Por quê? (56) Paulo Bastos
Cláudio Amaral
Paulo de Mendonça Bastos, um dos melhores Amigos que tive, me veio à mente no início da tarde desta terça-feira, 4 de março de 2008.
A lembrança ocorreu quando eu passei pela sede da Hípica Paulista, demarcada pelas ruas Quintana, Guaraiuva, Porto Martins e Kansas, no Itaim-Bibi, zona sul da cidade de São Paulo.
Conheci Paulo Bastos em 1976, quando eu era gerente geral da A. A. Comunicações e ele executivo da Heublein.
Como responsável pela área de promoções, Paulo Bastos contratara a A. A., de Álvaro Assumpção, para fazer a divulgação de produtos e eventos promovidos e ou patrocinados por marcas como a vodca Smirnoff e o uísque Bell´s, entre outras.
Eu e minha equipe de jornalistas nos empenhamos ao máximo e conseguimos excelentes resultados tanto nos lançamentos de novos produtos quanto na divulgação de eventos esportivos.
Os eventos esportivos tinham mais espaços nos jornais e isso agradava tanto Paulo Bastos quanto aos dirigentes da Heublein do Brasil. Entre eles, o exigente e respeitado Armando de Moraes Sarmento, o presidente da empresa.
Exatamente naquela época, Paulo Bastos ganhou mais e mais prestígio dentro da multinacional de origem norte-americana e logo foi promovido a diretor e depois a vice-presidente de marketing.
Na virada dos anos 1970 para 1980, Paulo Bastos concluiu que chegara a hora de iniciar carreira solo e criou a P. B. Comunicações.
Pela afinidade que tinha com a Hípica Paulista, instalou a empresa na Rua Quintana, bem em frente ao portão principal da entidade.
A partir de lá, P. B. organizou inúmeros eventos esportivos e sociais. Com destaque para as provas de hipismo rural na Praia da Enseada, no Guarujá, no litoral paulista.
Estávamos sempre juntos: ele, eu, Leda Cavalcanti (que depois foi brilhar no Show da Manhã da Rádio Jovem Pan), Bino Silva (que casou e foi morar em Araras, no Interior paulista), Daniel Pereira (que em seguida passou pela TV Record e Rádio Bandeirantes sem jamais sair da zona norte), Cora Aprigliano (que anos mais tarde se tornou esposa de Affonso Chaves Júnior, com quem formou uma família linda, hoje residente em Curitiba) e José Luiz da Silva (que foi ser meu sócio na COMUNIC, em agosto de 1978).
Foi uma época maravilhosa, rica em todos os sentidos, gratificante tanto profissional quando pessoalmente.
Pena que dois anos atrás a segunda mulher de Paulo Bastos, Cecília, ligou para o meu telefone e disse para Sueli que P. B. havia falecido.
Lamentável.
Que pena, P. B., você ter ido sem ao menos dizer adeus.
Por quê?
E você ainda me pergunta por que?
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional e criador do http://blogdoclaudioamaral.blogspot.com e do http://aosestudantesdejornalismo.blogspot.com.
4/3/2008 17:46:49
Comentários
Sai da empresa em 1967 e soube depois da falência, pois com a entrada de multinacionais no país produzindo os produtos que a Cia. Fábio Bastos importava, inviabilizou o negócio que era bem próspero.
A lembrança do Paulo fez também com que sentisse saudades da empresa e das pessoas que lá trabalhavam. Muitas delas já devem ter descido do trem. Vêem a mente pessoas que amavam a empresa e se dedicaram a ela durante quase todas as suas vidas. Dentro das condições da época a empresa era um local bom para se trabalhar. Nos anos 60 chegou a distribuir ações da empresa para os funcionários como bônus de final de ano. O principal negócio da empresa era a importação de implementos agrícolas, tratores e demais produtos para a pecuária leiteira. Fabricava também alguns produtos complementares para o setor. Era uma grande importadora de tratores, mas quando a Valmet e a Ford começaram a fabricá-los no Brasil, a Fábio Bastos perdeu um grande filão de mercado. Posteriormente, a Alfa-Laval, empresa sueca do setor de máquinas para a indústria de laticínios também se instalou no Brasil, fato que agravou a crise da empresa. A empresa foi fundada no Rio de Janeiro nos anos 40 do século passado pelos irmãos Garcia Bastos, fazendeiros da região de Campos. A empresa se espalhou pelo Brasil e tinha filiais nas principais capitais, além de escritórios de vendas espalhados por várias cidades de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
A empresa tinha lá os seus encantos e alguns mitos dos fundadores faziam parte do imaginário dos antigos funcionários. Os mais velhos falavam dos tempos da fundação da filial São Paulo, na Rua Florêncio de Abreu sob o comando do Francisco Garcia Bastos (pai do Paulo). Diziam que ele ia, pelo menos duas vezes por semana, de bicleta até o armazém da empresa na Avenida Presidente Wilson, no Ipiranga. Na minha época, já nos anos 60, ele tinha um Aero-Willys com motorista e tudo.
