Por quê? (176) Em nome da palavra impressa


Cláudio Amaral

Eu nunca fiz diferença entre as palavras.

Para mim, palavra é palavra, seja impressa ou falada.

E tem mais: sempre fiz questão de escrever e falar corretamente. Ou, como queira, da maneira mais correta possível, porque, afinal, ninguém é perfeito.

Mas, eles fazem questão. Ou pelo menos ele, Ruy Castro, faz.

E fez, publicamente, sexta-feira, ao lado dos jornalistas e escritores Ricardo Kotscho e Heloisa Seixas, desde o palco do Theatro Guarany, em Santos, por ocasião do 1º Encontro Internacional de Escritores, batizado de “Tarrafa Literária”.

Ruy Castro tem uma história linda e apaixonante em relação às palavras.

Ele, entretanto, fez questão de nos dizer, por exemplo, que a palavra impressa avaliza a notícia.

Disse mais: ouvida através do rádio, a palavra entra por um ouvido e sai pelo outro; pela televisão? hum... a televisão, segundo Ruy Castro, “diz tanta porcaria”.

Nas palavras de Heloisa Seixas – jornalista, tradutora e escritora, mulher de Ruy há 20 anos – Castro se identificou com os livros ainda pequeno, numa casa que tinha muitos jornais e revistas, mas poucos ou nenhum livro.

Logo ele começou a ler e a colecionar livros. E até hoje cuida, organiza, restaura e se encanta com os livros.

Nas palavras de Ruy, ele ganhou o primeiro livro aos cinco anos e hoje, aos 61 anos, nunca passou um dia sem ler.

Ele dá tanta importância à palavra impressa, que não tem dúvida em afirmar que o livro já nasceu “veículo perfeito”.

O livro é barato e pode ser lido em qualquer lugar, segundo Ruy: no banheiro, no ônibus, no trem, no táxi, no avião, na cama, no sofá...

O livro também pode ser guardado em tudo quanto é lugar e de qualquer jeito, lembrou Ruy Castro numa conversa descontraída e informal com uma platéia que poderia ter o triplo de ouvintes, tal é a capacidade do Theatro Guarany.

Isso, entretanto, certamente não o incomodou. Nem a ele, nem a Heloisa, nem a Ricardo Kotscho, o mediador, porque lá estavam pessoas interessadas e atentas.

Ruy calçava uma meia que estampava o distintivo do Flamengo e fez questão de mostrá-lo a Kotscho, que vestia uma camisa com o brasão do SPFC.

A platéia riu das preferências futebolísticas dos dois, mas estava interessada, mesmo, nas idéias literárias de ambos. E de Heloisa Seixas, também, autora de Pente de Vênus, A porta, Diário de Perséfone, Através do Vidro, Pérolas absolutas, Uma ilha chamada livro (Contos mínimos – sobre ler, escrever e contar, que ela fez a gentileza de autografar para mim, ainda no Theatro Guarany), Sete vidas e Mal de Alzheimer, O lugar escuro.

Para sorte nossa, Ruy usou seus conhecimentos sobre a palavra para nos falar das biografias que produziu, do trabalho dele como biógrafo e confessou que mostra cada capítulo para Helô, assim que o conclui.

Por fim, nos brindou com duas frases inesquecíveis:

- A palavra é um assunto inesgotável.

- É preciso entender os mistérios da palavra.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968, repórter, editor, professor e orientador de jovens jornalistas, palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação empresarial e institucional.

5/9/2009 13:35:43

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