem receio e fiquei à vontade.

Minha última aparição em traje completo foi no dia 11 de outubro de 2010, por ocasião do casamento da filha de um grande e saudoso amigo, Carlucho Maciel (Eliane com Tiago).

Naquele dia eu me vesti da cabeça aos pés tal qual nos dois principais e mais importantes casamentos a que compareci: o de minha filha Cláudia com Marcio Gouvêa no dia 29/7/2006 e o de meu filho Mauro com Vivian Heinrichs em 30/1/2010.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.

19/10/2010 15:25:47

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