Por quê? (119) Maurren de Ouro


Cláudio Amaral

Maurren, querida: nem todos os brasileiros viram você saltar 7 metros e 4 centímetros nesta manhã (aqui no Brasil) de 22 de agosto de 2008.

A maioria, a grande maioria de nós, estava no trabalho, a caminho do trabalho, voltando do trabalho, caminhando nos nossos parques, tomando o café da manhã, na escola, praticando algum tipo de esporte, conversando com os amigos... fazendo seja lá o que for.

Mas, tenha certeza, querida Maurren, que milhões e milhões de brasileiros estavam, em todos os cantos do País, de olhos fixos na televisão e na pista em que você saltou para a glória: 7 metros e 4 centímetros, um centímetro a mais do que a russa Tatyana Lebedeva (medalha de prata) e 13 centímetros a mais do que a nigeriana Blessing Okagbare (medalha de bronze).

Foi lindo, Maurren.

Foi emocionante, Maurren.

Tão emocionante, Maurren, mas tão emocionante, que o Brasil foi às lágrimas.

Choramos de soluçar, Maurren.

Choramos por você, Maurren.

Choramos pelo Brasil, Maurren.

Choramos pela sua família, em São Carlos, Maurren.

Choramos pela pequena Sophia, sua filha com o piloto Antonio Pizzonia, Maurren.

Choramos por todos aqueles que acreditaram em você, Maurren.

Choramos porque sempre acreditamos que você não havia se dopado, Maurren.

Choramos por acreditar que você não mereceu a suspensão de 2003, Maurren.

Choramos pela sua decisão de voltar a competir, em 2006, Maurren.

Choramos pela sua determinação, Maurren.

Choramos pela garra que você teve ao longo de toda a sua vida, Maurren.

Choramos pela competência que você demonstrou em todas as competições que disputou, Maurren.

Choramos pela alegria de saber que você nasceu em São Carlos, Maurren, no Estado de São Paulo, no Interior paulista, de onde saiu o nosso outro Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, o também caipira César Cielo, nascido em Santa Bárbara D’Oeste.

O Brasil chorou o dia todo por você, Maurren.

Choramos tanto, Maurren, mas tanto, que até nos esquecemos o fiasco dos meninos do futebol, que ao invés do Ouro nos trouxeram medalha de bronze.

Choramos tanto, Maurren, que até nos esquecemos da luta, garra, determinação... das nossas Meninas de Ouro, que no dia anterior caíram em pé diante dos Estados Unidos e nos trouxeram Medalha de Prata.

Choramos, choramos, choramos... por você, Maurren.

Choramos um choro gostoso e fruto de uma emoção profunda, Maurren.

Foi muito bom ver você, Maureen Higa Maggi, ganhar, comemorar e depois receber a Medalha de Ouro.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

22/8/2008 11:15:38

Comentários

Anônimo disse…
Olá, amigão. Como sempre, belo texto. Passei aqui para dar um oi. Abração.
Cláudio Amaral disse…
Valeu, Zé Marcos.
Modéstia às favas, aceito o elogio. Até porque esse texto foi escrito com o coração (lembrando o saudoso Antonio Maria: "jornalista não escreve com as mãos").
Cláudio Amaral

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