Por quê? (256) Boa sorte, Emerson Leão.

Emerson Leão no SPFC, por Rubens Chiri/saopaulofc.net


Cláudio Amaral

Fico profundamente decepcionado com a reação adversa que tenho lido contra o ex-goleiro Emerson Leão, novo treinador do time principal de futebol do São Paulo Futebol Clube.

Leão não é e nunca foi meu amigo, apesar dos seis meses que convivemos quase que diariamente quando ele era titular absoluto do gol da “Academia” do Palmeiras, no início dos anos 1970.

Eu era repórter do Estadão, na Editoria de Esportes, sob o comando do editor Ludemberg Teixeira de Góes. E passei meio ano acompanhando todo dia os treinos, as entrevistas, os jogos e boa parte das viagens do time dirigido e muito bem orientado pelo saudoso Mestre Oswaldo Brandão (gaúcho de Taquara, onde nasceu a 18 de setembro de 1916, vindo a falecer em São Paulo a 29 de julho de 1989).

Portanto, sei o quanto é difícil conviver com o Leão (ou com os “leões”, tanto o atual treinador do SPFC, quanto o representante da Receita Federal, onde tive que comparecer por três vezes, há três anos).

Goleiro do Palmeiras – e titular ao lado de Leivinha, Luiz Pereira, Dudu, Ademir Da Guia, Cesar, o “Maluco”, e outros tantos integrantes da “Academia” –, Leão sabia valorizar a importância que tinha para o time e para a seleção brasileira.

Quase sempre, valorizava até mais do que devia.

Cuidava do corpo mais do que qualquer outro jogador da equipe do Parque Antártica e, por conta disso, chegou a fazer propaganda de cuecas (sempre mostrando as pernas).

Naquela época – repito: início dos anos 1970 – procurei Leão por duas ou três vezes na residência dos pais dele, com quem ele morava, na Rua Coronel Diogo, logo após a Avenida Lins de Vasconcelos, na Aclimação/Cambuci. Em todas ele foi educado para comigo, mas nunca deu um sorriso ou demonstrou-se feliz com minha visita. Atendeu-me bem, e ponto final. Falou o que achava que deveria falar e encerrou a conversa.

Sei que ele gostava, mesmo, era de conversar com meu Amigo Reginaldo Leme, titular da cobertura do Palmeiras (e palmeirense, ao que me consta). Mas Góes, o editor de Esportes do Estadão, teve que me mandar para o estádio do Alviverde porque o “Alfacinha” estava mais interessado nas coberturas de Fórmula 1, pela qual acabou optando em seguida.

Como eu não via futuro nas coberturas futebolísticas e os esportes considerados nobres tinham “titulares absolutos” – Ney Craveiro no tênis e no basquete, por exemplo – acabei fazendo uma troca com Tuca Pereira de Queiroz. Ele, sim, era um verdadeiro repórter esportivo e que estava exilado na Reportagem Geral, que não curtia. Então, combinamos, pedimos aos nossos chefes – Góes, no meu caso, e Eduardo Martins, no caso dele – e ele foi para Esportes e eu para a Geral.

Assim sendo, só voltei a encontrar Leão anos e anos depois, num domingo à tarde, no estádio do Canindé. Acreditem se quiserem: ele era goleiro do meu Corinthians e fiz questão de fazer as apresentações dele para com meu filho Mauro, mais fanático do que eu pelo Timão.

Creio que ele não me reconheceu, por ocasião daquele encontro no estádio da Portuguesa de Desportos, mas nem por isso fiquei contrariado, nem passei a ter mágoa do atual treinador do Tricolor do Morumbi.

Até porque, felizmente, Deus me ensinou que as palavras negativas nós devemos expurgar do dicionário: mágoa, inveja, ódio, revolta, etc. Porque são todas representantes de sentimentos negativos.

E hoje (quarta-feira, 26/10/2011), mais do que nunca eu penso e torço sempre pelo êxito das pessoas. De todas as pessoas. Como fazia São Francisco de Assis, cuja vida acabo de ter o privilégio de ler em “São Francisco de Assis – Ternura e Vigor”, livro escrito por Leonardo Boff e editado pela Vozes.

Francisco, idealizador e criador da Ordem Franciscana, foi – segundo Boff – “uma alternativa humanística e cristã”. E mais que isso: um homem que teve a coragem de enfrentar a morte de frente e de dizer: “Bem-vinda sejas, minha irmã, a morte”.

Assim sendo, torço pelo êxito de Emerson Leão no SPFC, mesmo estando a quase 8.000 quilômetros de distância do treinador do SPFC. Para o bem dele e de todos os meus amigos são-paulinos: Marta Peretti (minha orientadora psicológica), Ricardo Chiqueto (meu professor de Pilates), Vinicius Araujo (meu ex-colega no jornal Comércio da Franca), Carlos Magagnini (meu primo), Fernando Philipson e sua esposa Salete (meus compadres) e, entre muitos outros, meu filho Flávio.

Torço por Leão e pela recuperação do SPFC. Assim como – sinceramente – gostaria de ver bem colocados na tabela do Brasileirão 2011 também o Palmeiras (dos meus Amigos Décio Miranda e Edson Rossi) e o Santos FC (dos meus Amigos Carlos Conde, Bruno Pessa, Arnon Gomes, Ronaldo Vaio e Lidia Maria de Melo, entre muitos outros).

Por quê?Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968.

26/10/2011 15:43:24

Comentários

Cláudio Amaral disse…
From: Ronaldo Abreu Vaio
To: clamaral@uol.com.br
Sent: Wednesday, October 26, 2011 4:36 PM

Belo texto, Cláudio. Pois é, dizem que o Leão é isso, é aquilo (não convivi, não sei); seja como for, no coração do torcedor do Santos, ele tem um cantinho guardado, ao lado de um número especial: o ano de 2002.

Um grande abraço,

Ronaldo
Cláudio Amaral disse…
From: Décio Miranda
To: Cláudio Amaral
Sent: Wednesday, October 26, 2011 8:35 PM

Obrigado, Cláudio, pela citação e parabéns pela crônica. Gostei e, tenho certeza, até o Leão gostaria de ler esse registro. Um abraço pra você e pra toda família. Não mando minhas saudações alviverdes porque estão um pouco murchas, com tendências a se agravarem. Também, o que esperar de uma equipe que, além de suportar os barracos da diretoria, só tem um craque: o técnico?

Décio
Cláudio Amaral disse…
From: Bruno Pessa
Sent: Thursday, October 27, 2011 6:28 PM

Bacana, amigo, um abraço e sorte ao leonino!


Bruno Pessa
Cláudio Amaral disse…
amaralclaudio: gostei bastante de seu texto sobre o Leão.
abração
Bruno Rios

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