Por quê? (60) Padre Jorge

Cláudio Amaral

“Sacerdote é como militar”, eu disse para Sueli numa manhã qualquer da semana passada, quando ela me contou que o Padre Jorge estava de partida.

“Tanto o militar quanto o sacerdote”, acrescentei, “sabem, logo no início da carreira, que terão de mudar de residência e de cidade inúmeras vezes ao longo da vida”.

“Essa é a vida deles”, conclui.

E na manhã deste domingo, 9 de março de 2008, como todas as manhãs de domingo, lá fomos nós, Sueli e eu, para a celebração do Padre Jorge, na capela das Irmãs da Visitação, na Rua Dona Inácia Uchoa, na Vila Mariana.

Teria sido uma celebração como todas as missas do domingo, naquele local pequeno e agradável, onde ouvimos e refletimos em torno das três leituras, cantamos, rezamos o Pai Nosso e a Ave Maria, confessamos, comungamos e, por fim, damos o máximo da nossa atenção ao sermão do sacerdote.

Mas, a missa, ou melhor, a “celebração da Missa”, como certa vez me ensinou Toni Fongaro, foi diferente.

Afinal, o Padre Jorge estava se despedindo de nós.

Quando ele aqui chegou, há quatro anos, eu não estava em São Paulo. Continuava tendo residência na Capital paulista, como sempre tive, desde maio de 1971, mas trabalhava em tempo integral em Campo Grande (MS).

Por conta disso, raramente assistia as missas do Padre Jorge.

Soube da chegada dele pelos relatos da Sueli, ora em São Paulo, ora em Campo Grande.

Voltei em fins de março de 2005, mas logo fui trabalhar em Franca e por lá fiquei um ano e meio.

Enquanto isso, freqüentava a Catedral de Franca e assistia as celebrações do pároco local, Padre José Geraldo Segantin, com quem tive excelente relacionamento e de quem sempre admirei a voz com a qual ele cantava e nos encantava.

Em julho de 2006, quando retornei de vez para casa, fui levado por Sueli para assistir as celebrações de Padre Jorge. E dele fui ficando fã, pouco a pouco.

Sei quase nada do Padre Jorge, confesso. Sei apenas que ele veio do México, que pertence à Ordem dos Xaverianos e que nesta segunda-feira, 10 de março de 2008, parte para uma pequena paróquia do interior do Paraná, próxima a Foz do Iguaçu.

Minha admiração por ele, entretanto, sempre foi crescente e motivada pela simpatia com que ele nos recebei à porta da capela das Irmãs da Visitação, pela facilidade com que ele nos explicava o Evangelho, pela maneira com que ele nos colocava à vontade durante os sermões, que, de verdade, eram mais bate-papos informais do que sermões.

Sei mais de Padre Jorge pelo que me falavam Sueli e a Amiga Glória (tema da crônica 33, de 14 de fevereiro de 2008).

Sei também que não devemos ser egoísta a ponto de querer só para nós e a nossa comunidade o que de melhor temos e o que de mais agradável a nossa Igreja nos oferece.

Assim sendo, encaro com naturalidade a transferência de Padre Jorge.

Porém, e tudo na vida tem um porém, fiquei triste na despedida de Padre Jorge e, sinceramente, gostaria que ele ficasse entre nós para sempre.

Por quê?

Ah... e você ainda me pergunta por que?

9/3/2008 11:30:41

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