Por quê? (67) Viagem ou filme?


Cláudio Amaral


A vida é uma viagem, como escrevi na crônica anterior, ou um filme que se repete insistentemente?

Por quê?

Pelo seguinte: assistindo ao Grande Prêmio da Malásia de Fórmula 1, na madrugada deste domingo, 23 de março de 2008, fiquei com a sensação de ter visto, mais de uma vez, o que a Ferrari fez com o piloto Felipe Massa.

Ou eu estaria vendo “comunista no armário” ao imaginar que os mecânicos da escuderia de Maranello boicotaram o brasileiro ao segurá-lo por oito segundos e meio no box?

A quem preferiu dormir ao invés de ver a segunda corrida de Fórmula 1 do ano eu explico: Massa fez o melhor tempo no sábado, largou em primeiro na madrugada deste domingo e manteve a ponta até entrar na área de boxes para reabastecimento e troca de pneus; voltou à pista em segundo, logo atrás do também ferrarista Kimi Raikkonen, que havia largado ao lado do brasileiro.

Como se isto não bastasse, o finlandês foi liberado do box da Ferrari em menos tempo, ou seja, com tempo suficiente para voltar na frente do brasileirinho.

Diante desse quadro, eu tenho ou não razão de imaginar que já vi esse filme em corridas de Fórmula 1 e exatamente com pilotos da Ferrari?

Seja sincero e honesto comigo, meu caro e-leitor, e me diga: você também já viu esse filme, não é mesmo?

Fizeram exatamente isso com meu menino Rubinho Barrichello.

E fizeram por vezes. Várias vezes.

Sempre em benefício dos interesses da Ferrari e para beneficiar o “todo poderoso alemão”, aquele que se aposentou das pistas mas continua a serviço do time do comendador Enzo Anselmo Ferrari (Módena, Itália, 18 de fevereiro de 1898 + Maranello, 14 de agosto de 1988), fundador da Scuderia Ferrari.

Ou seja: na Ferrari não tem essa de “uma equipe com dois pilotos”.

Não tem, nunca teve e jamais haverá.

A Ferrari foi, é e sempre será “uma equipe de um piloto só”, o piloto que a escuderia italiana eleger para ser o “primeiro e único”.

Na Ferrari, o segundo piloto será sempre tratado com “o segundo piloto”.

Teve época em que o segundo era o irlandês Eddie Irvine e depois o italiano Giancarlo Fisichella.

Em seguida, iludiram a nós todos, os brasileiros em geral, e a Rubens Barrichello, em particular, dando-nos a impressão (falsa impressão) de que o “menino do Brasil” poderia ser campeão do mundo.

Assim que Rubinho resolveu deixar de ser o “bobo da corte” e se mandou para a Honda, elegeram um outro brasileiro para brincar de segundo piloto.

Primeiro, ele serviu – sim, o termo é esse – ao alemão.

Agora, quando ele se iludiu com a saída do alemão e teve a falsa idéia de que poderia ser o primeiro piloto da maior e melhor escuderia do mundo, eles, os poderosos da Ferrari, não tiveram a menor dúvida: escolheram o “homem de gelo”.

E assim será em 2008, 2009... para sempre.

E o que nós, no Brasil, podemos fazer para mudar esse cenário?

Nada!

Absolutamente nada!

Por quê?

Ah... e você ainda me pergunta por que?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional e criador do http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com e do http://aosestudantesdejornalismo.blogspot.com.

23/3/2008 14:35:31

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