Havia figuras lendárias na empresa, como o Altair Garcia Nogueira, direitor comercial e primo do Francisco. Era um aristocrata arrogante e extremamente sovina. Dá para acreditar que ele mandou reformar um liquidificador na empresa para dar de presente de casamento para a filha? Pois é, naquela época estas coisas ainda aconteciam. O aparelho ficou em exposição por alguns dias, como obra da competência dos operários da firma. Mas o Nogueira era um sujeito culto e sofisticado que viajava para Paris todos os anos para visitar o Louvre.
Outro dia descobri que o Rubens Novaes, com quem trabalhei na empresa e foi meu mentor intelectual, também havia falecido. Era um grande sujeito e muito culto. Com ele aprendi a ler os clássicos da literatura que me emprestava e conferia se eu realmente havia lido. Passaram pelas minhãos mãos, exemplares de Hugo, Flaubert, Zola, Joyce, Dostoievski, Thomas Mann, Fitzgerald, Cervantes entre outros. Com apenas catorze anos, ficava deslumbrado com as discussões durante o horário de almoço. Havia um operário chamado Paulo Ribeiro, que era comunista de carteirinha, mas acabou sendo promovido a encarregado e mudou o seu discurso. Como diria Drummond: "Há uma hora em que os bares se fecham e as virtudes se negam".
Hoje a Cia. Fábio Bastos é apenas um retrato na parede, mas ainda dói.
Renato Ladeia e.mail: rladeia@uol.com.br
Estou neste momento navegando no Google e pesquisei sobre o meu pai e me deparei com um texto lindo que me fez voltar no tempo e lembrar o quanto o meu pai era querido......muito obrigado e hoje mesmo os meus filhos terão um pouco mais de orgulho do avo que não conheceram.
Um grande abraço e um beijo no seu coração.
Fabio Bastos filho do velho e bom PB
fabiobastos@dubmusic.com.br
Tuesday, July 22, 2008 11:30 PM
Sou neto do Francisco Garcia Bastos,sobrinho do Paulo ,eles sao meus exemplos de vida.
Obrigado por lembrar deles.
Leo Godoy Otero F.
Como o Amaral, também procuro resgatar pessoas e passagens da vida para registrar para a posteridade.
Abraços a todos.
Renato Ladeia
rladeia@uol.com.br
prsrladeia@fei.edu.br
Garcia Bastos, era diretor daquela entidade em que foi presidente Dr. Horácio de Melo. Este senhor já de idade avançada era bastante surdo dependendo de um pequeno aparelho rudimentar (alta teconologia para aquele tempo) e mesmo assim não conseguia,às vezes,entender o que os demais, em reunião falavam. E aí vem minha admiração por Francisco Garcia Bastos um cavalheiro de fino trato: Sentado ao lado do bom velhinho, pacientemente ia repetindo o que não era entendido pelo presidente Aqueles tempos de reuniões de diretoria daquela entidade ficaram gravados para sempe em minha memoria. (Eu ficava sentado no centro do espaço das reuniões para movimentar os dois únicos microfones existentes e para entregar bilhetinhos que eram passados de uns para outros diretores, além de providenciar água e café, quando solicitado) arrais-37@hotmail.com
Nunca o esqueçi e nem esquecerei; pois marcou mesmo uma época de minha e sempre faço questão de sempre homenagia-lo citando partes vividas ao seu lado, com pessoas que nem vvieram a conhece-lo mas passam a saber um pouquinho deste grande homem através dos meus contos.
Fico feliz de ver que Fabio Bastos, escreveu, pois convivi com ele tbm, e mais feliz ainda ao saber que já tem até filhos.
Abraço forte do seu colega...
Adriano J. Rocha
Nunca o esqueçi e nem esquecerei; pois marcou mesmo uma época de minha e sempre faço questão de homenagia-lo citando partes vividas ao seu lado, com pessoas que nem vvieram a conhece-lo mas passam a saber um pouquinho deste grande homem através dos meus contos.
Fico feliz de ver que Fabio Bastos, escreveu, pois convivi com ele tbm, e mais feliz ainda ao saber que já tem até filhos.
Abraço forte do seu colega...
Adriano J. Rocha
Tenho até hoje as medalhas na caixa original em comemoração aos 25 Anos da Companhia em imitação de prata e dos 30 Anos em imitação de ouro.
Tenho também o termômetro em mercúrio que d'pintura na parede e a irmã dele, Ivone, também tem um. Tenho comigo as carteiras de trabalho que tem a confirmação que ele trabalhou lá, na época que a CIA. ficava na Avenida Mauá (se é esse o nome da avenida), tem até hoje o prédio lá. Me dizeram que o reformaram. O senhor é de Porto Alegre? Teve algum vínculo com essa CIA. ? Pergunto por causa que eu queria saber como o meu avô era no trabalho, se o senhor o conheceu. Poderia me confirmar as minhas suspeitas? Obrigado deste já.
Que saudades.........
Walkiria Tambellini