Por quê? (114) Revendo os adamantinenses




Cláudio Amaral

Acordei cedo. Cedinho. E não voltei a dormir.

A cama de casal que me deram no apartamento 202 do Hotel Villa Verde até que era agradável, mas eu não voltei a dormir. Juro que não.

Por quê?

Simples: eu estava com fome e tinha muito o que ver lá fora, nas ruas, alamedas e avenidas de Adamantina. Da minha Adamantina. Afinal, há quase 40 anos que eu não vinha aqui com tempo. Pelo menos com o tempo que eu tenho agora.

Tomei meu café da manhã (farto, por sinal) e coloquei os pés na estrada.

Na estrada é modo de dizer. Modo de caipira falar que saiu pra ver as ruas e a gente da cidade.

Fui ver, primeiro, o que restou da antiga estação ferroviária. Lá, vi o jardim japonês da minha infância, mas não vi o trem. A estação está desativada, ou melhor, virou um centro de convivência e um local de exame de candidatos a motoristas e motociclistas. Tinha muito deles por lá. Carros e motos, também.

De lá, passei no Jornal da Cidade, mas a Carolina, minha contato, não estava. Deixei recado, cartão de visita e segui em frente.

Na Avenida Rio Branco, a principal da cidade, revi a Casa Ganha Pouco, os locais onde funcionaram a loja de eletrodomésticos e o Foto Linense. Trabalhei em ambos.

Na Avenida Santo Antônio, bela e formosa, de braços abertos para mim, a Igreja Matriz. Entrei, claro. Deliciei-me com o cheiro de madeira nova dos bancos e fiz minha oração. Pedi saúde para mim, minha família, meus amigos e todos os adamantinenses, daqui e do mundo.

Como a minha máquina fotográfica deixara de funcionar ainda na antiga estação de trem, procurei uma loja que me vendesse baterias novas. Encontrei no Foto do Mauro, na Rua Deputado Salles Filho, quase esquina com a Avenida Rio Branco. Pertinho do Hotel Villa Verde e da Casas Pernambucanas.

A Aline, uma pequena, jovens e delicada figura, me atendeu com a maior atenção, me indicou as baterias que eu deveria comprar e fez mais: me emprestou um par delas que me permitiu fotografar o dia todo, até 16 horas, quando lá voltei para buscar os dois jogos, o usado e o novo, devidamente recarregados. Valeu, Aline. Deus lhe pague.

Feliz da vida, fiz uma pausa no hotel, tomei um copo de suco de laranja com graviola, peguei um exemplar da nova edição de “Meus escritos de memória” e fui em direção ao escritório do professor e advogado Fernando Chagas Fraga (na foto de minha autoria), na Alameda Capitão José Antônio de Oliveira, logo abaixo da Avenida Adhemar de Barros. Não passava das 9 horas, mas ele lá estava, firme e forte, trabalhando num processo judicial.

O papo foi muito interessante. Cheio de lembranças agradáveis. Desde os tempos em que eu morava aqui.

Professor Fernando, como eu sempre o chamei, me contou, por exemplo, que foi co-proprietário do Instituto Educacional, onde eu estudei; diretor por 5 anos do Instituto Helen Keller, no qual completei o ginasial, em 1968; formou-se em Direito em 1972, na faculdade de Tupã, aqui perto; foi vereador por quatro legislatura, ou seja, 16 anos; exerceu a presidência da Câmara de Vereadores por três vezes e ocupou o cargo de prefeito por ano e meio.

Hoje? Hoje, ou melhor, há 35 anos o Professor Fernando Chagas Fraga advoga. Aos 73 anos de idade, ainda filiado ao Partido Popular (PP), ele não quer mais saber de política. Nem da política municipal.

Dei um exemplar de “Meus escritos de memória” a ele, em primeira mão, tirei uma foto, nos despedimos calorosamente e segui em frente.

Como foi bom rever e conversar novamente com o meu inesquecível e querido Professor Fernando Chagas Fraga nesta viagem a Adamantina.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

19/8/2008 18:04:44

Comentários

Francisco Castro disse…
Olá gostei muito do seu blog.

Parabéns!

Um abraço
Anônimo disse…
Boa noite Sr Claudio, noite anciosa para mim!Meu nome é Camila e daqui uns minutos terei o prazer de conhecê-lo pessoalmente, tenho que conseguir uma entrevista com o senhor, para um trabalho que me deixará muito honrada.Passei o dia nervosa, li seu blog nos ultimos dias e tentei acompanhar algumas coisas sobre você, não saberei como me comportar direito diante de tão grandiosa personalidade para nós.Sou estudante de jornalismo na FAI, preparei carinhosamente a entrevista mas creio que não conseguirei tudo o que pretendo pelo meu nervosismo e anciedade.Gostaria de lhe dar os parabens, adorei a forma como falou das pessoas da cidade. Um grande Beijo e até já!

camilaheloise@hotmail.com
Anônimo disse…
CARO CLAUDIO, VOCE É UM DOS COMUNICADORES QUE INICIARAM A RADIO CENTENÁRIO DE CARAÚBAS NO RIO GRANDE DO NORTE?

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