Por quê? (87) As confidências de Xico Giaxa


Cláudio Amaral

Devidamente alertado pelo Amigo Ivan Evangelista, assim que cheguei a Marília, na quarta-feira, 21 de maio de 2008, liguei para o jornalista Francisco Manoel Giaxa com o objetivo de me informar a respeito do lançamento de A quem interessar possa.

Trata-se de um livro de memórias do meu ex-colega de Redação no Jornal do Comércio de Marília.

Liguei para ele e marcamos um encontro para 14h30 do mesmo dia, na sede da Secretaria Municipal de Saúde, na Avenida República, a mesma via pública em que ficava a primeira residência de meus pais em Marília.

Além de meu colega no JC, Xico Giaxa foi contemporâneo de Sueli, minha mulher, no Colégio Estadual Amilcare Mattei. Ele cursava o Cientifico e ela o Normal. Ele queria ser engenheiro e ela professora primária. Ambos, entretanto, acabaram jornalistas. Ele porque fazia jornais estudantis desde o curso primário e ela porque era filha e irmã de jornalistas. Para completar, ela se casou com um jornalista, o felizardo aqui de plantão.

Fomos juntos, Sueli e eu, rever Giaxa na Secretaria que cuida da saúde do povo de Marília. E o encontramos tal qual o vimos pela última vez, há mais de 30 anos.

Um pouco mais gordo”, ele observou. Sim, concordo, mas o cabelo e o bigode são os mesmos: fartos e negros, fato raro num homem de 60 anos.

Depois de algumas poucas reminiscências, até porque eu tinha compromisso com o dentista às 15 horas, ele tirou da primeira gaveta do lado esquerdo da mesa de trabalho um exemplar de A quem interessar possa, devidamente autografado.

Sueli, sempre mais rápida do que eu, leu 41 páginas enquanto eu era atendido pelo Dr. Paulo, na Clínica do Dr. Wilson Kleinschmitt, na Avenida Santo Antônio.

Eu só fui ter tempo para folhear o livro de Giaxa neste domingo, 25 de maio de 2008. Li as 102 páginas num sentada só. Comecei no final da manhã, logo após o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1, e terminei exatamente às 14h21.

Li com muita curiosidade, até porque, à medida que o tempo passa, aumenta meu interesse pelas coisas de Marília, a cidade em que me fiz jornalista, me casei com Sueli, nasceram meus dois primeiros filhos... e para onde viajei, desta vez, para participar e ver as comemorações dos 80 anos da mais mariliense de todos os cidadãos nascido na cidade: Aparecida Grenci Bravos, a Dona Cidinha, minha querida sogrinha.

Graças à leitura de cada uma das palavras, das linhas, dos parágrafos e das páginas de A quem interessar possa, graças, enfim, à obra de Xico Giaxa, pude ter conhecimento da origem humilde e da trajetória vitoriosa deste meu ex-companheiro de Jornal do Comércio, de como se deu o ingresso dele no Jornalismo e a passagem do JC para a área pública, a aposentadoria após 40 anos de Serviço Público, o casamento com a Célia, a importância da convivência do casal, da mãe dele, dos pais dela, das três filhas, dos dois genros e dos três netos.

Conheci também a vivência empresarial de Giaxa e as tentativas que ele fez pela política, nem sempre por vontade própria.

Li com tristeza, confesso, mas sem surpresa alguma, como os jornais, as emissoras de rádio, os jornalistas e os radialistas de Marília são tratados e se deixam tratar pelos políticos e ocupantes de cargos públicos.

Foi com tristeza, também, uma tristeza profunda, que soube – em poucos detalhes, é verdade – como se passaram os últimos tempos de vida de meu querido Mestre Irigino Camargo, o primeiro jornalista a acreditar em mim.

Mas, ao mesmo tempo, fiquei feliz ao saber da fé que Giaxa tem em Deus. Ele e, certamente, toda a família dele. E igualmente pela devoção que Xico dedica a Nossa Senhora, de quem também sou devoto e a quem agradeço diariamente tudo o que de bom me tem acontecido na vida.

Por fim, quero deixar meus agradecimentos a Francisco Manoel Giaxa por ter me feito lembrar, pelas páginas de A quem interessar possa, de pessoas que me foram e me são caras, algumas das quais eu não vi e não verei mais, e outras que não vejo há anos, muitos anos: o Mestre Irigino Camargo, de quem me lembrarei sempre com muito carinho, respeito e gratidão, mesmo sabendo que apenas cinco pessoas foram ao enterro do corpo dele; Anselmo Scarano, com quem não tive o privilégio de trabalhar, mas com o qual aprendi muito a respeito do funcionamento dos jornais; Toninho Neto, por meio do qual eu fiquei sabendo, em meados de 1969, da existência da mocinha que dois anos depois viria a se tornar minha esposa e agora, além de mãe dos meus filhos, é avó da minha primeira netinha, a graciosa Beatriz; Luiz Carlos Buscariolo Calegari, outro colega da JC e meu padrinho de casamento; Luiz Carlos Lopes, que me substituiu como correspondente do Estadão em Marília e com o qual eu tinha um encontro nesta viagem a Marília, que acabou não acontecendo; Vanderlei Mariano, que, ao que me consta, Xico, foi para Rondônia, onde vive o meu cunhado Mário Márcio Bravos, o Marinho, e não para o Acre; o gráfico Mingão, do Correio de Marília, que eu não sabia como tinha falecido; os deputados federais Aniz Badra e Diogo Nomura; o deputado estadual Oswaldo Doreto Campanari, que também admiro, não só porque ele operou a catarata de minha mãe; o jornalista Octávio Ceschi e o chefe da Oficina do JC, Armindo Travagim, que era turrão, sim, mas ao mesmo tempo muito competente.

Em A quem interessar possa, Xico, você me fez lembrar que a minha Sueli, tal qual a sua Célia, também trabalhou na Mesbla. E mais: que a festa de meu casamento com a filha de José Arnaldo e Dona Cidinha igualmente foi no Clube dos Viajantes.

Foi muito bom, Giaxa, ler A quem interessar possa.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caríssimo e-leitor de Marília?

25/5/2008 20:06:48

Comentários

Anônimo disse…
CLAUDIO: Cada vez mais admiro você e me alegro em tê-lo conhecido e trabalhado contigo.Invejo sua maneira fácil e objetiva de escrever, qualidade esta que o fez um grande jornalista. Um forte abraço, extensivo a sua esposa Theresinha ,que tive a grande satisfação de revê-la.Estou a disposição de vocês. GIAXA
Unknown disse…
Claudio a lembrança que guardo dele
é a de quando ele chegava em Presidente Prudente e me jogava para o alto, cheio de alegria. Eu tinha apenas 4 anos. Depois disso, pouco soube dele. Meus pais o visitaram
pouco antes de sua morte.
O que mais me deixa feliz é saber que
eu e meu irmão Régis Camargo, entramos para a literatura sem nenhum esforço, sem precisar usar o nome de ninguém, pois já trazemos no sangue a herança de Irigino Camargo. Poucos sabem que ele tinha um livro pronto para o prelo, era poeta sim senhor!

Abraços

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