Por quê? (264) Ser ou não ser?

Aqui em Ashburn Village não tem poluição de espécie alguma







Cláudio Amaral

Caminhando, mais uma vez, pela pista existente em torno do lago principal de Ashburn Village, me veio à mente uma grande dúvida: ser ou não ser? Eis a questão.

A questão é a seguinte: esta não é a primeira vez que eu me animo com um lugar que acabo de conhecer e fico vontade de arrumar as malas e me mudar.

Minhas memórias me trouxeram de volta as recordações de Roma e de Barcelona.

Estive em Roma em 1973, como repórter do Estadão e a convite do Grupo Liquigas.

Estive em Barcelona em 2001, como Gerente de Redação da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Tanto em Roma quanto em Barcelona fiquei apaixonado pelo que vi e me senti com vontade de transferir residência.

Mas tudo ficou na vontade.

Quando retornei de Roma o problema era – além do domínio da língua, que poderia ser superado com um bom curso de italiano – a questão de trabalho. Até porque o jornal em que eu trabalhava na época tinha correspondente fixo na capital da Itália.

Acabei esquecendo Roma, os romanos e os italianos.

Em Barcelona poderia ter sido diferente, mas não foi. Poderia porque já dominava a língua (após 4 anos de estudos no Instituto Miguel de Cervantes, no bairro do Morumbi, em São Paulo). Porém, eu estava bem empregado e não era a Imprensa Oficial que iria me dar emprego na Espanha.

Jamais esqueci Barcelona, os catalães e os espanhóis (até porque tive seis professores de Espanha em 2003, no Master em Jornalismo para Editores, em São Paulo, mas pela Universidade de Navarra, Espanha).

O FC Barcelona, um dos melhores clubes de futebol do mundo, também contribuiu para que jamais me esquecesse da capital da Catalunha e do time em que jogaram futebolistas do porte de Romário (atual deputado federal pelo Rio de Janeiro), Ronalducho (ex-Corinthians) e Ronaldinho Gaúcho (atualmente no Flamengo). Barça que hoje tem o argentino Messi, o melhor jogador de futebol do mundo.

Nem Roma, nem Barcelona e muito menos a minha São Paulo se comparam ao local em que estou há 50 dias e de onde eu não gostaria de sair.

Roma, Barcelona e São Paulo têm tráfego carregado e congestionamento que desestimulam qualquer cristão. Têm também poluição do ar, sonora e visual que comprometem a qualidade de vida de todos nós.

Aqui, não. Aqui é diferente. Aqui não tem os congestionamentos que vemos todo dia em São Paulo. Não tem poluição de espécie alguma. Não tem motorista indisciplinado e – como diria o ex-árbitro de futebol Arnaldo Cesar Coelho – as regras são claras, e respeitadas por todos, condutores e pedestres.

Aqui as vias públicas são largas e bem sinalizadas, os veículos são todos automatizados e, para minha surpresa, os motoristas podem usar à vontade o telefone celular enquanto dirigem. No Brasil, nem pensar. No Brasil isso da multa e pontos na CNH.

Aqui todos respeitam as árvores, os rios, os lagos e a vida selvagem.

Pena que para ficar aqui é preciso ter um tal de “green card” (http://www.greencard.com.br/) . Se não tiver, como eu não tenho, legalmente o cidadão pode passar no máximo seis meses nos Estados Unidos.

Por quê? Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?



(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.



8/11/2011 20:59:30

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