Por quê? (54) Mário Covas


Cláudio Amaral

Nesta quinta-feira, 6 de março de 2008, o mundo da política brasileira vai se reunir às 11 horas, no Mosteiro de São Bento, no centro da Capital paulista, por um motivo nobre: orar pela alma e reverenciar a memória de um dos políticos mais atuantes e dignos que este País teve: Mário Covas Júnior, o Zuza.

Será o momento de lembrarmos a passagem 7º aniversário do falecimento de nosso ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal, ex-prefeito da Capital paulista.

A iniciativa é da Fundação Mário Covas e contará com a participação do Coral dos Monges Beneditinos do Mosteiro de São Bento.

Em Santos, cidade em que Mário Covas nasceu, viveu, sonhou um dia prefeitar e foi sepultado, a missa será às 18 horas, no Santuário de Santo Antônio do Valongo.

Covas não me conheceu como eu gostaria que tivesse conhecido, mas eu o conheci bem, de perto.

Com exceção da eleição para prefeito de Santos, em 1961, quando eu tinha apenas 12 anos e morava em Adamantina (SP), votei nele em todas as outras eleições que ele disputou a partir de 1967, quando, com 18 anos completos, tirei meu primeiro título de eleitor.

Lembro-me bem da campanha que ele fez para deputado, em 1982, quando foi eleito com 300 mil votos para a Câmara Federal.

Depois vieram as campanhas, também inesquecíveis, para o Senado, em 1986, que resultou em 7,7 milhões de votos, a maior votação da história do Brasil até aquela época; para a Presidência da República, em 1989 (4º lugar); em 1990, para governador de São Paulo (3º lugar); em 1994, quando foi eleito governador com 8,6 milhões de votos e em 1998, reeleito com 9,8 milhões de votos.

Morto no dia 6 de março de 2001, quando era governador e foi vencido por um câncer que nunca antes havia conseguido tirá-lo de combate, nem diminuir sua vontade de viver e de lutar pelo povo do nosso Estado e do nosso País, Mário Covas foi homenageado em todo o território nacional.

Os motivos são muitos, mas há que se destacar a tenacidade deste filho de Santos, torcedor fanático do Santos FC (o qual sonhou presidir e não conseguiu); a honestidade, a determinação e a capacidade de fazer política e administrar a principal cidade e maior Estado brasileiro.
Mário Covas teria sido presidente da República na sucessão de Fernando Henrique Cardoso, se vivo estivesse. E, caso isto tivesse acontecido, este País seria ainda melhor e muito maior.

As desigualdades sociais, por exemplo, não seriam tão acentuadas.

A carga tributária não nos seria tão pesada, tal era a fúria com a qual ele combatia os impostos e taxas cobrados pelo Governo Federal.

Mário Covas era um político raro e tão correto, mas tão correto, que jamais permitiu, por exemplo, a nomeação de um parente para qualquer cargo público. Nem na administração dele, nem na gestão de um político e ou administrador amigo. Com ele não tinha proselitismo, muito menos apadrinhamento, nem conchavos, negociatas, toma-lá-dá-cá, etc.

Sei, e todos que estiveram próximos a Mário Covas sabem, de pessoas amigas dele que foram demitidas sumariamente de cargos públicos porque não compareciam ao trabalho.

Quem mais fez isso? Quem? No passado e no presente. Quem?

Esse é o tipo de político que sempre fez falta no Brasil. Sempre.

Por quê?

E você ainda me pergunta por que?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional e criador do http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com e do http://aosestudantesdejornalismo.blogspor.com.

1/3/2008 15:16:36

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