Por quê? (268) A figura ressurgiu do nada



Cláudio Amaral

Alguém, entre meus caríssimos e-leitores, consegue se lembrar da figura no mínimo inusitada, à qual me referi pela primeira vez no dia 9/1/2008? Pois saibam todos que ela ressurgiu do nada nesta quarta-feira, dia 7/12/2011.

“Deve ser por conta do Natal”, pensei cá com os meus botões. “Ou seria, simplesmente, porque a região central da Capital paulista está repleta de prostitutas e travestis?”

Ao certo, confesso, que não sei. Deveria saber, mas não, não e não. Não sei mesmo.

Só sei que ela vem e vai com a maior facilidade. Até parece um ser invisível, mas não é. É, mesmo, uma figura no mínimo inusitada.

Depois do dia 9/1/2008, ela, a figura, voltou a cruzar os meus caminhos por mais sete vezes. Todas ao longo de 2008. E depois sumiu.

Desta vez (7/12/2011), ela, a figura, começou a me seguir a partir da Estação Sé do Metrô.

Eu vinha da Estação Ana Rosa e ela embarcou nos meus calcanhares em direção à Estação República.

O primeiro comentário que fez aos meus ouvidos foi: “Como está mudada esta estação”. E estava mesmo. Até porque eu e Sueli passamos meses nos Estados Unidos e não acompanhamos de perto a conclusão das obras de ampliação da República, que agora tem interligações com outras regiões da Capital paulista.

Ao sairmos na Praça da República tivemos outra surpresa: não havia mais tapumes nem canteiros de obras. Estava tudo igual ou melhor do que nos tempos em que trabalhei por três meses no gabinete do secretário da Educação do Estado, no mesmo local onde outrora funcionou o Colégio Caetano de Campos.

Cruzamos então a Avenida São Luis, passamos em frente à ex-sede do Hotel Hilton (de triste memória) e mais à frente pelo bar Redondo. Viramos à direita na Rua Rego Freitas e fomos descendo, descendo, descendo. Descendo e dando de cara com prostitutas e travestis, o que deixou a figura excitada.

Por que, eu não sei. Nem sequer perguntei a ela.

Antes do Largo do Arouche, paramos numa loja de filtros e eu fiz as compras encomendadas pela patroa.

Subimos novamente a Rua Rego Freitas e aproveitei para conferir minha situação sindical junto ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.

Feito isso, mentalizei um Pai Nosso e uma Ave Maria, por conta da Igreja da Consolação, que estava bem à minha frente e onde, outras missas, assisti a de sétimo dia em intenção da alma do saudoso ex-governador Mário Covas.

Entre voltar de Metrô, a partir da Estação República, optei por seguir em frente, caminhando.

A figura seguiu comigo e se admirou com o painel que Emiliano Di Cavalcanti pintou para enriquecer a então sede do Estadão, na Rua Major Quedinho, 28, onde trabalhei por cinco anos, de 1971 a 1975.

Passamos pela Praça Craveiro Lopes, pelo Palácio Anchieta (sede da Câmara de Vereadores) e subimos o Viaduto Maria Paula.

De quebra, paramos num dos muitos sebos que existem junto à Igreja da Sé e eu perguntei se havia algum livro do jornalista Gay Talese.

“Qual é o título”, me perguntou um jovem sentado junto ao computador. E eu respondi: “Qualquer um”. E expliquei: “Sendo do Gay Talese, qualquer livro me encanta”.

Como não tinha, o rapaz sugeriu que eu fizesse uma busca pela Internet.

Agradeci e segui adiante.

E a figura no mínimo inusitada? Foi comigo até a Estação Liberdade. Ali eu a vi pela última vez, porque quando me virei para falar com ela, cadê? Havia sumido sem dar explicação alguma. Sem dizer “bom dia”, nem “até logo”, “até um dia, quem sabe, talvez”.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que, caro e-leitor?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968

Para quem quiser reler as crônicas que escrevi a respeito da figura no mínimo inusitada, aqui vão os respectivos linques:
A figura: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/02/por-qu-23-figura.html
O vidro: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/02/por-qu-31-o-vidro.html
Emoções: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/02/por-qu-32-emoo.html
Desencontro: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/02/por-qu-47-desencontro.html
No mosteiro: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/03/por-qu-59-no-mosteiro.html
Vãobora, vãobora: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/05/por-qu-83-vobora-vobora.html
A volta da figura: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/06/por-qu-97-volta-da-figura.html
A felicidade da figura: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/06/por-qu-99-felicidade-da-figura.html
A figura foi ao plantão: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2008/07/por-qu-104-figura-foi-ao-planto.html
A figura foi à posse de Obama: http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com/2009/01/por-qu-141-figura-foi-posse-de-obama.html

8/12/2011 18:22:47

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