Por quê? (123) Obrigado, Senhor
Cláudio Amaral
É sábado, dia 30 de agosto de 2008.
Fez frio o dia todo em São Paulo, Capital.
Agora, às 18h30, a temperatura está ainda mais baixa.
Na região em que eu circulei pela manhã e à tarde não foi possível ver um único raio solar.
O apartamento que eu escolhi para passar o dia precisou ser iluminado com luz artificial das 10 horas da manhã às 6 horas da tarde, quando vim para minha casa.
Nem a vitória do Corinthians sobre o ABC de Natal por 4 a 0 foi capaz de esquentar o tempo e me animar.
Vendo a casa vazia e tomado pela solidão, peguei um guarda chuva e fui pra rua.
Subi a Gregório Serrão em direção à José de Queirós Aranha, virei à direita e segui rumo a Aclimação.
Estava decidido a conversar com Deus na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, onde, segundo os Amigos Antônio Carlos e Valéria, recentemente houve um casamento inesquecível.
Logo após o Kahn el Khalili, uma das casas de chá mais famosas de São Paulo, mas ainda na Queirós Aranha, avistei uma pessoa andando com dificuldade.
Logo a reconheci, embora nunca tenha falado com ela.
Era uma jovem que caminhava apoiada em duas muletas.
Uma moça bonita, bem vestida, embora em trajes simples.
Andou e parou mais de uma vez em menos de 100 metros.
Estava cansada, com certeza.
O esforço que era obrigada a fazer com os braços para conduzir as muletas e para colocar uma perna na frente da outra, arrastando as duas, era maior do que as suas forças.
Pensei em falar com ela, mas me faltou coragem e desisti.
Apertei o passo, adiantei-me e procurei chegar logo à paróquia onde há cerca de 33 anos mandamos, Sueli e eu, celebrar a missa de sétimo dia do nosso filho Cássio Fernando.
Fiquei frustrado ao ver a igreja fechada e totalmente no escuro.
Nem assim, entretanto, eu desisti de falar com Deus.
E falei:
- Obrigado, Senhor, por ter me dado saúde, pernas e braços fortes; obrigado, Senhor, por ter me permitido nascer numa família saudável; obrigado, Senhor, por ter me possibilitado gerar filhos fisicamente perfeitos; obrigado, Senhor, pela netinha perfeita que ajudastes a colocar no mundo; obrigado, Senhor, por amparar a todos que, infelizmente, não nasceram como eu, minha mulher, meus filhos, nossa Be(bê)atriz; obrigado, Senhor; obrigado, Senhor.
Por quê?
Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?
30/8/2008 22:41:48
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